Percurso, percalços e protestos

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Em São Luís do Maranhão, em Muriaé (MG), em Fortaleza e em Teresina, teve. Em Juiz de Fora (MG), Campina Grande, Natal e Caruaru, também. O último, pelo menos por enquanto, foi registrado em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Até chegar ao Rio de Janeiro, no próximo dia 4, na véspera da abertura dos primeiros Jogos Olímpicos já disputados na América do Sul, a tocha olímpica percorre o Brasil sob os gritos de Fora Temer, uma das razões, entre tantas outras, para que o presidente interino já tenha começado a tratar como inevitável a possível vaia a ele reservada na abertura da Olimpíada do Rio, no Maracanã.

Desde que assumiu o governo interinamente, em consequência do golpe midiático, jurídico e policial que vem sendo perpetrado no País, Michel Temer deu as caras no Rio uma vez para visitar instalações olímpicas convenientemente vazias, o que não evitou os protestos do lado de fora. Acompanhado de seus ministros da Justiça e dos Esportes, do governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dorneles, e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, entre outros aliados de ocasião, Temer conheceu o Parque Olímpico da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, e concedeu uma entrevista relâmpago, onde, como de costume, foi vago, rápido e pouco convincente. Foi o primeiro compromisso de Temer fora de Brasília, de onde, sitiado pela própria ilegitimidade, não tem saído muito.

O desespero, a sanha por tomar logo o poder entre as hostes golpistas causou, agora, essa situação jamais vista antes na história das Olimpíadas, muito provavelmente nem nos jogos da Grécia Antiga. Uma presidente eleita pelo voto popular afastada, um presidente interino extremamente impopular em seu lugar, ilegítimo, golpista, e a consumação do golpe marcada para ocorrer não às vésperas, nem logo depois, mas durante os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, o que levou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a pedir a Temer por um adiamento da votação no Senado, mesmo sabendo que isso não depende dele, mas do Congresso.

O momento de exceção vivido pelo Brasil gerou dúvidas dentro do próprio COI, sobre convidar ou não a presidenta afastada Dilma Rousseff, até que o Comitê decidiu convidar todos os ex-presidentes da República, incluindo também José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva no bolo de convidados. Enquanto isso, a tocha que chegou ao País no dia 3 de maio, em Brasília, já sob protestos, continua percorrendo o País e arregimentando manifestantes contra o governo interino, golpista, em Salvador, em Presidente Prudente (SP), em Recife, em Guarabira (PB), em Feira de Santana (BA), em São João Del Rey (MG)

luis.edmundo@terra.com.br

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.
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