São raras as semanas em que não surgem notícias que mais parecem piadas – e de péssimo gosto. Nesta terça-feira, um dia depois do vazamento dos áudios em que Romero Jucá, afastado do Ministério do Planejamento, falava do impeachment de Dilma como um instrumento de controle da Operação Lava-Jato (com seu grande acordo nacional que envolveria, inclusive, ministros do STF), o ministro Gilmar Mendes – do próprio STF – disse – pasmem! – não ter havido tentativa de obstrução da Justiça por parte de Jucá.
“Não vi isso. A não ser uma certa impropriedade em relação à referência ao Supremo. Sempre vem essa história: já falei com os juízes ou coisa do tipo. Mas é uma conversa entre pessoas que tem alguma convivência e estão fazendo análise sobre o cenário numa posição não muito confortável”, disse.
Além disso, Mendes admitiu sem maiores problemas que tem bom trânsito com Jucá. “Tenho bom relacionamento com ele desde o governo Fernando Henrique e ele nunca me procurou sobre isso”, emendou.
O ministro também fez questão de criticar a “repetição” de declarações dando conta de eventuais tentativas de interferir em investigações. “Virou um mantra, um enredo que se repete, pode deixar que resolvo (…) Não há o que suspeitar do Tribunal, o Tribunal tem agido com muita tranquilidade, com muita seriedade, muita imparcialidade, a mim me parece que não há nada para mudar o curso”, concluiu.
Quando Política e Justiça se fundem dessa maneira, vemos o prenúncio de tempos sombrios.