Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho
Elas antes haviam sido disputadas num mesmo ano apenas uma vez, em 2004, quando o Brasil venceu a Copa América em final das mais emocionantes contra a Argentina, e o técnico Luiz Felipe Scolari levou a anfitriã Portugal à decisão da Eurocopa deixando um país inteiro, Lisboa principalmente, num tamanho estado de euforia que mesmo dois meses após a inesperada derrota para a Grécia, maior zebra entre os campeões do torneio, ainda se viam bandeiras portuguesas, verdes e vermelhas nas janelas dos prédios, muitas delas. Naquele ano, a fase final do Campeonato Europeu de Seleções foi jogada de 12 de junho a 4 de julho em Portugal. Dois dias depois começou a Copa América no Peru.
Este ano, com o gol nos minutos finais do camisa 8 Payet, da vitória da França sobre a Romênia por 2 a 1, inaugurando a Uefa Euro 2016 em casa, pela primeira vez a Copa América e a Eurocopa estão sendo jogadas ao mesmo tempo, o que pode não querer dizer lá muita coisa, mas deixa aflorar os contrastes e também – por que não? – as semelhanças destas duas copas primas, uma centenária, com tradição de sobra, a outra tratada a milímetros de uma Copa do Mundo pelos competidores que a querem, a cobiçam e sonham com ela muito mais do que nós brasileiros, por exemplo, desejamos a Copa América. E como o blog acabou de tratar do campeonato sul-americano de seleções, vamos nos concentrar no campeonato que acabou de começar, cuja história foi iniciada em 1960, com um certo Lev Yashin no gol da primeira seleção campeã.
O Aranha Negra, considerado dos maiores goleiros da história, estava também na decisão seguinte, mas dessa vez a União Soviética foi derrotada pelos anfitriões espanhóis, e pelo mesmo placar da vitória sobre a Iugoslávia na final anterior: 2 a 1. Em 1968 foi a vez da Itália, e em 1972 a Alemanha conquistou o primeiro de seus três títulos, que poderiam ser quatro se o tchecoeslovaco Panenka não tivesse abusado da categoria na decisão por pênaltis de 1976. Em 1980 deu Alemanha de novo, e em 1984 a França voltou a sediar o torneio, após a primeira edição, e enfim ganhou a Eurocopa.
Gullit, Van Basten, Rijkaard e o zagueiro Koeman foram a espinha dorsal da versão mais moderna da Laranja Mecânica, capitaneada novamente pelo lendário treinador Rinus Michels para vingar a derrota do carrossel holandês de Cruyff em 1974 e, no mesmo solo europeu, 14 anos depois, vencer os alemães na semifinal e na final os ainda soviéticos, um ano antes da queda do Muro de Berlim. Herdeiros da vaga da Iugoslávia, que viu a guerra desintegrar seu território quando era uma das favoritas, os dinamarqueses surpreenderam e levaram a Euro de 92.
Quatro anos mais tarde a Alemanha reencontrou metade de seu adversário de 76, só a República Tcheca, e levou o tri. A França foi bi em 2000, e a zebra grega antecedeu o domínio espanhol que após duas Eurocopas, de 2008 e 2012, continua a perdurar, pelo menos até ser encerrada a edição deste ano da mais rica, mais disputada e desejada entre as copas continentais de seleções.
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