Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Imprensa europeia vê carnaval e “insurreição de hipócritas” na votação do impeachment
Deputados aos berros, entoando canções e tirando selfies não estavam à altura da gravidade da situação, afirma a imprensa europeia, que destaca ainda que “inúmeros parlamentares são alvos de processos por corrupção”
no DW Brasil
A imprensa europeia destaca nesta segunda-feira (18/04) a derrota sofrida pela presidente Dilma Rousseff na votação do impeachment na Câmara dos Deputados, com especial atenção para o comportamento dos deputados federais no plenário.
Numa análise assinada pelo correspondente Jens Glüsing e intitulada “A insurreição dos hipócritas”, o site da revista Der Spiegel afirma que o Congresso brasileiro mostrou sua “verdadeira cara” e, com o uso de meios “constitucionalmente questionáveis”, colocou o “avariado navio Brasil” numa “robusta rota de direita”.
“A maior parte dos deputados evocou Deus e a família na hora de dar o seu voto. Jair Bolsonaro até mesmo defendeu, com palavras ardentes, um dos piores torturadores da ditadura militar”, escreve o jornalista, que lembra que tanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como o vice-presidente Michel Temer são alvos de investigações por corrupção.
Segundo a revista, os deputados que votaram a favor do impeachment vão cobrar postos no governo de Temer, caso ele assuma a Presidência da República, e que muitos deles esperam que, com a vitória da oposição, as investigações da Operação Lava Jato desapareçam.
O site do semanário alemão Die Zeit afirma que a votação na Câmara “mais parecia um carnaval” e que uma pessoa desavisada que visse a sessão não poderia ter ideia da gravidade da situação. “Nesse dia decisivo para o destino político da sétima maior economia do mundo, o que se viu foram horas de deputados aos berros, que se abraçavam, tiravam selfies e entoavam canções”, relata o correspondente Thomas Fischermann.
“Nos discursos dos representantes do povo havia tudo o que se possa imaginar: lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em Jerusalém, elogio a um torturador do antigo governo militar, o jubileu de uma cidade e assim por diante”, afirma o jornal.
Já o diário alemão Süddeutsche Zeitung destaca que “inúmeros parlamentares que impulsionaram o impeachment de Dilma são, eles próprios, alvos de processos por corrupção”. O correspondente Benedikt Peters lembra que o processo contra Rousseff é controverso e é considerado político. “Contra Dilma nenhum ato de corrupção foi comprovado.”
Segundo o jornal britânico The Guardian, um Congresso “hostil e manchado pela corrupção” votou pelo impedimento da presidente. “Uma derrota esmagadora”, afirma o jornal, que também destaca a votação no plenário. “O ponto mais baixo foi quando Jair Bolsonaro, o deputado de extrema direita do Rio de Janeiro, dedicou seu voto a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que comandou a tortura do DOI-Codi durante a era ditatorial”, e levou “uma cusparada do deputado de esquerda Jean Wyllys”.
Para o jornal, é “improvável” que Temer também perca suas funções se for provado que ele praticou as chamadas “pedaladas fiscais”, já que tem “forte apoio” da maioria dos deputados.
O jornal espanhol El País diz que a aprovação do impeachment era mais do que esperada e que Dilma “está a um passo” de ser tirada do poder. “Dilma Rousseff recebeu um empurrão, talvez definitivo, para sair da presidência do Brasil pela porta de trás da história”, diz o artigo. “Uma derrota completa para o governo e Rousseff.”
O El País diz que a votação na Câmara foi marcada por tumulto e “cânticos um tanto ridículos às vezes” e destaca que a condução de Cunha, acusado de manter contas milionárias na Suíça com dinheiro da Petrobras, é “um sintoma da estrutura moral de boa parte do Congresso brasileiro”.
De acordo com o jornal espanhol, o “capital político” da presidente “será completamente diluído” com o voto favorável do Senado, “coisa que agora parece muito provável”, e o posterior afastamento dela do cargo por 180 dias, como prevê o rito do impeachment.
O francês Le Monde destaca a “descida ao inferno de Dilma Rousseff”, dizendo que até as últimas horas “ela acreditou” no voto dos 54 milhões de brasileiros que a elegeram em 2014. O jornal diz que o marketing do governo sobre a prática de “golpe” contra a presidente não teve sucesso, apesar de boa parte dos deputados favoráveis ao impeachment também serem acusados de corrupção.
Segundo a publicação, Dilma paga por “erros econômicos, diplomáticos e políticos que ajudaram a fazer dela a chefe de Estado mais impopular da história da jovem democracia brasileira”.
Willians Francisco de Paula
20/04/2016 - 13h28
um espetáculo deprimente , horrendo ,sem vergonha um bando de ladrões rindo na nossa cara porque escaparam da cadeia , do STF , MP e agora não tem a PF nos seu encalço , sim porque agora parou tudo até a mídia nem fala mas no assunto vergonha é pouco
Lola Canosa
18/04/2016 - 22h21
Eu vi onte a votação e fiquei abraiada. Nunca imaginei que essas coisas se pudessem fazer num parlamento. Falta de respeito, pouca educação, ruido…Uma farsa completa. Os que votavam sim, só pensavam nas suas famílias e amigos, falavam de deus, como se for integristas religiosos, levavam bandeiras como se os demais não for brasileiros…Parecido ao que fazem aquí os fascistas herdeiros da ditadura de Franco, ainda que não no Parlamento, mas nas suas manifestações pelas ruas e na sua política diária. Mas o Parlamento é o lugar onde o povo fica representado. Não é um lugar pra fazer carnaval. Mágoa de país, que eu amo porque falam a lingua que nasceu na minha terra, A Galiza. E porque me parece um lugar cheio de beleza, talento e diversidade. Desejo a melhor das sortes pra todos os brasileiros.
