Foto: Mídia NINJA
Franklin Martins: Esse golpe foi organizado pela mídia
No Bafafá
O jornalista Franklin Martins começou o seu engajamento na política aos 20 anos como estudante de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (à época Universidade do Brasil), ao ser eleito presidente do DCE da Universidade e, logo depois, vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes. Com a ditadura, aderiu à luta armada como militante do grupo comunista MR-8 e da Dissidência Universitária da Guanabara. Ganhou notoriedade ao ser um dos articuladores do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrik, em 1969. A ação possibilitou a libertação de 15 guerrilheiros presos. Exilado em Cuba, Chile e França, voltou com a anistia 10 anos depois. Atuou como repórter em vários veículos até chegar à TV Globo como comentarista em 1996. Em 2002, foi indicado ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal durante o mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva onde ficou até dezembro de 2010.
Em palestra no Sindicato dos Engenheiros do Rio, SENGE-RJ, Franklin Martins avaliou o momento político nacional, em especial o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, a ascensão de Temer é fruto de um golpe de estado. “Esse golpe foi organizado pela mídia, é um bombardeio de informação enviesada e partidarizada”, garante. Apesar de reconhecer que o ato foi uma grande derrota para o projeto político do PT e de Lula, Franklin acredita que o povo saberá encontrar os mecanismos para fazer prevalecer os seus interesses. “Temer vai tentar impor um programa de retrocesso que o povo brasileiro não aceitará”. E completa: “O futuro é nosso”.
Como está vendo a deposição de Dilma?
Esse processo de golpe de Estado nos impactou fortemente. Estou vivendo o meu segundo golpe. No primeiro, eu tinha 15 anos. Esse agora eu tenho quase 70. A primeira reação, repetindo o Chico Buarque, é golpe de novo não. Estou convencido que não é mais o mesmo tipo de golpe de Estado. O Brasil é um país muito mais maduro, consciente, organizado e disposto a lutar pelos seus direitos. Este golpe não vai ter a longevidade da ditadura. O primeiro ponto é a democracia. Queremos resolver através do voto. É assim que formaremos maiorias e minorias políticas e organizaremos as nossas instituições. Isso é uma conquista da luta contra a ditadura, da Constituinte e do processo político posterior. É isso que os golpistas estão atacando. Vamos ser claros: eles não estão só atacando os 54 milhões de eleitores de Dilma, estão atacando os 110 milhões de eleitores. Nós estamos vivendo um retrocesso, atingindo aquilo que está na base da agenda política que é o voto. Esse golpe foi organizado pela mídia. É um bombardeio de informação enviesada e partidarizada.
O que acha da reforma política e da regulação da mídia?
O Brasil é grande na sua diversidade e precisa reduzir as desigualdades regionais. Os avanços nos últimos anos foram excepcionais, mas algumas coisas ficaram pendentes, entre elas a reforma política e a regulação da comunicação. A votação proporcional não dá certo, porque estimula o dono do mandato ao invés do partido que o elegeu. Por isso, o Congresso é cada vez mais dominado pelo dinheiro. Virou um grande balcão. Não existe chance de melhorar nas próximas eleições desta forma. A reforma política não acontece porque quem vota ela é este Congresso elitista. A regulação da mídia é urgente. As rádios e televisões são concessões. Todas os setores da economia onde vigora o sistema de concessões têm obrigações. Isso vale para a energia, transporte público urbano, aviação. Todos têm regulação que precisa ser cumprida, caso contrário perdem a concessão. Na radiodifusão não. O nosso código geral de telecomunicações é de 1962. Ele não responde pelos problemas atuais. Naquela época tinham dois milhões de aparelhos de TV, hoje todas as casas têm. Sem regulação é a lei da selva. Sempre ganha o forte. É indispensável democratizar. Não é censura. Os governos Lula e Dilma ficaram devendo nessa área. É muito difícil aprovar isso no Congresso porque os deputados têm medo de ser bombardeados pela imprensa. Os blogs e portais estão gerando informação a partir da internet. Os grupos midiáticos não têm o monopólio total, só na radiodifusão. Mas, é pouco.
A inclusão social está ameaçada?
Só é possível ter democracia, moeda estável, crescimento, com inclusão social. Senão, nada disso é possível. Fragiliza. Temos que defender a agenda que estamos construindo, defender a democracia.
E a Soberania Nacional
Nós não precisamos que os nossos ministros tirem os sapatos nos aeroportos dos Estados Unidos. Não precisamos consultar a Casa Branca para instituir um novo modelo de exploração do Pré Sal. Não precisamos ter o ok dos EUA para construir uma política de relacionamento, de integração regional, de solidariedade com a África. Ou seja: o Brasil não é o quintal dos EUA. Tem ainda uma questão geopolítica: o Brasil descobriu as maiores jazidas de óleo e gás dos últimos 30 anos. Eles estão nos atacando da forma que podem, não enviaram marines para cá, mas estão de olho na exploração.
O que acha de nossas elites?
