O presidente da Telebras, Jorge Bittar, em entrevista ao Portal Clube de Engenharia confirma que até janeiro de 2017, “talvez já em dezembro de 2016, o país deverá celebrar com muita intensidade o lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), primeiro satélite público brasileiro”. Além de ser o mais avançado, construído rigorosamente dentro do cronograma, o SGDC garante comunicação segura às organizações do governo, entre muitas outras conquistas.
Há muito que comemorar: o satélite garante a comunicação entre as organizações e entidades da administração pública federal e a segurança total nas transmissões de informações estratégicas. E o principal: seu controle será realizado no Brasil em estações localizadas em áreas militares, sob a coordenação da Telebras e do Ministério da Defesa.
Bittar dá forte ênfase aos objetivos do SGDC, esclarecendo que entre os principais está o de prestar serviços de banda larga nas regiões menos acessíveis às Forças Armadas, que será parceira na sua operação. “O governo é o principal cliente, com prioridade para as áreas de grande alcance social, como educação e saúde, em regiões remotas aonde as fibras óticas não chegam”, afirma.
Dentre as muitas razões que merecem ser comemoradas Bittar cita, ainda, a importância da Internet como vetor de desenvolvimento, com grande alcance social e econômico; o conhecimento técnico que o SGDC traz no sentido de acelerar o programa espacial brasileiro; e os campos estratégicos que vêm sendo abertos para que as empresas brasileiras possam desenvolver tecnologia nacional.
Estágio final de testes
Foi dado o último passo antes do embarque para o local de lançamento, sob a responsabilidade da Arianespace, no Centro Espacial de Kourou, Guiana Francesa. O lançamento ocorrerá assim que forem encerrados os testes que atualmente estão sendo realizados na França pela empresa Thales Alenia Space, com acompanhamento da Telebras.
Com recursos do governo federal, a um custo global de 2,5 bilhões de reais, incluindo o lançamento, todo o desenvolvimento foi acompanhado pela Telebras, Forças Armadas, Agência Espacial Brasileira e pela Visiona. Empresa da Telebras em parceria com a Embraer, a Visiona foi criada para ser integradora de satélites brasileira e para participar do processo de transferência de tecnologia associado ao contrato com a Thales Alenia Space.
“Por ser o primeiro tem um custo mais elevado. Nem lançamos o primeiro e já estamos realizando, por exemplo, estudos de espaços orbitais e do estado da arte de novas tecnologias junto aos principais fornecedores para os próximos, que terão custos, com certeza, menores. Trabalhamos com a perspectiva de uma constelação de satélites”, informa o presidente da Telebras.
Bandas Ka e X
Por meio da banda Ka, o SGDC terá capacidade para tramitar, simultameamente, 54 gigabits por segundo, sendo considerado pelo Governo Federal como prioritário para expandir o acesso à banda larga. Ao mesmo tempo, por meio da banda X, o satélite será utilizado para transmissões militares.
Com o lançamento poderão ser atendidos mais de dois mil municípios, com a oferta de serviços de acesso à internet em banda larga, em especial na região Norte do País. O SGDC também permitirá a interligação de diversos projetos estratégicos no campo da defesa, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz) e o Sistema de Defesa Aérea (Sisdabra).
Quando for ao espaço, O SGDC ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo o território brasileiro e o oceano Atlântico. De lá, o satélite vai se comunicar com uma antena de 18 metros de altura, 13 metros de diâmetro e 42 toneladas, localizada em Brasília (DF) e uma segunda antena ficará no Rio de Janeiro (backup). Já instalados e em testes e treinamento das equipes de operação, o centro de controle de Brasília fica em área da Aeronáutica, próxima ao aeroporto e o do Rio, em área da Marinha, na Ilha do Governador.
Cinco HUB’s de telecom, chamados “gateways”, estarão em Brasília, Rio, Florianópolis, Campo Grande(MS) e Salvador. O projeto é fruto da parceria entre os ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A expectativa, após um período de ajustes, é que permaneça ativo por um período de quinze anos.