Prova com críticas à Lava Jato causa exoneração na Procuradoria de MG
Prova para seleção de estagiários do Ministério Público Federal apresenta questões de teor político
na Folha
Uma prova com questões de teor político para seleção de estagiários do Ministério Público Federal resultou na exoneração de uma funcionária e instalação de investigação interna. Na avaliação, havia alternativas como “segundo renomados juristas, a presunção de inocência, apesar de configurar direito constitucional, vem sendo ignorada pela Operação Lava Jato”.
Outra alternativa dizia que “os golpistas ficaram prostrados com a reação que se viu nas ruas em defesa da democracia”. Ainda havia frases como “na atual conjuntura, é preciso saber discernir entre fatos e manipulações” e “o tráfico de influência é uma das práticas mais comuns na Câmara dos Deputados”.
O processo seletivo foi aplicado pela Procuradoria de Minas Gerais no último domingo (22) e as questões que causaram polêmica estavam na prova de língua portuguesa. Nelas, o candidato deveria selecionar as frases sem erros de português.
Ainda havia alternativas como “o juiz infringiu a legislação ao divulgar o conteúdo das interceptações telefônicas” –referência à divulgação de escutas telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da operação Lava Jato, pelo juiz federal Sergio Moro–, e “o analfabetismo político é um mal cada vez mais comum em quem assiste ao Jornal Nacional”.
Em nota, o Ministério Público Federal de Minas afirmou que “as opiniões externadas não refletem a visão da instituição” e informou que a servidora responsável pela elaboração das questões foi exonerada de cargo comissionado. O órgão ainda diz que instaurou sindicância para apurar os fatos.
“Foram anuladas as questões que suscitaram questionamentos”, diz o comunicado.
A Procuradoria também diz que tem “compromisso com a atuação apartidária e impessoal em defesa da ordem jurídica e dos direitos e garantias fundamentais”.