As voltas que o mundo dá

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Análise Diária de Conjuntura – 22/06/2016

Eis que o misterioso jatinho no qual voava a ex-candidata à presidência da república, Marina Silva, pertencia ao empresário João Carlos Lyra de Melo e a Eduardo Campos, também ex-candidato, morto em acidente com o mesmo jatinho pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2014.[/s2If]

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Marina Silva já foi acusada por um delator de ter participado de esquemas de caixa 2 nas eleições do mesmo ano.

As acusações de corrupção agora sujam o inteiro espectro político. Não sobra ninguém.

Aconteceu o que se esperava: as conspirações estão implodindo. Mas isso não tem mais tanta importância para os golpistas, porque o golpe já foi dado.

No entanto, teremos agora alguns anos de instabilidade política até que o regime reencontre um equilíbrio entre os poderes.

A solução, porém, tem de vir da democracia, porque é a única maneira de conferir legitimidade a qualquer avanço no combate à corrupção.

O que se viu até o momento foi um desastre: o golpe elevou, em muito, o risco de corrupção, pela simples razão de que foi conduzido por corruptos e promoveu corruptos a cargos importantes.

Aliás, as razões para os terremotos atuais – em especial a batalha entre a Procuradoria Geral da União e o Executivo – residem justamente no sentimento de humilhação do Ministério Público diante dos fatos: dois anos de Lava Jato e o governo que emerge do golpe nomeia sete ministros indiciados… pela Lava Jato.

O novo governo, porém, ainda não se consolidou. Após a votação no Senado que determinará ou não o afastamento definitivo da presidenta, é bem possível que essa guerra de gigantes se acentue: os corruptos do Executivo contra os autoritários da PGR.

Um leitor me pede, contudo, para sair da análise das desgraças já ocorridas e iniciar um debate sobre as perspectivas de saída da crise.

Como sair do buraco em que nos metemos?

Discutiremos saídas para a crise nas próximas análises. O leitor tem razão. O que podemos adiantar hoje é que a saída passa, necessariamente, pela política, no sentido mais nobre do termo.

A saída, portanto, está nas eleições municipais deste ano e de 2018. É preciso que a gente desenvolva técnicas criativas de combate político e eleitoral.

Mais do que nenhuma outra eleição da nossa história, a deste ano precisará ser qualificada politicamente.

Os candidatos da esquerda não precisam necessariamente estarem unidos, em chapas iguais. As eleições legislativas, proporcionais, permitirão o lançamento de várias candidaturas interessantes.

O mais importante é que esses candidatos se qualifiquem para o debate, e que ofereçam um debate qualificado.

A qualidade me parece, este ano, mais importante do que a quantidade. Até porque, se for qualificada, ela poderá se tornar quantidade em 2018.

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Voltando à análise da conjuntura, temos vivido uma situação interessante. A postura truculenta de Michel Temer, suas orientações fanaticamente ideológicas, adotando políticas econômicas criticadas hoje até mesmo pelo FMI, sua comunicação provinciana (ele consegue ser pior que Dilma), a sua imagem, enfim, horrível, de ditador corrupto de república de banana, está desmoralizando rapidamente a direita brasileira.

Na imprensa internacional, cresce o horror contra Michel Temer e tudo que ele representa de atraso em termos políticos e sociais.

Durante as Olimpíadas, os erros e vícios do governo interino, as falcatruas das artimanhas golpistas, tudo será posto numa lupa pela imprensa mundial, enquanto Dilma Rousseff será vista, cada vez mais, como uma vítima de um golpe dado por bandidos contra uma mulher honesta, elegante e esforçada. [/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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