O golpe avança: PGR ataca Lula e Dilma

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Análise Diária de Conjuntura – 03/05/2016

O cenário golpista escureceu o país.

A noite de São Bartolomeu, prevista por Luis Nassif há alguns dias, já começou.

O procurador-geral da república, Rodrigo Janot, que durante algum tempo emitia sinais trocados, como disfarce, agora tirou a máscara e fez dois movimentos radicais, embora não surpreendentes: atacou Lula e Dilma ao mesmo tempo. [/s2If]

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Janot mandou ao STF um pedido de abertura de inquérito contra Lula, por conta apenas da delação de Delcídio Amaral. E vazou à imprensa que decidiu investir também contra Dilma Rousseff, por conta da nomeação de Lula para o ministério da Casa Civil.

A capa do site do Estadão, nesta terça-feira à noite, é um mosaico extraordinário do golpe:

Atacam-se Lula e Dilma e poupa-se Michel Temer, Cunha, Aécio…

Os ataques do PGR são movimentos puramente políticos, fundamentados apenas na atmosfera golpista, inflamada desde a enlouquecida votação do impeachment ocorrida no último dia 17 de abril.

No Senado, a pose triunfante dos senadores pró-impeachment, a nata do reacionarismo e da truculência política, revela claramente que a ultradireita está embriagada.

É espantoso, todavia, que senadores como Cristóvão Buarque e Marta Suplicy, que durante tantos anos militaram no campo da esquerda, dos direitos humanos, das ideias progressistas, hoje se alinhem ao lado de gente como Ronaldo Caiado e Jair Bolsonaro.

O sistema, ao invés de punir Sergio Moro por ter cometido o crime de vazar áudios da presidenta da república, vai para cima da vítima, com base em conjecturas exclusivamente políticas.

O governo – e a democracia – pagam caro pelo falso republicanismo que adotaram, nomeando juízes e procuradores alinhados com o autoritarismo e com o golpe.

Alguns dias atrás, a associação de agentes da polícia federal soltou uma nota assustadora, em que ameaçava perseguir o PT caso o governo não lhe cedesse aumentos salariais exigidos.

A chantagem criminosa agora é feita à luz do dia, e a sociedade, refém de uma imprensa que pactua com qualquer banditismo, desde que sirva a seus interesses políticos, não tem um fórum no qual possa se defender.

Tudo lembra o cenário de 1964, quando igualmente a sociedade se tornou órfã de forças democráticas. Tudo parecia tomado pela ideologia da violência e do golpe: o parlamento de 1964, da mesma forma que o atual, fez uma votação ilegal para chancelar o golpe militar. O STF de então deu o aval a tudo.

Hoje, a mesma coisa. Ayres Brito, de triste lembrança, presidente do STF durante o primeiro lance do golpe, o julgamento do mensalão, hoje desfruta de sinecura milionária da Fundação Roberto Marinho, e dá palestras nos Estados Unidos dizendo que o Brasil vive uma necessária “pausa democrática”.

Em 1964, como hoje, os defensores da democracia são tratados como radicais exóticos pela grande imprensa, que trata de manipular inclusive as notícias que chegam do exterior, em seu afã para manter a opinião pública nacional no cercadinho golpista.

Um senador da república, num arroubo de sinceridade, ousou dizer ao advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que ele estaria proibido de pronunciar a palavra golpe no recinto. A tentativa de censura mereceu uma espirituosa resposta de Cardozo, mas a infâmia de se pretender promover censura justamente num dos ambientes mais emblemáticos de uma democracia, mostra que o clima de opressão política se consolida com muita força no país.

Será que estamos paranoicos? Será que estamos diante de uma onda emocional rápida, que irá se desfazer rapidamente? Ou será que a noite fascista se abaterá de forma terrível sobre o país por longos anos, tolhendo liberdades, destruindo organizações políticas, fazendo retroceder uma série de avanços sociais?

Haverá repressão à opinião crítica e independente? O novo governo investirá contra a imprensa alternativa, os blogs, os centros de pensamento que debatem democratização da mídia?

Ainda no Senado, hoje os especialistas em favor do governo fizeram intervenções contra o impeachment. Marcelo Lavenere, advogado que assinou o pedido de impeachment contra Collor, fez mais uma excelente explanação contra o golpe. Mas os senadores parecem não estarem nem um pouco interessados em mais nada.

A sua opinião já está feita e os jornalões não param de anunciar medidas a serem tomadas pelo novo governo, além, é claro, de avançarem contra Dilma e Lula.

Os jornais falam que Michel Temer irá reformar a inteligência do governo, recriando o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), uma das tristes heranças da ditadura. Os nomes cogitados para dirigi-lo são todos da direita inimiga dos movimentos sociais, o que naturalmente desperta o receio de que o governo, assim como na ditadura, assim como no governo FHC, voltará a tratar os movimentos sociais, assim como sindicatos, e organizações ligadas ao mundo do trabalho e do pensamento, como inimigos do Estado.

A imprensa finge não ver nada. Tudo para ela é normal, assim como foi em 1964, quando ignorava até mesmo o espancamento de seus fotógrafos, durante a repressão a manifestações de estudantes.

O golpe se torna mais explícito diante da seguinte situação: elegemos um governo de esquerda, que está sendo derrubado para que um bando de delinquentes da direita mais golpista e corrupta que se possa imaginar, aliada aos elementos mais extremistas, como Jair Bolsonaro e Silas Malafaia, assumam o poder máximo da república.

Assim como em 1964, o povo assistiu a tudo de longe, indiferente, vítima que era e ainda é da falta de informação.

A ficha ainda não caiu para o povo brasileiro.

O que acontecerá quando ele descobrir que o seu principal direito político, o voto, foi roubado por um punhado de criminosos da política e da mídia?

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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