[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]
Análise Diária de Conjuntura – 12/05/2016
Não fosse trágico, em suas consequências sociais, com graves riscos à democracia, o anúncio do novo ministério de Michel Temer daria ensejo a generosas gargalhadas. [/s2If]
[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
***
Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante: clique aqui).
Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho. Qualquer dúvida, entre em contato com a Thamyres, no assineocafezinho@gmail.com, ou pelo whatsapp +5521993199917. [/s2If]
[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]
Porque ele não poderia ser pior. Houve um momento, em que Temer ainda flertou, junto à imprensa, com um ministério de notáveis. A ideia durou apenas algumas manchetes. Rapidamente, o fisiologismo falou mais alto.
Mesmo assim, agora está provado que há fisiologismo e fisiologismos. O de Temer, é o pior, porque junta fisiológicos, ultraconservadores e corruptos.
O novo ministro da Justiça é um tucano linha dura de São Paulo, Alexandre Moraes, acusado de violência contra movimentos sociais e desprezo pelos direitos humanos. E sob sua guarda ficará a secretaria de… direitos humanos.
O ministério da Cultura foi extinto – o que é uma boa lição para todos os artistas que não se manifestaram contra o golpe. A pasta agora ficará sob a pasta de Educação, que por sua vez terá como titular Mendonça Filho, um oligarca de Pernambuco que sempre se posicionou contra as cotas, contra o Prouni, contra a expansão do investimento ao ensino federal.
E, entre os ministros, nem uma só mulher, nem um só negro. Apenas homens, brancos, velhos, plutocratas.
E paro por aqui para não deprimir mais os leitores.
O aspecto interessante disso tudo é que os compromissos de Michel Temer com o fisiologismo superaram qualquer cálculo relativo à construção de uma imagem melhor para o novo governo.
No Estadão, há um editorial cujo título é “Retorno à irrelevância”. Bem significativo do papel que as forças golpistas pretendem reservar aos setores organizados das classes populares…
Será interessante assistir o papelão da imprensa neste momento, incorporando o chapa-branquismo mais vil, ocultando escândalos, vendendo boas notícias e abafando as negativas, sustentando e apoiando o autoritarismo.
O discurso final da presidenta Dilma mostrou uma pessoa incrivelmente digna.
Eu sempre fiz inúmeras críticas a ela, e hoje, mais que nunca, estou convencido que a sua falta de visão política teve grande responsabilidade pela crise que levou ao impeachment. Todos avisávamos que a implementação de um programa de ajuste fiscal, sem uma gestão política ousada, geraria um efeito negativo duplo: enfraqueceria o governo politicamente, e, com isso, prejudicaria a economia.
Ou seja, não teríamos ajuste nenhum, e ainda perderíamos a democracia. Já esperávamos, no primeiro ano do segundo governo, uma gestão econômica conservadora, mas ela tinha que ser compensada com mais ousadia na política: discursos contundentes na ONU, só para dar um exemplo. Política faz diferença. Dilma, ao contrário, recuou na economia e recuou ainda mais na política: não propôs nenhuma novidade. Depois de muito tempo, lançou um programa meio bizarro, chamado Dialoga, que ninguém entendeu direito do que se tratava: parecia um joguinho interativo para crianças.
Entretanto, independente dessas críticas, e há muitas outras que fizemos, todas muito duras, hoje eu entendo que talvez Dilma fosse a mulher certa no lugar certo, inclusive por seus erros. Porque somente ela os enfrentaria com uma postura pessoal tão digna.
A imagem que Dilma passará à posteridade não será de suas deficiências políticas e sim de sua integridade e serena coragem diante do trator golpista que a atropelou.
A mídia tentará desmanchar essa narrativa, mas não conseguirá, até porque a própria mídia emerge desse processo com uma imagem extremamente negativa: a mídia operou abertamente, mais uma vez, contra a democracia, e conspirou em favor de um novo golpe de Estado.
O padre Antônio Vieira, num de seus sermões, explica que o povo pode perdoar o criminoso uma vez. Não perdoa, porém, uma segunda.
E este é o segundo golpe apoiado e sustentado pela imprensa brasileira, em meio século…
A arrogância golpista os faz cometer erros graves. Gilmar Mendes, por exemplo, tem se notabilizado por um partidarismo atroz, totalmente incompatível com a função de um juiz. Por exemplo: ao ser perguntado sobre o recurso impetrado por José Eduardo Cardozo no STF, contra o impeachment, Mendes respondeu com sarcasmo, que o governo poderia apelar “para o papa e para o diabo”. Ora, o mesmo processo poderia chegar em suas mãos e tê-lo como relator, de maneira que não poderia falar sobre ele fora dos autos. Além disso, zombar do direito à defesa, e ainda mais se tratando da presidenta da república, eleita com 54 milhões de votos?
[/s2If]