Bloco de Notas #2

Metá Metá. Foto: José de Holanda.

Toda sexta. Sobre música e adjacências.
Por Bernardo Oliveira*, editor de música do Cafezinho.

— O novo disco do Metá Metá deve sair em algumas semanas. Intitulado simplesmente MM3, possui nove faixas e foi gravado no estúdio Red Bull Station em SP. Kiko Dinucci assina a capa e sai independente na América do Sul e pelo Jazz Village no resto do mundo. No último final de semana, o trio realizou duas apresentações no Rio e trouxe na bagagem três novas músicas: “A Imagem do Amor” (letra de Rodrigo Campos e música de Kiko Dinucci), “Angolana” (música de Thiago França e letra de Kiko Dinucci e Juçara Marçal) e “Toque certeiro”, primeira parceria de Siba e Kiko Dinucci. Fortes vibrações da música do Marrocos, da Etiópia e do Mali mesclam-se de maneira fluente à combinação de free jazz e cantos afrobrasileiros. O show de lançamento dia 10 de junho no Circo Voador, no Rio. (Foto: José de Holanda).

— Hipnose, polirritmia e repetições alucinatórias: esse é o Gqom, vertente da música eletrônica dançante surgida nos subúrbios de Durban, África do Sul. Uma coletânea com trabalhos de jovens produtores foi lançada em fevereiro desse ano: Gqom Oh! The Sound of Durban conta com produções de DJ Mabheko, Emo Kid, Citizen Boy, Dominowe, Forgotten Souls, entre outros. Ouça abaixo:

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— Com apenas 23 anos, Daymé Arocena é uma cantora, compositora, arranjadora, cubana de talento inegável. À vontade para mesclar o repertório cubano com jazz e neo-soul, a cantora apresenta um timbre surpreendente, a meio caminho do canto de Celia Cruz e Etta James. No vídeo abaixo, Arocena invoca orixás ao lado dos músicos Rafael Aldama e Jorge Luis Perez Lagarza:

— Radicados em SP, oriundos de Londrina, Vinícius Patrial e Guilherme Pacola formam o Vermes do Limbo, uma das bandas mais criativas e singulares do punk nacional. A dupla acaba de lançar um novo EP na sequência de Panvermina (de 2015). Chama-se EP VRMSXX e traz mais exemplos da música cinematográfica criada pela dupla: sequências de cenas, planos, tomadas, alternância de climas e convenções que destoam no panorama do punk brasileiro. Ouça abaixo:

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— Formado pelo baterista Stephane San Juan, o guitarrista Guilherme Monteiro, o tecladista Danilo Andrade, além de Kassin tocando guitarra e Alberto Continentino no baixo, o Cometa propõe uma viagem vigorosa na timeline da música instrumental brasileira e, por vezes, mundial. O grupo acaba de lançar seu primeiro disco homônimo pelo selo Nublu contendo “temas interestelares instrumentais” compostos por Kassin e Alberto Continentino. Ouça o disco aqui.

— O selo norte-americano Important Records acaba de lançar dois novos trabalhos de Catherine Christer Hennix, importante experimentadora sueca radicada nos EUA. O primeiro disco se chama Live At Issue Project Room e conta com seu ensemble de “entonação justa”, o The Chora(s)san Time-Court Mirage. O segundo foi gravado em 1976 no Museu de Arte Moderna de Estocolmo pelo seu outro ensemble, The Deontic Miracle, e recebeu o título Central Palace Music. Hennix surgiu nos anos 60 como compositora, filósofa, cientista e parceira de nomes como La Monte Young e Henry Flynt. Seu trabalho explora o conceito de drone e psicoacústica: longas durações e sonoridades orientais que exigem do ouvinte uma forma de escuta mais concentrada e atenta.

Manoel Cordeiro não é apenas um guitarrista extraordinário, compositor, arranjador e produtor musical experiente, pioneiro no âmbito da música paraense, precursor da lambada, do brega e dos sons suburbanos da Amazônia — além de ser pai de outro artista que vale acompanhar de perto, Felipe Cordeiro. Manoel Cordeiro é também um indivíduo capaz de sintetizar, em palavras bem escolhidas, toda uma cultura e um modo de existir característico de Belém do Pará. Confira no vídeo abaixo, gravado especialmente para o projeto Sonora Pará:

 

Awalom Gebremariam é um artista da Eritreia que acaba de ser editado pelo selo norte-americano Awesome Tapes from Africa. Chegou aos EUA com 28 anos vindo de um campo de refugiados na Etiópia, mas, antes, fez sua primeira e única gravação em 2007 ainda na Eritreia. Daí surgiu Desdes, um exemplar significativo da música de uma região tomada por conflitos e um governo ditatorial. Ouça uma faixa desta maravilha aqui: não conte compasso e se jogue na instabilidade rítmica e nos timbres digitais.

— O cantor e compositor Clima, que foi o tema de nossa entrevista da semana passada, convida a todos para o lançamento de seu disco Monumento ao Soldado Desconhecido no Sesc Vila Mariana quinta, 19/05. Clima se apresentará ao lado dos músicos que o acompanharam no disco: Rodrigo Campos (guitarra), Serginho Machado (bateria) e Allan Abbadia (trombone), além da participação especial de Romulo Fróes (violão e voz). Começa às 20:30 hs. Maiores informações aqui.

— Semana que vem, no Cafezinho: Sambas, Transambas, Contrasambas… #VaiTerLuta

*Professor da Faculdade de Educação/UFRJ, autor de “Tom Zé — Estudando o Samba” (Editora Cobogó, 2014).

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Bernardo Oliveira:
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