As elites são dinheiristas predadores, não têm projeto de país. O povo para eles é um acidente geográfico. Elas sempre governaram para um terço das pessoas. Ao contrário do governo Lula que provou que é possível governar para todos. O povo não é um estorvo, uma carga, é energia, possibilidade de crescimento. Ele precisa ter condições de se desenvolver. As elites perderam quatro eleições seguidas e querem aplicar seu projeto com Temer e se impuseram ao país. Nós sofremos uma derrota muito forte. Estamos com desafios imensos pela frente. Esse ministério do Temer é cheio de filhos de políticos, é a cara da sessão da Câmara que derrubou Dilma. O seu governo é uma improvisação absoluta, não sabe o que fazer com o país.
O que fazer agora?
Vamos fazer política, construir maiorias, tentar reduzir o isolamento. É preciso oxigenar, gerar pensamentos com o que vem de novo. Nos últimos meses, a sociedade despertou. Hoje ela quer mais, a garotada tem pautas diferentes. Existe um Brasil novo pulsando, acho que vai reforçar a luta. Eu olho para o governo Temer e para a TV Globo e digo: nós perdemos, não vamos subestimar, a democracia foi seriamente atingida. Mas, sinceramente, o futuro é nosso.
Esse golpe era irreversível?
O futuro ao Deus pertence. Esse governo é fruto de um golpe. Ele rasgou o instituto do voto sem que Dilma tenha cometido nenhum crime de responsabilidade. Ela foi tirada do poder, posto um vice que vai aplicar um programa que foi derrotado nas eleições. É gravíssimo, mas acredito que o povo brasileiro vai resistir, vai defender a democracia. Esse golpe não prevalecerá por muito tempo.
Caminhamos para uma crise maior?
Esse governo vai sofrer uma instabilidade muito grande porque não é fruto do voto. É fruto de um golpe articulado pelas grandes corporações de mídia, pelos partidos de oposição, pelo Congresso, pelo Ministério Público, parte do judiciário que omitiu-se. O que vai sair do governo Temer? Não vai ter nenhum céu de brigadeiro não. Acho que vai tentar impor um programa de retrocesso que o povo brasileiro não aceitará.
Qual é recado para a sociedade?
O povo saberá encontrar os mecanismos para fazer prevalecer os seus interesses.
E o Supremo continuará omisso?
Nós temos Supremo?
E o papel da imprensa independente?
A imprensa independente sempre teve, nos momentos de grandes dificuldades, um papel muito importante, muito relevante. Ela tem que ser cada vez mais competente, profissional e mais leve que a mídia tradicional.
Quais são os pontos fundamentais para uma agenda nacional no país?
Depois da redemocratização, a partir da nova Constituição e da luta democrática, o país construiu uma agenda nacional de seis pontos. Primeiro ponto, a democracia, o voto. Segundo, a necessidade de uma moeda estável, terceiro é crescimento econômico, não basta ter moeda. O país tem que crescer para abrir oportunidades. Quarto é inclusão social, o Brasil é um país profundamente injusto do ponto de vista social. O quinto ponto é a redução das desigualdades regionais. Não pode concentrar todo o crescimento em São Paulo ou no Rio. Ele tem que ser distribuído para todo o país. Isso é até bom para paulistas e fluminenses, pois impede o inchaço das grandes cidades. Em sexto, a construção de uma política de soberania nacional. O Brasil não é o quintal dos EUA. Queremos boas relações com eles, mas não com o caráter de subordinação. Devemos construir relações fortes com a América Latina, a África, ter relações com outras grandes nações no mundo que não sejam os Estados Unidos. O Brasil tem de defender os seus interesses e seus valores. Esta agenda de seis pontos está ameaçada pelo golpe que levou Temer ao poder.
As utopias morreram?
Por que elas morreram? Continuam existindo.
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P.S.: Por solidariedade, republicamos artigo de Marcelo Auler em defesa de Luis Nassif, que está sendo ameaçado de censura. Sugerimos a todos os internautas que publiquem este texto em suas redes sociais como forma de protesto em favor da liberdade de expressão:
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sobrevivendo a menopausa
14/01/2017 - 13h14
A fim de que nã? haja confusã? ?om os termos, é bom lembrar ?ue menopausa é nome dado à
última menstruaçã? da vida ?a mulher, ao passo qu? climatério é temporada ?ós-menopausa, isto é, ? temporada d? vida
que se inicia em seguida a última mênstruo.
Jó Ge
28/05/2016 - 01h58
Um a um, os autores do golpe parlamentar-jurídico-midiático estão morrendo pela boca.
Manoelito Carneiro das Neves
28/05/2016 - 00h12
Estamos vivendo um período de retrocessos e de volta a perseguição a livre expressão e de se noticiar os fatos sem que se deixe acovardar pela coerção, ameaças a integridade física e profissional, a violência hoje é togada, antes militarizada, agora se fundem numa conspiração e veis politico partidário que se ramifica entre as instituições publicas, como o MPF, PF e a Justiça Federal que desenvolvem um trabalho ideológico neoliberal do capital e da politica internacional (EUA) e que a perseguição será combatida por todos que buscam um mundo melhor e não toleramos mais autoritarismos e abuso de poder contra a democracia e a livre expressão!
