No evento “Mulheres pela Democracia”, realizado nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff se disse aberta ao diálogo para assegurar a governabilidade, mas reafirmou, em discurso firme, que isso só será possível caso a democracia seja respeitada: “Nenhum pacto pode ser discutido se não respeitar os 54 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Devem ser respeitados os que não votaram em mim, mas participaram das eleições e acreditam nas regras da Democracia. Nenhum pacto sobreviverá se não tiver respeito pela Democracia”, afirmou.
O diálogo proposto por Dilma se baseia nos seguintes pontos: fim das pautas-bomba no Congresso; união pela aprovação de reformas; retomada do crescimento da economia; preservação dos direitos conquistados pelos trabalhadores; e a urgente reforma política. Para atingir esses objetivos, porém, é necessário derrotar o movimento golpista. “Tentar derrubar uma presidenta eleita sem que tenha cometido um crime de responsabilidade é um insulto a todos os eleitores”, completou.
A presidenta também atacou os vazamentos seletivos no curso da Operação Lava Jato, “direcionados com o claro objetivo de criar ambiente propício ao golpe”. Para Dilma, “passou dos limites a seleção clara de vazamentos”. Alertando que, nos próximos dias, essa estratégia dos golpistas deve ser intensificada, ela avisou que o Ministério da Justiça irá investigar a fundo os vazamentos, além de tomar medidas judiciais.
O papel da mídia no golpe também foi lembrado por Dilma. No último fim de semana, a revista IstoÉ mandou às bancas uma edição vergonhosa e ofensiva a Dilma e a todas as mulheres. “Querem dizer que mulheres sob pressão ficam descontroladas. Isso é um tipo de tratamento que constitui machismo extremamente banal. Não aceito isso. Nenhuma mulher aceita. Estive três anos presa ilegalmente e sempre mantive o controle, o eixo e principalmente a esperança”, afirmou a presidenta.
No evento, que contou com a participação de trabalhadoras, estudantes, intelectuais e representantes de movimentos de luta, foi possível ouvir gritos de “Não vai ter golpe” e “Dilma guerreira”. O tom do discurso da presidenta, desconstruindo a suposta aura de legalidade em torno do impeachment, indica uma postura combativa diante dos golpistas. “Não está escrito que um presidente pode ser afastado porque o país passa por dificuldades. Num regime presidencialista é necessário ter base jurídica e política para tirar um presidente. Submeter-me ao impedimento ou exigir minha renúncia é um golpe, sim. Um golpe dissimulado com um pretenso verniz de legalidade”.
Confira, na íntegra, o discurso da presidenta Dilma durante evento em defesa da democracia: