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Análise Diária de Conjuntura – 10/05/2016
Hoje deu um pouco de vergonha da política brasileira. Se o golpe sempre se mostrou ridículo, hoje ele amanheceu mais grotesco do que nunca.
O fugaz arroubo de valentia do deputado Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara Federal, teve enorme utilidade para desnudar a fragilidade politica de Michel Temer. Por algumas horas, todas as laudatórias reportagens sobre um “novo governo” erguido sobre os pilares do golpe ganharam ares de um pesadelo bizarro. [/s2If]
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Um leitor do Cafezinho, no entanto, fez uma ressalva inteligente acerca de algumas críticas que surgiram contra Maranhão. Uma delas, a de que ele seria “investigado” pela Lava Jato.
Ora, isso é uma crítica besta e, a depender de quem a faz, bastante cínica, ingênua, ou hipócrita.
“Investigado” pela Lava Jato hoje o Brasil inteiro pode ser, visto que Sergio Moro se tornou uma espécie de justiceiro universal, e se ele não precisa de provas para decretar a prisão perpétua de quem ele quiser, tampouco achará necessário qualquer prova ou mesmo indício para mandar investigar alguém.
Lula é investigado pela Lava Jato. Dilma, idem.
Uma pessoa que defende a Constituição não pode entrar nesse jogo vulgar de criminalizar outros cidadãos apenas porque ele é “investigado”.
Ser investigado não quer dizer nada, porque a pessoa é inocente até prova em contrário.
Num regime de exceção, como o que vivemos, eu me atreveria dizer que o indivíduo pode ser inocente até mesmo se for condenado, pois o judiciário não está mais sequer mantendo as aparências sobre a sua parcialidade de classe.
O golpe fracassou, como bem revelou o professor Wanderley Guilherme, porque ele se desmoralizou miseravelmente: e a tendência é piorar.
No entanto, é surpreendente a sua virulência e a quantidade de instituições que aderiram a postura vergonhosa de sabotar a democracia.
A postura do procurador-geral da república, Rodrigo Janot, de correr para o STF para tentar frear possível impeachment simultâneo de Michel Temer (afinal, ele também assinou um bocado de “pedaladas fiscais”) revela o esforço patético, um tanto desesperado, de evitar novos sustos ao golpe como aqueles causados ontem por Waldir Maranhão.
Triste, porém, é o papel do STF, curvado às pressões golpistas assim como se vergou no julgamento do mensalão.
Agora está mais que evidente o erro trágico de Lula e Dilma ao fortalecerem o corporativismo do Ministério Público, ao nomearem para a PGR, o primeiro indicado pela corporação. O primeiro indicado pela corporação é sempre o pior, porque o mais comprometido com o corporativismo. Trágico, igualmente, a indicação de ministros do STF sem nenhum compromisso com a democracia ou com o bem estar da população pobre. Por que Fux, meu Deus? Por que?
Enfim, agora não adianta chorar o leite derramado, e o leite já se derramou.
A tentativa de compor com a mídia deu nisso: uma mídia golpista dando tiros nas costas não apenas do governo, mas da própria democracia.
A violência contra militantes feministas, num voo da TAM hoje, que fizeram protestos contra dois políticos tucanos pró-golpe, mostra exatamente o tipo de democracia que os setores conservadores desejam: aquela em que só os seus podem protestar e reagir.
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