O previsível ataque à Dilma

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(Cartum publicado originalmente na página Cartunistas contra o golpe).

Análise Diária de Conjuntura – 04/06/2016

Diante do crescimento das manifestações contra o golpe e em favor do retorno de Dilma Rousseff à presidência, além das denúncias constantes na imprensa internacional, era previsível que o próximo passo do golpe seria centrar fogo em Dilma. [/s2If]

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Afinal, este é o principal ponto fraco do golpe: enquanto o grupo que assaltou o poder tem problemas graves de imagem, incluindo aí o usurpador Michel Temer, a presidenta mantém a imagem de pessoa íntegra e incorruptível.

Alguns senadores, até então favas contadas em favor do golpe, começaram a dar mostras de que poderiam mudar de lado e voltar contra o impeachment, como Romário e Cristovam Buarque.

Foi o bastante para a grande mídia, núcleo central da inteligência do golpe, se desesperar: daí o manchetão da Globo na capa, inspirado no “furo” de Merval Pereira, sobre o pagamento do cabeleireiro da Dilma com dinheiro da Petrobrás…

Mas não podia faltar, claro, as articulações da Lava Jato, operação que está no centro do golpe. Conforme já escrevi, os políticos que conspiraram para derrubar Dilma agiram como ratos assustados de laboratório, que a Procuradoria Geral da República e a mídia prenderam numa caixa e foram manipulando com chantagens e delações.

A “delação” de Marcelo Odebrecht é mais do mesmo. Chantageado emocionalmente até o limite, Marcelo parece ter cedido ao mesmo jogo sujo ao qual já se renderam outros empreiteiros. Na falta de provas contra Dilma, e contra a campanha dela em 2014, a Lava Jato resolveu criminalizar o caixa 1. O caixa 1 só do PT, claro.

O jogo então é simples: os empresários que doaram à campanha de Dilma serão “convencidos” a dizerem que as doações foram propina. Só as doações para o PT, evidentemente.

Ao cabo, o que importa é como as informações serão veiculadas na mídia. As gravações vazadas de Sergio Machado, assim como as que Sergio Moro vazou de Lula, provam que a Lava Jato conseguiu, de uma forma ou de outra, grampear a comunidade política e o STF.

O tratamento que a mídia, e os próprios vazamentos da PGR, deram, por exemplo, a Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, ministro do Superior Tribunal de Justiça, único a ser crítico aos arbítrios da Lava Jato, deixam bem claro que qualquer crítica à operação será criminalizada.

A tentativa de um delegado federal de criar uma investigação, dentro da Lava Jato, para a Lei Rouanet, mostra que a operação enlouqueceu de vez. Qualquer coisa pode ser investigada, desde que isso tenha utilidade política para intimidar críticos ao golpe, como setores da classe artística. Entretanto, como rapidamente ficou patente que os 100 maiores captadores da Rouanet são tucanos ou pró-tucanos, o juiz Sergio Moro desautorizou a iniciativa, embora tenha deixado no ar que a investigação poderá sim ocorrer, mas em processo paralelo.

Para mim, é muito provável que a iniciativa do delegado seja uma pirraça do delegado contra artistas como Gregório Duvivier, que produziu um vídeo zombando dos processos de “delação premiada” da Lava Jato, em que apenas delações contra Lula, PT e Dilma são levadas adiante.

Isso é um fato, porém.

Mesmo nas delações importantes, como a de Sergio Machado, há uma orientação nítida no processo para atingir apenas um lado do campo político. A seletividade é quádrupla: acontece no interrogatório, na transcrição do depoimento, nos vazamentos à imprensa, e na cobertura da imprensa.

Os setores organizados da esquerda identificam os arbítrios combinados de Lava jato e mídia, mas talvez não percebam que a mídia não se importa mais com os protestos do campo progressista: ela age provavelmente com base em pesquisas qualitativas, com objetivo de provocar estragos na imagem pública de Dilma Rousseff principalmente junto às classes menos instruídos, além da classe média raivosa de sempre.

As respostas de Dilma, ainda mais agora que ela não tem mais a estrutura do Planalto, atingem um percentual mínimo da população.

Os erros de comunicação, por sua vez, os mesmos que debilitaram o governo e causaram indiretamente o golpe, persistem: nem Dilma nem o PT estão construindo estratégias para denunciar o golpe no mundo. Um amigo fez uma piada: o Estado Islâmico tem visão estratégia internacional muito superior ao PT, porque possui sites em vários idiomas. O PT, não. Não se sabe ao certo que tipo de público o PT espera atingir com seu site, na medida em que nem o petista entra no site do PT.

O PT deveria, há tempos, ter montado programas ao vivo de TV, com Lula, Dilma, personalidades, com legendas em vários idiomas. Um programa sem carregar muito no símbolo do PT, um programa aberto a outros partidos e outros países, e que se sentisse livre para veicular críticas ao partido e ao próprio governo.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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