Por Vanderlei dos Santos Catalão
olha para suas
mãos carrasco:
não há sangue?
está limpa? então
por que o asco?
entende, agora,
o dia seguinte
depois do seu ato?
essa hesitação
é o requinte cruel
da piegas comiseração?
ou vacilo por
cometer cínico
estelionato?
enquanto cumpria a trama,
seguro, manipulado,
ruiam as pontes
cresciam muros;
forjavam fatos…
porque tremes,
agora, carrasco?
sente algum peso
na mão que desfechará
o golpe?
se está limpa
porque se mostra torpe?
percebe o quanto
uma vitória infame
carrega a marca
do fiasco?
qual é a emoção,
carrasco, de
se sentir ator
na consumação
do inglório ato?
vai, é a sua hora
vai, executa,
elimina, impede,
exila, enxota…
não escuta o
clamor indignado
último suspiro…
vai, alguém precisa
dar o último tiro…
e será esse eco,
ressoado em milhões
de gritos,
que nunca abandonará
seus próximos giros…
será esse eco,
repartido em milhões
de gritos, que manchará
o futuro do seu retiro…
amanhã, olha de novo:
não tens as mãos
limpas, carrasco –
apenas, asco!
TT Catalao-brasilia 11 de maio 2016 s/foto Maxwell Snow
Vanderlei Dos Santos Catalão
11/05/2016 - 19h11
Caro frederico As maos mutiladas sao obra do carrasco, q mesmo assim reaje
Frederico Melo
11/05/2016 - 15h23
Gostei muito do poema, gostei muito da foto. Mas a foto não está de acordo com o poema. O carrasco tem as mãos aparentemente limpas. As mãos da foto pertencem a um trabalhador que foi lesionado, provavelmente no trabalho. Não são mãos de carrasco.