Aos 64 anos, jornalista enfrenta de novo a ditadura
Por Mauri Alexandrino* em seu Twitter. Compilado pelo Viomundo.
Nunca imaginei isso! Fui agredido defronte ao prédio em que moro por um desses jagunços do golpe, um pitbull enlouquecido, tão jovem quanto covarde.
A acusação dele era a de que eu sou petista!
Veio do outro lado da rua, babava, porque respondi aos “fora Dilma, puta e ladra” que ele bradava pela rua – ouvi da outra calçada – com um “não vai ter golpe, babaca”.
Atravessou a rua e chegou a mim, o dobro, talvez o triplo, de meus pobres tamanho e corpo. Eu cheio de sacolas de compras.
Chegou com uma camisa laranja do Itaú, espumando.
Perguntava “você é petista, filho da puta, você é petista?”
Respondi que sim e que não precisaria perguntar pra saber que ele era um golpista safado. Perdi as estribeiras, como qualquer pessoa perderia.
Enfiou aquele ombro tão enorme quanto energúmeno no meu peito. Violência em estado puro.
Caí para tras, de costas, quebrando garrafas e outras coisas das sacolas.
Disse a ele: “ignorante, eu podia ser seu pai, coxinha de merda. Covarde”. Respondeu com insultos.
Perguntei se tinha coragem de me dar seu nome, se era homem o suficiente para isso, já que parecia “tão macho”. Deu nada. Ameaçou me chutar.
Atravessou a rua de novo, xingando. Foi-se, como covarde banal que é.
Tenho 64 anos de idade. Atravessei a ditadura, o fascismo do estado militar.
Sobrevivi para ser um velho ameaçado e humilhado por essa corja incontrolável.
Não, não é um psdb, era só um cão raivoso e descontrolado. Não representa as pessoas que conheço na oposição. Não as que respeito!
Não é sequer um santista, ou essa cidade mudou mais que eu pensava.
Tenho o vídeo do prédio e já está denunciado à polícia.
*Mauri Alexandrino é jornalista em Santos – Terça-feira, 12 de abril de 2016, ocorreu às 13 horas.