Por Fernando Brito, no Tijolaço:
MPF proíbe atos nas Universidades. Querem matar a democracia, que lhes deu a vida
Quando eu era estudante universitário, nos tempos da ditadura, algum espaço de liberdade persistia dentro das universidades.
O famigerado Decreto 477, baixado por Costa e Silva, em 1969, caíra em desuso e seria revogado, em 1979.
Universidade sem liberdade de pensamento e de expressão deste pensamento não existe: é um corpo morto.
Agora, por iniciativa do Ministério Público Federal, esta instituição que vai se tornando maldita como toda aquela que atenta contra sua mãe, a liberdade, ele está voltando.
O Ministério Público de Goiás enviou uma “recomendação” (recomendação uma ova, porque o mesmo texto já requisita a relação de eventos já ocorridos e seus responsáveis) à Universidade Federal de Goiás para que “não realize nem permita, em suas dependências físicas, nenhum ato de natureza político-partidária, tendo por objeto o processo de impeachment da Presidente da República, seja favorável ou contrariamente”.
Como, nas Universidades, é fortíssimo o movimento antigolpe e inexpressivo o do “impeachment” fica claro o alvo dos procuradores, muito bem pagos com o dinheiro público. Aliás, nem escondem seu lado, pois no mesmo texto avaliam que há “grandes manifestações de brasileiros que pugnam pela cassação do mandato da Chefe do Executivo Federal” e apenas “protestos de grupos adversos ao impeachment”.
Quem assina a ordem para este arreganho autoritário são os procuradores Aílton Benedito de Souza e Cláudio Drewes Siqueira.
O primeiro ficou conhecido por intimar o Itamaraty explicar a convocação de “26 jovens do Brasil para compor Brigadas Populares de Comunicação na Venezuela”. Brasil era apenas o nome de um bairro da cidade venezuelana de Cumatá. Pura idiotice.
O segundo, pela tentativa de proibir a veiculação de comerciais sobre as Olimpíadas e Paraolimpíadas, sob a alegação de que “seu objetivo é estimular na sociedade sentimentos favoráveis à Presidente da República, ao seu governo e à coalização partidária que lhe empresta sustentação, num momento em que, como “nunca antes na história deste país”, estão mais fragilizados politicamente, enfrentando elevadíssima rejeição social, inclusive, com processo de impeachment já deflagrado na Câmara dos Deputados, cujo resultado dependerá sobremaneira das manifestações da sociedade que acontecerão nos próximos meses”.
Que autoridade têm estes senhores para falar em atos “favoráveis ou contrários” ao impeachment se eles próprios, no exercício da função pública, os praticam?
Agora, antes mesmo de implantarem sua ditadura, já investem contra a liberdade nos campus universitários.
O que mais farão depois?