Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho
A chuva não tem dado trégua à edição deste ano do tradicional torneio de Roland Garros, um dos quatro maiores campeonatos do tênis mundial, que forma o Grand Slam, suprema glória do esporte, ao lado do inglês Wimbledon e dos abertos da Autrália e dos Estados Unidos. Depois de 16 anos sem que o torneio precisasse ser interrompido por um dia inteiro, Roland Garros teve todos os jogos de ontem cancelados pelo mau tempo que, pelo menos, proporcionou novas brincadeiras do sempre bem humorado Novak Djokovic, o sérvio que é o atual melhor do mundo. E por falar nisso, em melhores do mundo, o blog aproveita que Roland Garros se arrasta para homenagear uma brasileira e um brasileiro, só eles, que chegaram lá no topo do tênis mundial: Maria Esther Bueno , tricampeã de Wimbledon, tetra do Aberto da Austrália, sem contar nas duplas, e Gustavo Kuerten, o Guga, tricampeão na sua quadra preferida, amada.
Maria Esther Bueno venceu, ao longo da carreira, 19 torneios de Grand Slam, mas em Roland Garros só ganhou uma vez, nas duplas, ao lado da americana Darlene Hard, em 1960, quando se tornou a primeira mulher a vencer os quatro maiores torneios do planeta nas duplas, também com Darlene em Wimbledon e nos EUA, e junto com a britânica Christine Truman James, na Austrália. Entre as mulheres, foi um fenômeno não só brasileiro, mas de todo um continente.
De Gustavo Kuerten não se pode dizer que foi um fenômeno sul-americano, já que nossos hermanos argentinos têm lá sua tradição no tênis masculino, a ponto de ocupar os dois lados da quadra numa final de Roland Garros, e de terem também seu grande campeão do US Open neste século. Guga foi o ponto fora da curva de um país que jamais tinha chegado a um nível tão alto entre os homens no esporte, e que continua nem perto de chegar lá, até hoje, desde a despedida dolorosa de seu primeiro e único grande nome das quadras, entre os homens, que mesmo em fim de carreira ainda viveu grandes vitórias.
Guga surgiu do nada em 1997. Apareceu nas quadras de Roland Garros de bandana, cabelos desalinhados, longos, e roupa um tanto chamativa, em azul e amarelo. Nem ele nem ninguém mais esperava o que aconteceu naquela campanha mágica que culminaria com o título, o primeiro Grand Slam do tênis masculino brasileiro. Depois veio o segundo, em 2000, no mesmo ano em que ele atingiu o topo do mundo vencendo adversários do nível de Pete Sampras.
Em 2001 veio o terceiro Roland Garros, o terceiro Grand Slam de um brasileiro, todos dele, só dele, e no que se refere às mulheres todos de Maria Esther Bueno, só dela, somente os dois até hoje. E o Guga, se tem menos títulos que a Maria Esther, bem menos, pelo menos tem a honra de ser o único brasileiro a merecer uma das imitações de Djokovic.
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