Chico Buarque e Lula convocam para manifestação no Rio na segunda
Será na Lapa, berço da boemia carioca, aquele que promete ser o maior manifesto pró-democracia já realizado no Rio de Janeiro neste período de ameaça golpista. Com as presenças confirmadas de Chico Buarque, Wagner Moura, Seu Jorge e Leonardo Boff, o encontro terá ainda a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro está sendo programado para a Fundição Progresso, às 17hs. Mas, pela grande procura, em seguida haverá uma manifestação para o palanque na Lapa.
Assinado por cinco intelectuais brasileiros, o manifesto convoca toda a população para um evento que não é exclusivamente em defesa da presidenta Dilma ou do próprio PT, mas pela democracia brasileira que está sob ameaça de um golpe programado pela oposição, parte do judiciário e pela mídia.
O ato de segunda ocorrerá em duas etapas. O primeiro seria dentro da Fundição Progresso, e o segundo em um palanque montado na Lapa. Leia aqui:
“O que vivemos hoje no Brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. Uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre.
Nós, trabalhadores das artes e da cultura em seus mais diversos segmentos de expressão, estamos unidos na defesa dessa democracia.
Da mesma forma que as artes e a cultura do nosso país se expressam em sua plena – e rica, e enriquecedora – diversidade, nós também integramos as mais diversas opções ideológicas, políticas, eleitorais.
Mas nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. O respeito à vontade da maioria. O respeito à diversidade de opiniões.
Entendemos claramente que o recurso que permite a instauração do impedimento presidencial – isso que em português castiço é chamado de ‘impeachment’ – integra a Constituição Cidadã de 1988.
E é precisamente por isso, pelo respeito à Constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. Quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de Estado.
Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia.
Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia.
Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro.
Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. Uma democracia, vale reiterar, que precisa avançar, e muito. Que não seja apenas o direito de votar, mas de participar, abranger, enfim, uma democracia completa, sem fim. Em que cada um possa reivindicar o direito à terra, ao meio-ambiente, à vida. À dignidade.
Ela custou muita luta, sacrifício e vidas. Custou esperanças e desesperanças.
Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre não custe o futuro dos nossos filhos e netos.
Estamos reunidos para defender o presente. Para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver”.
Leonardo Boff
Chico Buarque de Hollanda
Wagner Moura
Fernando Morais
Eric Nepomuceno