A Estratégia
27/05/2016 - 15h07
Jst falou as palavras chaves “atacar” e “destruir” sem precisar de grandes esforços, querem ignorar nossas manifestações, mas vão sentir quem será o mais prejudicado em ser ignorado. A mídia vive de anúncio e podemos dar BILHÕES em PREJUÍZO com míseros dois dias de APAGÃO em horário nobre. Vamos disseminar a ideia! APAGÃO GERAL e BOICOTE A SEUS ANUNCIANTES.
Antonio Paulo Costa Carvalho
27/05/2016 - 14h33
As gravações recentes que atacam Janot e dizem acordo com juízes do supremo foram vazadas pelos próprios tiveram um único objetivo: desmoralizar Janot e o STF. Se os ministros do STF reagirem, vão dizer que realmente eles fizeram parte do acordo para o golpe. Se não reagirem vão dizer que quem cala consente. Mas não há dúvida que foi uma montagem. O STF tem seu alto grau de culpa ao não tirar Cunha antes de consumir o golpe. A referencia as forças armadas é outra forma adotada de dizer que têm apoio delas. Hj o governo dá suas medidas como consumidas. Martins pode tratar destes assuntos. Brasil vai se empobrecer.
Jst
27/05/2016 - 12h55
O alvo a ser atacado e destruído chama-se Globo.
Se este câncer for cauterizado tenho certeza que o Brasil muda para melhor em menos de dez anos.
Todos os movimentos sociais deveriam focar os protestos contra a Globo. Deveriam atacar as sedes de todas a s afiliadas primeiro na capitais, depois em cidades maiores. Digo atacar não com palavras, e com o porrete mesmo.
Jst
27/05/2016 - 12h53
“E o Supremo continuará omisso?
Nós temos Supremo?”
Pano rápido.
Reinaldo Mechica Miguel
27/05/2016 - 11h27
O QUE SIGNIFICA ISTO:
lucca
27/05/2016 - 13h55
Significa que palavras de baixo calão como “estupo” são barradas automaticamente pelo disqus conforme configurações dadas por cada site usuário…
Reinaldo Mechica Miguel
27/05/2016 - 13h58
E desde quando a PALAVRA ESTUPRO foi classificada com de BAIXO CALÃO? Isto tá parecendo um papo de coxinha desinformado…
lucca
27/05/2016 - 14h07
Dependendo do contexto pode ser e nesse caso foi interferência humana mesmo. Mas sobre o “coxinha” sugiro ao amestrado ensandecido defensor de partido incompetente e covarde visitar meu perfil e ler algumas mensagens minhas. Esses tipos irritadinhos como tu são igualmente covardes não contam pra nada…
maria nadiê rodrigues
27/05/2016 - 11h20
O que está faltando para o povo sair às ruas, mais fortemente armados de palavras e faixas, desta feita contra também os traíras declaradamente golpista, mas sem deixar de lado, por exemplo, o Sr. Gilmar. Esse não é ministro de nada, mas uma aberração sentada na Suprema Corte que não merece, de forma alguma, o cargo que ocupa.
Edson do Nordeste
27/05/2016 - 12h07
HOJE NÓS TEMOS várias frentes de mobilização e que está da dando resultados, por exemplo; o recuo do Temer na Cultura, É na Educação! A MÍDIA GOLPISTA ATACANDO OS ” BLOGS SUJOS” OS ESTUDANTES SECUNDARISTAS MOTIVANDO OS OUTROS MOVIMENTOS e OS ARTISTAS DÃO MUITA FORÇA!
FALTA OS TRABALHADORES! !!!
FALTA AS PERIFERIAS! !!
NESSE SENTIDO OS AGENTES DE ESQUERDA ESTÃO POUCO RESULTADOS! !!
MAS É PRECISO TER UMA COOPERAÇÃO ENTRE ESSES MOVIMENTOS E DENUNCIAR QUALQUER TENTATIVA DA DIREITA DE PARAR OS MOVIMENTOS, OS ESTUDANTES SECUNDARISTAS ESTÃO SENDO ESPANCADOS, TENDO AS SUAS CASAS INVADIDAS POR “POLÍCIAS ” ESTÃO SEGUINDO OS ESTUDANTES POR DIAS! HÁ UMA VÍTIMA FATAL NO RIO DE JANEIRO!
OS DEPUTADOS FEDERAIS TEM QUE FAZER UMA DENÚNCIA PÚBLICA!
É ENTRAR COM UMA REPRESENTAÇÃO JUDICIAL PARA INVERTIGAR ESSES CASOS!
OS ESTUDANTES TEM MUITA DISPOSIÇÃO MAS SÃO MUITO VULNERÁVEIS AOS FACISTAS!
DEVEMOS AJUDA-LOS (