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(Foto: Mídia Ninja).
Análise Diária de Conjuntura – 28/04/2016
É assustador o que fizeram com o Brasil. Nem o mais imaginativo escritor de ficção científica imaginaria uma trama tão sórdida.
Todos os demônios saíram do armário e disputam quem será o mais vil traidor do povo brasileiro. Ao rasgar a ética fundamental de uma democracia, o respeito às urnas, os golpistas agora se sentem dispostos a qualquer aventura autoritária. [/s2If]
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Situação perigosa: os movimentos sociais reagem com paixão ao golpe de Estado, já pressentindo, com razão, que eles serão as primeiras vítimas de um amplo movimento que visa implantar uma ditadura branca no país.
Então a gente pensa na lei antiterrorismo, que os próprios movimentos combateram com tanta ênfase, conscientes de que seria usada contra eles.
Poderíamos até imaginar que essa lei já foi planejada pensando no golpe e na reação ao golpe… Contando, naturalmente, com a estupidez lendária de um governo que renunciou à política e à inteligência política desde seu primeiro dia.
Pelo menos não podemos acusar os golpistas de serem criativos: seus movimentos são todos previsíveis. A Lava Jato, que setores da esquerda, ingenuamente, tentaram jogar no colo da direita, já sinaliza que interromperá sua ridícula infinita sucessão de etapas, em que investigações vão sendo abandonadas em prol de outras, sempre em busca do objetivo político supremo: prender Lula, criminalizar o PT e preparar o terreno para o golpe.
O golpe já foi dado, então a Lava Jato já começa a descansar. Agora pode se voltar ao objetivo de prender Lula, conforme adianta o procurador Carlos Lima, uma espécie de vilão de história em quadrinhos, figurinha desprezível comparável ao inspetor malvado do romance Os Miseráveis, de Victor Hugo, obcecado em perseguir o heroi do livro.
É uma situação difícil, porque o golpe midiático, somado ao terrorismo judicial, conseguiu romper o delicado pacto de classes costurado pelas vanguardas políticas desde o fim da ditadura. Temos a impressão que o capital econômico, em peso, abraçou o golpe de Estado – e evidentemente isso constituiu o fator mais importante do impeachment. Esse alinhamento do capital foi construído pela Lava Jato, que protagonizou uma espécie de ameaça a todo o sistema econômico: ou apoia o golpe e viola a democracia ou destruiremos tudo, eles pareciam dizer. Tanto é que, repito, todos os sinais da Lava Jato agora são no sentido de arrefecer o ímpeto de devastação.
O Ministério Público Federal, porém, continua sua campanha para destruir as grandes empresas, e está conseguindo, abrindo um mercado bilionários para empreiteiras do mundo inteiro, em especial americanas, chinesas e europeias.
É com grande curiosidade que espero a reação do povo brasileiro ao primeiro pronunciamento em rede nacional do nosso novo presidente da república, Michel Temer. Haverá panelas?
Possivelmente, Temer deixará as medidas mais duras para serem implementadas após os seis primeiros meses de governo interino, por razões políticas óbvias: precisa manter um mínimo de popularidade antes de vencer a votação definitiva no senado, por dois terços; e aproveitará também para construir uma plataforma de campanha para essa nova frente política surgida dos escombros do caos: esse monstro bicéfalo PMDB/PSDB.
As denúncias contra o golpe continuam reverberando com muita força, mas o controle hegemônico da mídia sobre a narrativa lhe confere um poder inacreditável de normalizar até mesmo o pior dos crimes.
Parece que estamos bradando num deserto!
Essa é a batalha, porém, que eles não ganharam: o golpe é um golpe, e a denúncia tem se espalhado mundo à fora como um rastilho de pólvora. Não se deve, porém, confiar em demasia na imprensa internacional. Após os primeiros meses de indignação mundial, os piores golpes se institucionalizam. A imagem do país vai pro beleléu, mas quem se importa com isso?
O capital tem interesse no golpe no Brasil porque ele tem um significado importante: ao fragilizar a democracia no Brasil, ele fragiliza a democracia em todo o mundo, ou melhor, impõe um controle “técnico” sobre a democracia, reduzindo-lhe a desenvoltura e a liberdade.
Uma democracia técnica, manietada por um judiciário radicalmente conservador, sob controle estrito do capital, com a narrativa de seus feitos ou desfeitos hegemonizada por meios de comunicação de “confiança”, eis a nova utopia das grandes corporações!
A grande denúncia contra o golpe no Brasil, por isso mesmo, por constituir uma ameaça à democracia em todo mundo, precisa ser costurada internacionalmente.
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Antonio Passos
28/04/2016 - 18h28
A incrível mas concreta realidade, é preciso dizer com palavras claras, é que para Dilma só restaria a resistência armada. Com o povo ou com as próprias forças armadas, que lhe parecem fiéis. Como ela não foi capaz sequer de nomear um ministroo da justiça, de falar na TV, ou de enfrentar a mídia, deve mesmo é sair com o rabo entre as pernas e passar os próximos seis meses passeando pelo mundo.