Comentário do blog: O Cafezinho, para registro histórico, reproduz os textos publicados hoje no blog do Planalto pelo governo interino.
É um pouco assustador pensar que o bando que tomou de assalto o governo agora tem, além da grande mídia que o pôs lá, a estrutura pública do Executivo.
Por outro lado, é mais uma lição para a esquerda: quantas centenas, quiçá milhares de vezes este blog não alertou, quase desesperadamente, para a necessidade de incrementar a interação política do governo com a população?
Mais tarde, teremos oportunidade para fazer as críticas necessárias para entender como chegamos até aqui. O blog não é adepto de nenhuma teoria do silêncio: na política do século XXI, as coisas devem ser feitas às claras, inclusive as críticas, que são essenciais não apenas para compreendermos o passado, mas sobretudo para estabelecer, desde já, novas diretrizes para o futuro.
E para isso não adianta fazer críticas apenas aos capas pretas de partidos e sindicatos: todos precisam participar das críticas, para que elas sejam filtradas e debatidas democraticamente com a população.
Adiante-se que a entrevista de Michel Temer está prenhe de mentiras, porque se a estrutura do Estado foi violentamente desmantelada, é claro que haverá impacto profundo sobre a educação e a saúde.
As entrevistas de Temer visam iludir a opinião pública e ganhar mais tempo para que o golpe não sofra mais arranhões no Senado.
Nem o governo de oposição mais radical faria algo parecido ao que fez Michel Temer, eliminando bruscamente ministérios, secretarias, departamentos inteiros, promovendo demissões em massa. É claro que uma atitude assim resultará numa enorme instabilidade na relação do Estado com a população.
As políticas sociais do governo não são impostas, como faz Temer, e sim fruto de um longo diálogo com as forças sociais. O jeito melífluo com que, nas entrevistas, Temer esconde isso, faz jus à fama de membro de seita satânica.
Não é surpresa nenhuma também que nenhum repórter faz as perguntas mais difíceis ao novo presidente. O pacto em prol do golpe é absolutamente hegemônico na grande imprensa.
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Temer reafirma manutenção de recursos para Saúde e Educação em entrevista ao SBT
Em entrevista concedida ao canal de televisão SBT na noite de quinta-feira (2), o presidente interino Michel Temer reafirmou que, na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que o governo está enviando ao Congresso Nacional para limitar os gastos públicos, as despesas com Saúde e educação continuarão nos atuais patamares.
“Acho importante porque Saúde e Educação são pontos fundamentais, são 31% das despesas. Você tem 69% que pode ser modificado, pode ser restringido. Mas Saúde e Educação são importantes para o País. E, com isso, também eu tiro um discurso que equivocadamente se fez de que, na verdade, a minha intenção era reduzir o tratamento da Saúde e da Educação”, declarou.
A PEC faz parte de um pacote de medidas do novo governo para retomar o crescimento econômico do País, que conta ainda com uma reforma da Previdência, incentivos a investimentos e melhoria na governança de fundos de pensão das estatais, entre outras. O esforço, diz Temer, é para, no final do seu governo, entregar um País equilibrado na política e na economia.
“Um País nos trilhos, em que as pessoas possam dizer ‘agora vai’. Eu quero significar que uma coisa que nós temos de fazer neste momento é ter esperança, fazer renascer a confiança”.
O presidente falou sobre outras medidas que o governo vai tomar para movimentar a economia. Citou a necessidade de se criar incentivo para os investimentos privados, atuando assim para a redução do desemprego. E exemplificou com a contribuição que o programa Minha Casa Minha Vida pode trazer. “Reabrir realmente a construção civil pode dar muitos empregos e isso movimenta a economia. São medidas pontuais, mas que têm uma boa repercussão e uma boa compreensão popular”.
Previdência
Para Temer, uma reforma na Previdência é fundamental para dar segurança aos trabalhadores e saúde financeira ao governo. “Eu concordo com a seguinte ideia: ou você reformula a Previdência no País ou, daqui a alguns anos, mesmo os pensionistas, aqueles que recebem da Previdência Social, terão dificuldades. Isso é em benefício do próprio cidadão que, no futuro, vai se aposentar”, explicou.
O presidente defende que seja estabelecida uma idade mínima, em equilíbrio com o tempo de contribuição, e que haja faixa de transição. “Nós não queremos prejudicar aqueles que já estão no mercado de trabalho. Eu vejo que o ministro [da Fazenda, Henrique] Meirelles fala muitas vezes em regras de transição. Se for necessário, nós estipularemos regras de transição”.
Reajuste aos servidores
Respondendo sobre a aprovação, na madrugada da quinta-feira (2) na Câmara, de um conjunto de projetos que tratam do reajuste aos servidores nos três poderes, Temer destacou que a medida, de um lado, pacifica a relação do governo com as várias categorias de servidores durante os próximos anos. “É um aumento desejado há muito tempo”, lembrou.
E por outro lado contribui para o ajuste fiscal, necessário para a retomada do crescimento econômico, visto que os percentuais de correção estão adequados à nova regra de limitação dos gastos públicos proposta pelo governo. “É um aumento discreto, que quase não cobre a inflação. Está previsto no Orçamento, não há imprevisão orçamentária. E não vai causar nenhum distúrbio nem neste ano, nem nos próximos anos”.