Um novo começo
Por Mídia NINJA
Todos ouvimos perplexos seus votos. Nada mais apodrecido e distante do Brasil real que esta Câmara dos Deputados presidida por um gângster, onde machos brancos, ricos, torturadores e analfabetos políticos, a maioria deles indiciada por corrupção, fazia dedicatórias de voto às famílias enquanto vaiava grosseiramente as deputadas mulheres. É este o nível da elite política do país. É este o câncer da política tradicional. É este o nosso desafio épico: reinventar o jogo.
Todos ouvimos seus votos. Votaram por Deus, pela família, pela propriedade, pelas tradições, como num velho filme já visto. Poucos falaram em crime de responsabilidade. Houve até homenagem ao torturador responsável por violentar a jovem Dilma, quando aos vinte e poucos anos de idade, lutou e sofreu na carne por esta democracia que hoje lhe golpeia e nos tortura a todos. Se desmoralizaram diante de todo o país. A Câmara derrubou a si própria, derrubou sua legitimidade. Instalou no país o estado de exceção.
Mas enquanto a Casa Grande ataca, a senzala resiste. Nas ruas da resistência democrática o domingo foi um dia vibrante que prova a rearticulação de um novo campo político da própria esquerda brasileira. As organizações sindicais, os movimentos sociais, foram capazes de se reinventar nas redes e nas ruas e mostraram que o vermelho ainda pulsa. Diante do pior Congresso da história da democracia, as ruas mostraram vigor para defender as conquistas e retomar as mudanças.
Não é só político, é civilizatório e espiritual. Toda a sociedade precisa mudar. A mudança é de comportamento e visão de mundo. O século XXI está a nos exigir uma verdadeira revolução cultural. Todos hoje fomos vítimas desta infame tortura coletiva. Não passarão! O Brasil defenderá a legalidade democrática enquanto imagina, inventa e sonha uma nova institucionalidade que precisaremos construir juntos, enquanto esta desaba, mãos dadas, ombro amigo, cabeças erguidas. Não terminou.
Os ratos levaram apenas um round. Restam ainda mais duas votações no Senado. A primeira será pela admissão da denúncia, basta maioria simples, e certamente passará. O segundo round é quando se leva a julgamento o crime de responsabilidade, em sessão conduzida pelo Presidente do STF e que deve reunir maioria absoluta de 57 senadores para a aprovação final do impedimento. A luta está só começando. Não é o fim, é só um novo começo. Venceremos!