Menu

Tradição e resistência

Foto: Brunno Suênio/GP1 Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho Ontem terminou mais uma rodada da Copa do Brasil, a mais democrática das competições do nosso futebol, que já deu a clubes como o Criciúma,  campeão em 1991, o Juventude (1999), o Santo André (2004) e o Paulista (2005) a chance de disputar a Taça […]

2 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Foto: Brunno Suênio/GP1

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Ontem terminou mais uma rodada da Copa do Brasil, a mais democrática das competições do nosso futebol, que já deu a clubes como o Criciúma,  campeão em 1991, o Juventude (1999), o Santo André (2004) e o Paulista (2005) a chance de disputar a Taça Libertadores da América, sonho de consumo de dez entre dez torcedores dos maiores times do País. É na Copa do Brasil que os pequenos, às vezes, têm vez, e outras vezes nem tão pequenos são. Clubes que podem nem chegar perto dos títulos mais almejados, nacionais, internacionais, mas que ostentam duas, três, até quatro dezenas de títulos estaduais, que são grandes em seus domínios, históricos, tradicionais, e que lutam pela sobrevivência às margens dos milhões, bilhões despejados no negócio futebol. Clubes como o River, de Teresina (PI), e o Botafogo da Paraíba, que se enfrentaram na segunda fase da competição num clássico entre dois gigantes, pelo menos em termos estaduais.

Depois de levar mais de 40 mil pessoas ao Estádio Albertão, em Teresina, na decisão da Série D do Campeonato Brasileiro de 2015 (como mostra a foto aí de cima), o River, maior campeão do Piauí com 29 títulos estaduais, não tem conseguido públicos nem perto disso este ano, e no jogo de ida desse confronto não foi diferente. Apenas 5.703 pessoas pagaram R$ 20 ou R$ 30 pela arquibancada, ou R$ 50 por uma cadeira numerada no Albertão mesmo no horário nada indigno das 20h. Quem não foi perdeu um bom jogo, com  os times honrando suas tradições em campo e bons lances dos dois lados, que culminaram com o gol do meia Marcinho em bela arrancada, decretando a vitória do Belo paraibano sobre o Galo piauiense.

No jogo de volta, o Botafogo-PB, igualmente insuperável em seu estado com 27 campeonatos, selou a classificação com nova vitória por 1 a 0, gol de Carlinhos. Para o jogo da volta, o Estádio Almeidão recebeu um público um pouco melhor (15.220) do que seu quase xará Albertão, e o Botafogo-PB receberá a premiação de R$ 600 mil pela inédita classificação à terceira fase da Copa do Brasil, uma boa ajuda para a Série C do Brasileiro, que as duas equipes começam a disputar na próxima semana.

Tanto o River quanto o Botafogo-PB estão no Grupo A da competição, e disputarão o título com outros clubes de tradição, como o ABC (RN), o Confiança (SE), o Remo (PA), a Portuguesa de Desportos (SP), o Guarani (SP), campeão brasileiro de 1978, e o América (RN), campeão do Nordeste em 1973 e 1998, ainda que haja controvérsias em relação a alguns dos campeões nordestinos.

Vencedor do primeiro de todos os torneios nordestinos, em 1946, e também na Série C, o Fortaleza (CE), campeão do Nordeste também em 1970, mostrou nessa segunda fase o que esses clubes de tradição podem fazer ao derrotar duas vezes o Flamengo, nas duas por 2 a 1, eliminando a equipe rubro-negra. Outro exemplo de força desses times foi dado pelo CRB de Maceió (AL), que ostenta também seu título nordestino, de 1975, e por pouco não quebrou a invencibilidade de 28 jogos do Vasco, a maior do País no momento. O Vasco só conseguiu a classificação no último minuto, quando o zagueiro Rafael Vaz empatou a partida em 1 a 1, depois de o CRB abrir o placar no primeiro tempo com um belo gol de falta do lateral-esquerdo Diego, e jogar de igual para igual contra o bicampeão carioca, na casa do adversário, no Estádio São Januário, até o último minuto, mais uma prova do que são capazes essas equipes de tradição, que lutam contra as crises de sempre para manter viva a história, a paixão do futebol.

 

luis.edmundo@terra.com.br

 

 

 

 

Apoie o Cafezinho

Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

jeff beck

21/05/2016 - 12h25

CONCORDO SOBRE A VISÃO DEMOCRÁTICA DA COPA DO BRASIL… A CONTRAPARTIDA É A BURRICE DO CAMPEONATO BRASILEIRO.. 8 MESES DE UMA COMPETIÇÃO QUE MATOU O FUTEBOL BRASILEIRO. O BRASIL É UM PAÍS QUASE CONTINENTAL.. QUASE DO TAMANHO DA COMUNIDADE EUROPEIA.. TEMOS 27 ESTADOS, QUE FICAM 8 MESES SEM FUTEBOL, PORQUE A GLOBO E A CBF SE APODERARAM DO CALENDÁRIO DO FUTEBOL. ACABARAM COM OS CAMPEONATOS ESTADUAIS, QUE ANTES DESSA APROPRIAÇÃO INDÉBITA DA CBF E GLOBO, RODAVAM O ANO INTEIRO.. OS CLUBES DOS ESTADOS TINHAM 11 MESES PARA SEUS JOGOS. HOJE ESTÃO LIMITADOS A 4 MESES.. MATARAM O FUTEBOL BRASILEIRO. O QUE DEVE SER FEITO É REESTRUTURAR OS CAMPEONATOS ESTADUAIS, QUE CLASSIFICARIAM OS CLUBES DO BRASILEIRO SÉRIE A, SÉRIE B, SÉRIE C, SÉRIE D… EXATAMENTE COMO ACONTECE NA EUROCOPA.. ONDE AS COMPETIÇÕES ROLAM EM PARALELO COM OS CAMPEONATOS DOS PAÍSES DA COMUNIDADE ( AQUI SERIAM OS ESTADOS..)..

O CAMPEONATO BRASILEIRO DA CBF E GLOBO SÓ SERVE PARA ESTES DOIS GANHAREM RIOS DE DINHEIRO E OS CLUBES FALIREM..

Henrique

21/05/2016 - 09h43

Corrigi aí! Em 2001 quem venceu a Copa do Brasil foi o Grêmio. O Criciúma venceu em 1991.


Leia mais

Recentes

Recentes