Duros tempos vivemos.
O avanço do autoritarismo já era visível antes do golpe, mas depois dele corre à velocidade da luz, com apoio canino das mesmas instituições que o ajudaram o golpe a se materializar: imprensa e meganhas da burocracia.
Quem imaginaria, há uns dois anos, que viveríamos uma nova ditadura? Todos os elementos estão de volta: apoio da imprensa corporativa, da diplomacia norte-americana, os militares substituídos por juízes, PF e procuradores.
Repare na matéria abaixo da Folha.
É uma ameaça – uma vingança do golpe – porcamente velada. Uma ação nitidamente combinada entre o interventor do golpe no ministério da Educação, a Folha e o Ministério Público.
Essa é a “noite de Bartolomeu” de que falava Nassif, há algumas semanas, antes da consolidação do golpe: virão para cima, com acusações, insinuações, demissões, corte de verbas, assassinato de reputação, processo, perseguição, prisão, etc, de todos que lutaram e lutam contra o estupro da nossa democracia.
A Folha ainda tenta blindar o ministro, obviamente o articulador da reportagem vingativa, dando-lhe aspas incrivelmente hipócritas: “o cineasta é um cidadão brasileiro e tem direito de se expressar”.
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Na Folha
Ministério vai decidir sobre cargo público de diretor de ‘Aquarius’
19/05/2016 01h17
A assessoria de Mendonça Filho, ministro da Educação e Cultura, afirmou que o MEC ainda não decidiu o que fazer com o cargo público de Kleber Mendonça Filho, diretor de “Aquarius”. Mas afirmou que o cineasta “é um cidadão brasileiro e tem direito de se expressar”.
Coordenador de cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Recife), vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, o diretor participou da manifestação em Cannes na terça-feira (17), quando parte da equipe do filme apresentou à imprensa internacional cartazes dizendo que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe.