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Por Tadeu Porto, colunista do Blog O Cafezinho*
Sábado e domingo foram, respectivamente, dois tapas na cara – daqueles de cena de novela – da nação brasileira que acredita em qualquer possibilidade de melhorar a política praticada no país.
Primeiro um tapa com a palma da mão aberta na bochecha verde com o encontro as escondidas do presidente usurpador Michel Temer com o ministro do STF “habeas corpus para estuprador” Gilmar Mendes, logo depois da revelação de Jucá, homem forte do PMDB, que existiria um pacto, com o supremo e tudo, para colocar Michel no poder e parar a sangria da lava-jato.
Mas não ficou só por aí: um dia depois apareceu um “contratapa”, com o dorso da mesma mão, trêmula, já na extremidade amarela, com a divulgação de um áudio que coloca o ministro da transparência de Temer (aquela aberração criada para acabar com a ótima experiência da Controladoria Geral da União) negociando uma saída para Renan Calheiros nas investigações.
Não sei não, mas parece que as duas faces, verde e amarela, parecem ter ficado vermelhas, não se sabe pela vergonha de ter acreditado que não existia um golpe ou se pela ira da traição por ter pensado que a corrupção ia ser mesmo combatida.
Na altura do nível de desnudamento que a conjuntura política brasileira apresenta, com frases “displicentes e casuais” de caciques do maior partido de centro do país – que está sempre no poder – não duvidar de uma reunião secreta (sem agenda e nem pauta oficial) entre o presidente do TSE e da turma que vai julgar a lava-jato com o presidente interino é de uma ingenuidade que não cabe na luta por um país mais justo
Não obstante, é estarrecedor que a pessoa escalada para ser um ministro da transparência, fiscalização e controle (vai fiscalizar quem assim meu Deus do céu??), no caso do ex-CNJ Fabiano Silveira, apareça em conchavos com o presidente do Senado, órgão que foi responsável por, justamente, apontar o membro para o Conselho Nacional de Justiça, com a indicação de Renan Calheiros.
E assim não só as entranhas do golpe vão aparecendo, mas sim a sujeira de toda a política brasileira, com um presidencialismo de coalização que foi estruturado na base da chantagem e dos favores (e que a Dilma teve enorme dificuldades de praticar e, não por coincidência, é conhecida por não ter habilidade política).
Ademais, Michel Temer parece realizar o metade do objetivo que ele se propôs a fazer: unir e pacificar o país.
Bom, cada vez menos pessoas parecem defender um presidente que se cerca de velhas (e brancas) raposas da política, com todo o descaramento do mundo, para manter um status quo de uma democracia disfarçada que excluí a maioria da população brasileira em favor de interesses de uma pequena elite que não aceita largar o osso.
Nisso, Michel Temer mandou muito bem: uniu todo mundo contra as cagadas dele.
Só está faltando, agora, tentar garantir a paz. A renúncia é logo ali.
*Tadeu Porto [twitter: @tadeuporto] é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)