Por Diana de Almeida
Eu precisei de uns dias pra entender como eu tô me sentindo, e vou escrever aqui como um desabafo. Sou uma mulher trans no começo da transição, estou experimentando meus primeiros contatos com o mundo assumindo essa identidade.
Depois de inúmeras noites de “drag”, uma noite desastrosa que eu estava o retrato da estranheza e sofri algumas agressões verbais… Quinta, pela primeira vez, eu saí mesmo como as pessoas denominam menina. Eu joguei o cabelo por cima do sidecut, fiz uma chapinha pra dar uma alongada no cabelo e uma make levinha de garota.
É engraçado por que eu sempre tenho a impressão de que essas coisas vão ser mágicas, transformadoras, incríveis. Mas dessa vez não foi, dessa vez foi… Reconfortante. É uma sensação nova pra mim andar pela rua e não ter olhares estranhos na minha direção, por que eu sempre fui reBElDe EstYLoSah então eu sempre chamei atenção na rua mesmo. Eu tenho vivido um momento de forte tensão psicológica, sabe? Um pavor de sair de casa. Eu sonho direto com coisas que podem me machucar e é uma sensação interessante essa de desaparecer no meio das pessoas. E esse é meu maior medo, ser agredida na rua por ser trans, violentada, assassinada, queimada viva essas coisinhas cotidianas. Um dia desses eu até chorei, do nada, durante muitas horas, pensando nisso. Tenho evitado de sair e fazer qualquer coisa fora do perímetro da faculdade por causa disso.
Além disso foi muito legal ver a cara de espanto de cada pessoa que eu encontrava, quando elas me reconheciam, até por que nem tinha tanta coisa diferente assim.
Bom, tô me sentindo de verdade fortalecida depois dessa experiência, e com muita energia pra continuar a transição.
Cada coisa que acontece comigo, com a minha transição só deixa nítido pra mim o que ser, de verdade, como eu gostaria de ser me traz: Paz. Muita paz. Obrigada pra todo mundo que me chamou de linda nesse dia e que me ajuda a continuar me dando força