Hispan TV, canal produzido em Madrid, Espanha, apresentou há alguns dias uma edição do programa Continentes, que aborda os “golpes de Estado institucionais” que vem ocorrendo na América Latina.
O apresentador, Alejandro Kirck, chileno de Santiago, conversou com Lucia Darmet, socióloga da Universidade de Chile, e com Francisca Quiroga, analista internacional e diretora do site El Desconcierto.
O Cafezinho destaca um trecho que traz a intervenção dura, emocionada, de Quiroga, sobre a situação política no Brasil, denunciando o golpe de Estado, que ela opina que sequer pode ser chamado de “brando”, mas sim é um golpe brutal contra a democracia. E como tal deve ser condenado, diz ela.
(Eu já sugeri a Brigada Herzog que fizesse a legenda desse vídeo. Assim que ficar pronta, eu divulgo aqui nesse mesmo post, substituindo pelo vídeo acima).
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E abaixo o programa completo:
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Uma informação interessante. O Hispan TV é um canal financiado pelo Irã, filmado inteiramente em espanhol, em estúdios situados em Madrid, e que tem se caracterizado por programas de caráter progressista.
A principal liderança do Podemos, Pablo Iglesias, é apresentador de um programa no canal, o Fort Apache. A direita espanhola tenta usar as críticas ao Irã para restringir o programa, mas o mesmo tem sido fortemente defendido pela esquerda espanhola.
É impressionante como nós, brasileiros, estamos oprimidos midiaticamente. Para saber a opinião de influentes intelectuais latino-americanos sobre o golpe no Brasil temos que assistir a um canal patrocinado pelo Irã, exibido em canal espanhol e apresentado por chileno.
Quando a Globo ou qualquer canal aberto no Brasil dará espaço, num programa de entrevistas, para que cientistas sociais ou políticos e analistas internacionais, de orientação progressista, falem sobre a nossa conjuntura nacional?
Nunca.
E a esta altura são os próprios intelectuais progressistas que não querem mais participar de nada na Globo, porque já entenderam que ela é, mais uma vez, o núcleo de uma conspiração golpista que vitimou, pela segunda vez no espaço de uma geração, a nossa democracia.
Até a Fox – ridicularizada nos EUA por causa de seu radicalismo à direita – oferece mais contrapontos do que a mídia brasileira. Típico da Fox, por exemplo, seria mostrar um debate entre Olavo de Carvalho e Emir Sader. A Globo, não. A Globo – e outros canais, que eu considero apêndices da Globo – traz apenas a direita. Não há debate. Em se tratando do golpe, então, a ditadura é absoluta.