Luiza Erundina, Jandira Feghali, Maria do Rosário e outros ocupam mesa da presidência da Câmara em repúdio a Eduardo Cunha (Foto: Ananda Borges/ Câmara dos Deputados)
por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho
Ontem nosso colega de blogosfera, o jornalista Fernando Brito, em um post no Tijolaço, comemorou o fato do PMDB ter escolhido como candidato à presidência da Câmara Marcelo Castro (PI), ex-ministro da Saúde do Governo Dilma, que inclusive votou contra o impeachment naquele espetáculo deplorável do dia 17 de abril.
Os argumentos de Brito fazem todo o sentido. A candidatura de alguém como Castro pode trazer para o PMDB alguns votos da esquerda, que atualmente estão diluídos em três candidaturas: Luiza Erundina (Psol-SP), Maria do Rosário (PT-RS) e Orlando Silva (PCdoB-SP).
Embora com candidaturas próprias, PT e PCdoB ainda podem votar em Marcelo Castro, fato que atrapalharia bastante a dupla de candidatos tidos como favoritos: Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Isto porque Maria do Rosário, por exemplo, se candidatou faltando apenas 3 minutos para encerrar o prazo, mas já considera sair do pleito. Segundo a Agência Estado, ela irá confirmar com a liderança do PT se a candidatura não atrapalha a orientação da bancada de apoiar Marcelo Castro. Com o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) é a mesma coisa. Ele foi o penúltimo a se registrar, mas pode sair do pleito se a bancada do partido entender que é melhor seguir o PT e apoiar Marcelo Castro.
Lamentavelmente, a esquerda brasileira parece não aprender com seus erros.
O editor-executivo do Cafezinho, Miguel do Rosário, não cansa de dizer em suas análises de conjuntura que o PT não pode mais apoiar o PMDB, pelo bem da sua imagem perante a população. Como apoiar justo o partido que deu o golpe de Estado? Uma traição canalha que praticamente entregou o governo para o lado perdedor das últimas quatro eleições, o PSDB?
Por atitudes assim que o PT se encontra hoje com sérios problemas de imagem e precisa ter consciência de que esta perda de confiança no partido — em parte construída e exagerada pela mídia, mas isso é outra história — está por trás das manifestações dos jovens e outros grupos de esquerda, e também explica o golpe.
Continuar nesse pragmatismo de apoiar um candidato do PMDB apenas porque ele parece defender o mandato da presidenta Dilma e tem força para vencer a candidatura da oposição não vai melhorar em nada a reputação do PT.
Como disse o jornalista Paulo Nogueira, em seu post mais recente no Diário do Centro do Mundo: “o pragmatismo deu no que deu”.
Tudo é uma questão de simbologia na escolha do PT para o candidato a quem apoiar na sucessão de Eduardo Cunha.
Ou deveria ser.
(…)
É tempo de causas, de ética, de alguma pureza pelo menos.
É preferível perder com dignidade, e com Erundina, a ganhar com vergonha, e com um homem do partido que promoveu um golpe de estado.
Se optar pelo pragmatismo, o PT vai mostrar que não aprendeu nada na adversidade, e vai merecer cada uma das inevitáveis consequências.
A opinião deste humilde jornalista e do editor-executivo do blog, Miguel do Rosário, é de que PT, PCdoB e Psol deveriam se unir em torno de uma única candidatura. Se Luiza Erundina, Maria do Rosário ou Orlando Silva, não sei. Cabe as respectivas bancadas avaliar quem tem mais chances de angariar votos dos indecisos.
Se for para ser pragmático, que pelo menos o seja dentro da esquerda. Depois os três partidos estão livres para divergir novamente no que quiserem.