Foto: Roque de Sá/Agência Senado
A comparação entre as informações prestadas pela Camargo Corrêa aos procuradores da Lava Jato e a delação premiada de Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro, sugere que a empreiteira omitiu dois pagamentos de suborno. Machado narra em sua delação que deu R$ 400 mil em propina a José Sarney Filho, em 2010, quando ele era candidato a deputado federal pelo PV (Partido Verde) do Maranhão.
O recurso teve origem em subornos pagos por Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e foi entregue à campanha como contribuição oficial, ainda de acordo com Machado. O ex-presidente da Transpetro afirmou em depoimento a procuradores que a maioria das doações legais para partidos são, de fato, suborno. Sarney Filho é ministro do Meio Ambiente do presidente interino Michel Temer e nega ter recebido recursos ilegais do ex-aliado de seu pai.
O próprio Machado diz ter recebido R$ 350 mil em dinheiro de Luiz Nascimento, um dos sócios da Camargo Corrêa, que é casado com uma das filhas de Sebastião Camargo (1909-1994). O valor, ainda de acordo com Machado, foi entregue na casa do empreiteiro em 1998 para a campanha do PSDB porque “a Camargo Corrêa sempre foi um grande doador das campanhas tucanas”. A doação equivale hoje a R$ 1,5 milhão.
A omissão de crimes em delação é considerada uma falha grave que pode ser punida com aumento de multa ou pena ou até mesmo com a anulação do acordo. Pelo acordo que firmou com o governo, a empresa tem até o próximo mês para complementar ou corrigir as informações prestadas. Os procuradores da Lava Jato ainda não decidiram o que fazer com as omissões da Camargo Corrêa. Uma das possibilidades é que Luiz Nascimento tenha que aderir ao acordo de delação e narrar por quê, na versão de Machado, pagou suborno ao PSDB. Antes de ingressar no PMDB, ele foi tucano. O PSDB nega ter recebido qualquer recurso ilegal de Machado.
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