Brecha para os russos

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

No dia em que Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica e recordista mundial do salto com vara, conseguiu finalmente o índice para participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ao saltar 4,50m numa competição nacional, o Comitê Olímpico Internacional (COI) referendou a suspensão do atletismo russo da Rio 2016, por questões envolvendo doping de atletas, mas abriu uma brecha para que russos que provem estarem limpos, sem uso de substâncias proibidas, possam competir na Olimpíada com as cores de seu país, e não sob a bandeira olímpica, opção cogitada anteriormente, quando do anúncio da suspensão feito na sexta-feira pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf). Por outro lado, a Agência Mundial Anti-Doping (Wada, na sigla em inglês) ainda não descartou a possibilidade de banir a Rússia de todas as competições dos Jogos Olímpicos, caso sejam comprovadas as acusações de patrocínio estatal russo ao doping nos Jogos de Inverno de Sochi, disputados no país em 2014.

A decisão de hoje do COI, apesar de manter a suspensão do atletismo da Rússia, cede à pressão feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, que fez o Kremlin deixar escapar ao mundo a intenção de tomar uma decisão “sem precedentes” caso seus atletas considerados limpos fossem proibidos de competir sob a bandeira de seu país, o que gerou temores de um boicote amplo geral e irrestrito da Rússia à Olimpíada no Rio. Antes do anúncio da brecha aos atletas russos, Isinbayeva conseguiu seu índice  e garantiu que jamais disputaria os Jogos do Rio sob a bandeira olímpica.

O Comitê Olímpico Internacional recomenda que os atletas que se julguem inocentes passem por testes em laboratórios internacionais. Nesse caso, a recomendação vale para todas as modalidades, e não apenas para o atletismo, segundo o presidente do COI, Thomas Bach.

“As alegações contra a Rússia colocam sérias duvidas sobre a presunção de inocência de seus atletas. Portanto, cada atleta desse país terá de fazer exames independentes, fora dos locais em que seus laboratórios tenham sido afetados”.

Thomas Bach justificou a medida com a necessidade de “fortalecer o combate” contra o doping. Além da Rússia, o Quênia também precisará confirmar a elegibilidade dos seus atletas através das federações internacionais de seus esportes. Com isso, os competidores quenianos também terão de passar por exames em laboratórios internacionais, sob o risco de não poderem disputar a Olimpíada do Rio de Janeiro.

O presidente da Wada, Craig Reedie, entrou na confusão hoje ao afirmar que se ficar comprovado que outras modalidades foram afetadas pelo suposto esquema russo de doping, outras federações internacionais devem tomar a mesma decisão que a Iaaf. Já o diretor-geral da Wada, Olivier Niggli, disse que embora não tenha o poder de banir por completo um país ou um esporte de uma Olimpíada, pode fazer uma recomendação nesse sentido.

 

 

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.
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