Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho
José Mourinho, o auto-intitulado Special One, com toda a marra do mundo e mais alguma que porventura tenha sobrado por aí, foi apresentado nesta terça-feira como novo treinador do Manchester United, o maior campeão inglês, com 20 títulos. Na mesma cidade, o rival Manchester City terá no banco, comandando seu time, o catalão Pep Guardiola, desafeto predileto do treinador português em seus tempos de Real Madrid, quando o outro treinava o Barcelona e os dois protagonizaram embates memoráveis dentro e fora de campo, nas entrevistas, acirrando a rivalidade que começou, pra valer, na semifinal da Liga dos Campeões da Europa de 2010, vencida pela retranca da Internazionale de Milão de Mourinho contra a exuberância do Barça então campeão.
Mourinho venceria aquela Liga dos Campeões na final contra o Bayern de Munique, quebrando uma seca de 45 anos da Inter de Milão sem a taça, a segunda conquistada pelo técnico que começou como pupilo do inglês Bobby Robson no Sporting de Lisboa, tradutor e treinador adjunto que foi com o chefe para o Porto e, depois, para o Barcelona, isso na década de 90, quando por lá jogava Pep Guardiola, volante cria da casa, campeão da primeira Liga dos Campeões do Barcelona, em 1992. Bobby Robson saiu do Barça e Mourinho continuou, como assistente do holandês Louis Van Gaal, esse mesmo que deixou agora o Manchester United para que o português assumisse. Sob o comando de Van Gaal, Mourinho era treinador-adjunto, Guardiola era capitão do time e os dois conquistaram juntos, na temporada 1996/97, a Copa do Rei da Espanha e a antiga Copa dos Vencedores de Copas, na época a segunda em importância da Europa.
A carreira de técnico, mesmo, Mourinho iniciou no Benfica, mas por pouco tempo, graças a uma troca de diretoria que o levou para o modesto União de Leiria, de onde o Futebol Clube do Porto o tirou para lançá-lo à fama mundial com dois títulos portugueses, 2003 e 2004, a Copa nacional de 2003, a Copa Uefa de 2003, contra o Celtic de Glasgow na final, e o maior de todos os títulos, a Liga dos Campeões da Europa de 2004, cuja imagem mais marcante talvez seja a comemoração de Mourinho em pleno estádio de Old Trafford, sua casa agora, no gol que classificou o Porto para as quartas-de-final do torneio, eliminando os anfitriões do Manchester United.
No ano seguinte haveria o ônibus de Mourinho e da Inter, mas depois, em 2011, o Barcelona de Pep Guardiola voltaria a ganhar a Liga dos Campeões, o Mundial, o espanhol etc… E tão unânimes eram os elogios, tão incontestável o domínio que o treinador adorado, amado, resolveu mudar de ares. Foi para o Bayern de Munique, onde ganhou mais campeonatos, copas, mas não a Liga dos Campeões que agora, tendo o José Mourinho logo ali ao lado, voltará a buscar, além, é claro, do campeonato inglês, cujo equilíbrio foi usado até pelo próprio Mourinho pra minimizar o confronto direto com o rival antigo.
Apresentado pelo Manchester City dois dias antes, Guardiola, que nunca foi o mais exaltado entre os dois, também foi político, incluindo o rival português no rol dos grandes treinadores que medirão seus conhecimentos, sua competência ou simplesmente marra na disputa pela Premier League deste ano.
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