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Análise Diária de Conjuntura – 12/05/2016
Não fosse trágico, em suas consequências sociais, com graves riscos à democracia, o anúncio do novo ministério de Michel Temer daria ensejo a generosas gargalhadas. [/s2If]
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Porque ele não poderia ser pior. Houve um momento, em que Temer ainda flertou, junto à imprensa, com um ministério de notáveis. A ideia durou apenas algumas manchetes. Rapidamente, o fisiologismo falou mais alto.
Mesmo assim, agora está provado que há fisiologismo e fisiologismos. O de Temer, é o pior, porque junta fisiológicos, ultraconservadores e corruptos.
O novo ministro da Justiça é um tucano linha dura de São Paulo, Alexandre Moraes, acusado de violência contra movimentos sociais e desprezo pelos direitos humanos. E sob sua guarda ficará a secretaria de… direitos humanos.
O ministério da Cultura foi extinto – o que é uma boa lição para todos os artistas que não se manifestaram contra o golpe. A pasta agora ficará sob a pasta de Educação, que por sua vez terá como titular Mendonça Filho, um oligarca de Pernambuco que sempre se posicionou contra as cotas, contra o Prouni, contra a expansão do investimento ao ensino federal.
E, entre os ministros, nem uma só mulher, nem um só negro. Apenas homens, brancos, velhos, plutocratas.
E paro por aqui para não deprimir mais os leitores.
O aspecto interessante disso tudo é que os compromissos de Michel Temer com o fisiologismo superaram qualquer cálculo relativo à construção de uma imagem melhor para o novo governo.
No Estadão, há um editorial cujo título é “Retorno à irrelevância”. Bem significativo do papel que as forças golpistas pretendem reservar aos setores organizados das classes populares…
Será interessante assistir o papelão da imprensa neste momento, incorporando o chapa-branquismo mais vil, ocultando escândalos, vendendo boas notícias e abafando as negativas, sustentando e apoiando o autoritarismo.
O discurso final da presidenta Dilma mostrou uma pessoa incrivelmente digna.
Eu sempre fiz inúmeras críticas a ela, e hoje, mais que nunca, estou convencido que a sua falta de visão política teve grande responsabilidade pela crise que levou ao impeachment. Todos avisávamos que a implementação de um programa de ajuste fiscal, sem uma gestão política ousada, geraria um efeito negativo duplo: enfraqueceria o governo politicamente, e, com isso, prejudicaria a economia.
Ou seja, não teríamos ajuste nenhum, e ainda perderíamos a democracia. Já esperávamos, no primeiro ano do segundo governo, uma gestão econômica conservadora, mas ela tinha que ser compensada com mais ousadia na política: discursos contundentes na ONU, só para dar um exemplo. Política faz diferença. Dilma, ao contrário, recuou na economia e recuou ainda mais na política: não propôs nenhuma novidade. Depois de muito tempo, lançou um programa meio bizarro, chamado Dialoga, que ninguém entendeu direito do que se tratava: parecia um joguinho interativo para crianças.
Entretanto, independente dessas críticas, e há muitas outras que fizemos, todas muito duras, hoje eu entendo que talvez Dilma fosse a mulher certa no lugar certo, inclusive por seus erros. Porque somente ela os enfrentaria com uma postura pessoal tão digna.
A imagem que Dilma passará à posteridade não será de suas deficiências políticas e sim de sua integridade e serena coragem diante do trator golpista que a atropelou.
A mídia tentará desmanchar essa narrativa, mas não conseguirá, até porque a própria mídia emerge desse processo com uma imagem extremamente negativa: a mídia operou abertamente, mais uma vez, contra a democracia, e conspirou em favor de um novo golpe de Estado.
O padre Antônio Vieira, num de seus sermões, explica que o povo pode perdoar o criminoso uma vez. Não perdoa, porém, uma segunda.
E este é o segundo golpe apoiado e sustentado pela imprensa brasileira, em meio século…
A arrogância golpista os faz cometer erros graves. Gilmar Mendes, por exemplo, tem se notabilizado por um partidarismo atroz, totalmente incompatível com a função de um juiz. Por exemplo: ao ser perguntado sobre o recurso impetrado por José Eduardo Cardozo no STF, contra o impeachment, Mendes respondeu com sarcasmo, que o governo poderia apelar “para o papa e para o diabo”. Ora, o mesmo processo poderia chegar em suas mãos e tê-lo como relator, de maneira que não poderia falar sobre ele fora dos autos. Além disso, zombar do direito à defesa, e ainda mais se tratando da presidenta da república, eleita com 54 milhões de votos?
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Bruno
13/05/2016 - 09h41
Entendi… ministério com 1/3 de ministros dos governos Lula e Dilma! Seriam a ala esquerda??? Precisa colocar os nomes ou será muito constrangedor???
Euripedes Batista
12/05/2016 - 21h19
Ministério mais sujo da história da república
Victor Speed
12/05/2016 - 18h33
Parabéns, Cafezinho. Depois de decepções com algumas matérias e a Brigada Herzog, agora ainda por cima vocês começaram a “travar” as matérias para forçar a assinatura do leitor, igual fazem a Folha, o Estadão e o Globo. Deixo de acompanhá-los definitivamente. Vou descurtir JÁ !
Euripedes Batista
12/05/2016 - 21h19
O site precisa de assinantes pra se manter. Se não gosta faz uma doação.
Neto Ares
13/05/2016 - 14h22
A teta secou,o site está morrendo,petralhada vai ter que contribuir pra manter essa porra viva