O Valor – que integra a mídia golpista, embora tenha procurado, durante algum tempo, ser um membro “cheiroso” – faz ginástica para mastigar a ridícula troca de hostilidades entre o novo chanceler do Brasil, José Serra, e vários governos latino-americanos.
Publico abaixo apenas os trechos da matéria do Valor que não são opinião do próprio jornal e sim fatos:
Samper, que é ex-presidente da Colômbia, foi alvo de uma das primeiras manifestações do Itamaraty, sob a gestão do tucano José Serra, na sexta-feira passada. Sua reação, segundo fontes, ao tomar conhecimento da nota foi dizer: “Não tem por que um ex-presidente e secretário-geral da Unasul responder a um chanceler interino”.
(…)Em outro comentário interno, a respeito das notas, Samper chegou a dizer a pessoas próximas: “Fizeram o impeachment da presidente do Brasil, agora querem o impeachment do secretário-geral da Unasul”. Ele também lembrou, segundo fontes, que foi eleito por unanimidade pelos 12 países do bloco, “assim como Dilma foi eleita com 54 milhões de votos”.
Segundo fontes, Samper acredita que, na qualidade de secretário-geral, está livre para denunciar “quando crê que há algum risco de ruptura institucional na região”.
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O novo “ministro das relações exteriores” do Brasil, José Serra, rasgou todas as regras da diplomacia e partiu para o ataque contra vários governos latino-americanos e contra o secretário-geral da Unasul, porque eles não reconheceram a legitimidade do governo Temer.
Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, El Salvador e Uruguai já manifestaram que não reconhecem a legitimidade do governo Temer.
Serra, ao invés de reagir com diplomacia, os ataca.
Serra, tome vergonha na cara. Você não é chanceler de nada. Você é um ministro de um governo sem legitimidade!
Um governo golpista, que apenas tem legitimidade nos estúdios da Globo!
Já li comentários de coxinhas, esnobando a participação desses países na balança comercial brasileira. Santa ignorância!
A América Latina tem importância estratégica na balança comercial brasileira, sobretudo para o setor de manufaturados.
Além disso, são todos países democráticos, vizinhos, com os quais partilhamos um doloroso histórico de golpes, ditaduras, agressão imperialistas, e que experimentaram juntos, nos últimos anos, um espetacular desenvolvimento social.
Desprezar nossos vizinhos é a cara de um regime autoritário, golpista e puxa-saco de países ricos que jamais nos ajudaram; ao contrário, os países ricos nos empobreceram, nos exploraram, nos oprimiram, patrocinaram golpes em nossos países.
Detalhe curioso: Samper não é de esquerda, nunca foi de esquerda, e não tem nenhuma relação histórica com a esquerda de seu país, a Colômbia, da qual foi presidente. É um cidadão liberal que acredita no respeito à democracia, só isso.
A própria matéria do Valor admite isso, constrangidamente: “Sem nenhum vínculo histórico com a esquerda em seu país, Samper está hoje à frente de uma entidade (…)”