O governo interino de Michel Temer, em conluio com a Globo, iniciou uma ofensiva contra os blogs políticos independentes.
Não esperaram nem 48 horas. Estavam ansiosos!
O ataque é, em primeiro lugar, narrativo: ou seja, é liderado pela Globo.
Em matéria do jornal publicada hoje, os blogs políticos progressistas são chamados, no título, de “pró-governo”, o que é uma inversão completa da realidade.
Os blogs progressistas hoje tem linhas editoriais de oposição ao atual governo.
Quem é “pró-governo” hoje, portanto, não são os blogs, mas a Globo. Basta olhar o jornal O Globo de hoje. A coluna de Merval Pereira agora é uma ladainha chapa-branca de dar vergonha aos jornais da ditadura.
Crítica zero!
Em seguida, a matéria da Globo põe os blogs juntos a “sites opinativos”, contrapondo-os ao que seria “produto jornalístico”, como se existisse, em 2016, uma definição terminativa sobre o que é “informação” ou “produto jornalístico”.
Ora, os blogs dão opiniões assim como os jornais, não?
Dão opiniões sim, mas também fazem entrevistas exclusivas, dão informações em primeira mão, dão furos de reportagem, publicam vídeos interessantes, veiculam denúncias, abrem espaço para manifestos de movimentos sociais e leitores.
O Cafezinho tem hoje até um chargista profissional, o Vitor Teixeira.
Temos hoje aqui no blog colunistas de música, política, literatura, e estamos abrindo algumas novas editoriais.
Tudo isso é jornalismo também, não?
Quem define o que é um “produto jornalístico”?
Agora é proibido ter opinião no Brasil?
Ou melhor, apenas será permitido ter um tipo de opinião no país? Só a opinião pró-golpe será permitida?
Tentando ser democrático, os governos do PT despejaram bilhões e bilhões na Globo.
Como gratidão a isso, o governo Temer, ou seria melhor dizer o governo da Globo, começa com a determinação de cortar os centavos investidos na blogosfera…
É muita mesquinharia desses caras, bem típico da nova forma de ditadura que eles já estão implementando no país.
Uma ditadura sem militares, baseada na opressão via judiciário e polícia, de um lado, e asfixia financeira, de outro.
Aliás, o site da EBC está fora do ar desde ontem…
Reproduzo a matéria do Globo abaixo, para registro histórico.
Reproduzo também um print da primeira página do Globo.
Ah, ao final da matéria da Globo, ainda tem uma cachorrada com a EBC:
Segundo relatos, funcionários da EBC estariam incomodados com orientações para dar tom de “golpe” à cobertura do impeachment.
Olhem bem!
“Segundo relatos”!
Isto sim, é um legítimo “produto jornalístico”!
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No Globo.
Blogs pró-governo terão verba cortada
Secretaria de Comunicação Social diz que vai priorizar ‘produto jornalístico’
POR JÚNIA GAMA 14/05/2016 6:00 / atualizado 14/05/2016 10:39
Entrada da nova sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), antiga Radiobrás, em Brasília – O Globo / Givaldo Barbosa
BRASÍLIA — A Secretaria de Comunicação Social do presidente interino Michel Temer já encomendou um levantamento sobre os gastos com publicidade e deve rever a política atual, que distribui recursos a blogs e sites opinativos. Segundo integrantes do governo, há disposição de mudar o funcionamento de anúncios e patrocínios e “evitar associação com produtos de opinião, como os blogs”, e se associar mais a “produtos jornalísticos que tenham conteúdo de interesse público”.
Nos últimos anos, o governo de Dilma Rousseff foi alvo de críticas da oposição por financiar blogs e outras publicações alternativas alinhados com o PT. No ano passado, o então ministro da Secom, Thomas Traumann, foi convocado ao Congresso para esclarecer supostas contratações de robôs para envio automático de mensagens e financiamentos a blogs favoráveis ao governo federal. O requerimento se baseou em informações vazadas em um documento interno da Secom. A alegação do PSDB era de que os atos da Secom deixavam clara a “inexistência de um fim público”.
Ainda na área de comunicação, mais uma mudança deve ocorrer nos próximos dias. O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o jornalista Ricardo Melo, será exonerado do cargo e, em sua vaga, deve ser nomeado o também jornalista Laerte Rimoli.
Dilma Rousseff nomeou Ricardo Melo a poucos dias da votação do impeachment e, já na ocasião, interlocutores de Michel Temer afirmaram que esta seria uma das medidas a serem revistas caso ele assumisse a Presidência. O mandato para o cargo é de quatro anos, mas o Palácio do Planalto acredita que a nomeação pode ser revertida.
— A concepção desse governo para a empresa de comunicação é uma; a de outro governo será outra — afirmou, na ocasião, um auxiliar de Temer.
Em nota divulgada à noite, a Diretoria Executiva da EBC criticou a nomeação de novo presidente para a empresa. Segundo a nota, a lei prevê mandato de quatro anos para o presidente, não coincidente com o mandato do presidente da República, para “assegurar a independência dos canais públicos”.
O trabalho mais recente de Rimoli era como diretor de comunicação da Câmara dos Deputados na gestão do presidente afastado Eduardo Cunha. Antes, assessorou campanhas presidenciais de Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Durante sua carreira em redações, foi repórter nas sucursais de Brasília do GLOBO, “Folha de S.Paulo”, “Estado de S.Paulo” e “Veja”. Além disso, teve cargos de direção na rádio CBN, TV GLOBO e Bandeirantes.
Segundo relatos, funcionários da EBC estariam incomodados com orientações para dar tom de “golpe” à cobertura do impeachment.