Frente parlamentar antgolpe articulada por Lula já reuniu 185 assinaturas de parlamentares. Mais do que as 172 necessárias para derrotar o impeachment.
Na Folha.
Lula articula frente com assinaturas suficientes para barrar impeachment
MARINA DIAS
AGUIRRE TALENTO
DE BRASÍLIA
14/04/2016 11h38
Articulada diretamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma frente parlamentar com 185 assinaturas de deputados federais, número suficiente para barrar o impeachment, será lançada nesta quinta-feira (14) na Câmara.
O ex-presidente articulou, do quarto do hotel em que montou um QG anti-impeachment, em Brasília, o lançamento de um manifesto em defesa da democracia com o objetivo de comprometer deputados com o voto contrário ao impeachment no domingo (17).
Apesar disso, o ex-presidente admitiu com aliados que estiveram com ele que a atual situação do governo é difícil, principalmente pelo efeito manada gerado pelos recentes desembarques de partidos como PP e PSD. Tanto ele como o Palácio do Planalto entendem que, se houver vitória, será por uma margem apertada.
Segundo a Folha apurou, Lula disse a deputados do PT e do PC do B, envolvidos pessoalmente na construção do que chamam de frente pela democracia, que era necessário mais de 172 assinaturas para publicar o documento.
Caso contrário, era melhor deixar a ideia de lado. Isso porque 172 é o número de votos (ou abstenções) que o governo precisa ter no plenário da Câmara dos Deputados no domingo para barrar o impeachment de Dilma Rousseff.
Até o início da noite de quarta, Lula e os aliados ainda costuravam a lista. Na manhã desta quinta, dirigentes do PC do B avisaram ao ex-presidente que haviam superado a marca exigida por ele.
A presidente do PC do B, deputada Luciana Santos (PE), anunciou que vai protocolar ainda nesta quinta, na Câmara, o que chamaram de Frente Mista em Defesa da Democracia, com assinaturas de 185 deputados e 30 senadores.
Segundo o documento, a frente se propõe a atuar “na defesa da democracia como princípio, dado o momento de grande complexidade no cenário da política brasileira, onde as instituições e a legitimidade do voto estão sendo postos em cheque”.
Lula e os aliados acreditam que, dessa forma, os parlamentares se comprometem com o voto em favor ao governo, mas o ex-presidente ainda tem se mostrado preocupado com o placar apertado e diz que é necessário “trabalhar até o último minuto de domingo”, principalmente entre os deputados indecisos.
Os deputados do PCdoB têm se reunido frequentemente com Lula. A própria Luciana Santos esteve no hotel na quarta-feira. Nesta quinta, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) já conversou com Lula pela manhã.