Lola Canosa
18/04/2016 - 21h41
Eu seguí a votação em direto desde A Galiza. Não podia acreditar quando aqueles senhores que votavam pelo sim citavam às esposas, filhos, netos, mesmo com os nomes, aos amigos…Estavam mesmo a se retratar: Estão na política para favorecerem-se eles, as suas famílias e os seus amigos-Também me surpeendeu a falta de educação de certas pessoas que estiveram todo o tempo armando rebúmbio, como se aquilo for uma trangalhada e não o Parlamento da Nação. Outra coisa surpreendente, para mim, foi que houvesse citas de deus, de Jesús…e que os do sim levasem a bandeira do Brasil como se só eles for brasileiros. Todo isso, fez-me pensar na Espanha. A direita que vem da ditadura, tem as mesmas maneiras: Invocam à família, à religião, às bandeiras…Parece que os fascistas são iguais cá e lá. Ainda que aquí, com menos teatro e mais tranquilidade. Pelo momento.
Almir Nunes
18/04/2016 - 20h22
Curioso, após o golpe de ontem, a Bovespa e o dólar caíram hoje. Não
seria de se esperar o contrário, uma espetacular subida da bolsa provocada pela euforia dos mercados? E a Globo, vai dar manchete, “Bolsa cai após o golpe”? Não era assim que essa empresa de desinformação agia , associando flutuações da bolsa a notícias negativas sobre o governo Dilma? Será que andaram enganando alguém? Ou os especuladores globais entenderam bem o que aconteceu ontem, que isto aqui é uma República de Bananas, nem um pouco confiável? E me refiro a bananas em mais de uma acepção desta palavra. Pobrezinhos dos coxinhas, com seu rico dinheirinho aplicado.
Com relação ao El País, não é a Dilma que esta na eminência de sair da Presidência do Brasil pela “porta de trás da história”. São, sim, os golpistas que tentam entrar por ela, arrombando-a cinicamente, já que a porta da frente se encontra trancada para eles pelo povo brasileiro.
Marivane
18/04/2016 - 20h15
conhecemos o nosso congresso, através da votação de ontem. O baixo clero é a maioria .
AZ Botelho Paiva
18/04/2016 - 21h58
Será? Num acho não!!!
Junior Lopes
18/04/2016 - 16h01
Durante a votação, um bando de rapazes bem jovens ficaram durante todo tempo em volta do microfione, molestando os que votavam “não” Além deles havia também outros, não tão jovens, carecas, empenhados em seu trabalho sujo. Lá pelas tantas, apareceu entre eles o tal de deputado Marcelo Aro, que, sinceramente nunca vi tão repulsivo. Fiquei na dúvida: seriam estes papagaios de pirata deputados ou seriam marginais de colarinho e gravata encomendados pela oposição para constranger os deputados democratas. Se de fato forem deputados, resta muito pouca esperança para nossa democracia
Geysa Helena Dantas Guimarães
18/04/2016 - 18h50
Também achei um horror. Parecia programa do Ratinho, um baguncê.
fausto
18/04/2016 - 15h53
O marketing do golpe não teve sucesso por motivos simples: uma parte da população quer a Dilma morta – graças ao discurso da mídia criminosa que o governo deixou de combater – e outra sequer entende a gravidade da situação.
Vamos parar com fantasias e identificar a situação: aquele é o congresso que representa o Brasil.
Gostemos ou não.
Aquilo é a cara do Brasil.
O que dá uma idéia da enrascada em que nos metemos.
Denise Espirito Santo
18/04/2016 - 15h36
golpe com o abono da tradição, família e propriedade; parecido com 64? de certo modo, um pouco pior dada a rastaguerice daqueles deputados, vergonha para nós brasileiros reféns de uma camarilha tão abjeta e nefasta, mas lembrem-se os que lambem as botas dos vendilhões do país, pagaremos muito caro por isto, não haverá nenhuma garantia de que só entraremos direto para a lixeira da história, gravem bem este dia,
AZ Botelho Paiva
18/04/2016 - 22h03
Que dia você quer que gravemos? O dia da votação, ou o dia em você se manifestou contra os nobres Deputados?
Talita
18/04/2016 - 14h25
Carnaval vamos fazer é nas olimpíadas, caso Temer assumir…vai ter trocentos blocos se manifestando, vaiando, gritando as verdades para todos os países! Eles verão ao vivo e a cores…mas não pela globo! rss…
márcia Julita f Santos
18/04/2016 - 14h01
Dilma paga por mexer na ratoeira,a revolta dos ratos,querendo salvar a pele,fez a união de todo tipo.Eles queriam tudo menos defender a constituição.Uma câmara cheia de corruptos desesperados por salvar seus pescoços.