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Paulo Pimenta analisa os fatores geopolíticos na tentativa de golpe contra Dilma

O deputado federal gaúcho analisa como organizações de extrema-direita e interesses econômicos dos Estados Unidos fomentam a tentativa de derrubar a presidenta por Paulo Pimenta, especial para a Revista Fórum Fim do protagonismo Brasileiro, entrega do petróleo, espionagem internacional, financiamento a organizações de direita, fomento à instabilidade política: está tudo no manual de guerra dos […]

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O deputado federal gaúcho analisa como organizações de extrema-direita e interesses econômicos dos Estados Unidos fomentam a tentativa de derrubar a presidenta

por Paulo Pimenta, especial para a Revista Fórum

Fim do protagonismo Brasileiro, entrega do petróleo, espionagem internacional, financiamento a organizações de direita, fomento à instabilidade política: está tudo no manual de guerra dos EUA. Veja um resumo.

Política Externa Independente

A partir de 2003 Lula deu uma guinada na política externa brasileira. O Mercosul foi fortalecido, criou-se o Banco dos BRICS e brasileiros assumiram a FAO e a OMC — como aponta Luiz Nassif. O maior país da América do Sul, presidido por uma coalizão liderada pela esquerda, contribuía para uma correlação de forças não alinhadas com os EUA. O golpe que atualmente se articula reúne forças políticas que militam contra essa política externa independente; forças que, como lembra Marcelo Zero, propugnam a assinatura de “acordos de livre comércio assimétricos, como o Acordo Comercial Transpacífico (TTP) e o Acordo Transatlântico de Comércio e Investimentos (TTIP)”, e também o abandono do Mercosul e da alta prioridade dada aos BRICS e a outros foros que conduzem a um mundo mais multipolar”.

Destruição do braço empresarial da política externa brasileira

Como argumenta Marcelo Zero, “a participação das grandes construtoras brasileiras em inúmeros projetos de infraestrutura na América Latina, Caribe e África vinha aumentando sobremaneira o protagonismo político e econômico do Brasil nessas regiões e tornando nosso país um importante player no disputado e estratégico mercado de exportações de serviços, setor econômico que mais cresce no mundo.” Agora, com essas empresas fragilizadas pela Operação Lava Jato, tais mercados ficam mais abertos a investidas dos EUA, Europa e China.

Energia

O interesse externo naquela que possivelmente é a maior reserva de petróleo do mundo, o Pré-sal, foi revelado em 2013 quando Edward Snowden, analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), divulgou que sua agência espionava a Petrobrás. Em 2014, por coincidência ou não, começou de forma ostensiva a Operação Lava-Jato, que investiga desvios na Petrobrás. Em 2016, coincidência ou não, começa a ganhar força, no Congresso brasileiro, a possibilidade de aprovação de uma lei que acaba com o regime de partilha do Pré-sal, abrindo-o para a exploração por empresas internacionais do Petróleo. Os promotores dessa ideia são justamente os opositores do Governo Dilma. A Lava-Jato prendeu até mesmo o pai do programa nuclear brasileiro, Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. A tecnologia nuclear é outra área estratégica para nosso país e de altíssima relevância no balanço geopolítico internacional.

Lava-Jato

Instrumento jurídico-político com claro objetivo de prender Lula (sem que tenha cometido algum crime) e de desestabilizar o governo Dilma, a operação é repleta de práticas ilegais (incluindo grampo da própria Presidenta da República). Até mesmo matéria do portal UOL, opositor ao governo, relatou seu rosário de irregularidades, suficientes para anular a investigação toda. Seu condutor, Juiz Sérgio Moro, defende a prisão como método para forçar delações, o que é proibido. Por outro lado, soltou quase imediatamente investigados presos por destruírem provas (caso em que a prisão que é exigida por lei), quando se descobriu que os implicados eram ligados a esquemas de lavagem de dinheiro do Grupo Globo, que detém um quase monopólio da comunicação no Brasil. Moro é constantemente exaltado por campanha massiva dos grandes meios de comunicação, que lhe conferiram inclusive o prêmio “Faz Diferença”.

Coincidência?

De acordo com a Wikipedia, “Moro participou de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro promovidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”. A esposa de Moro trabalha em escritório de advocacia que atende empresas do ramo petrolífero como a estadunidense Helix e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, concorrentes da Petrobrás – como informa o blog Mega Cidadania. A Petrobrás era espionada pelos EUA antes de a Lava Jato ser inaugurada. Como noticiou a revista Isto É essa semana, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos entregou informações à força-tarefa da Lava Jato.

Manual de Guerra dos EUA

Como revelou Pepe Escobar, o Manual de Forças Especiais de Guerra Não-convencional dos Estados Unidos explicita que os esforços desse tipo de guerra é explorar vulnerabilidades de “poderes políticos hostis”, como talvez o Brasil seja considerado. Tais esforços incluem a sustentação de forças de resistência para realizar os objetivos estratégicos dos EUA. Dentre suas estratégias, está a de “perturbar projetos transnacionais multipolares por meio de conflitos”, estimulando grupos políticos antagonistas e as fragilidades internas nos países alvo. Alguma coincidência com a parceria Lava-Jato/mídia, robustecida por protestos de grupos de extrema direita no Brasil?

Irmãos Koch

O Movimento Brasil Livre (MBL) é uma marca criada pelo Estudantes pela Liberdade “para participar das manifestações de rua sem comprometer as organizações americanas que são impedidas de doar recursos para ativistas políticos pela legislação da receita americana (IRS)”, como informa A Pública. O EPL é ligado à Atlas Network, conjunto de fundações da família Koch, que já despejou centenas de milhões de dólares em outras fundações conservadoras. A família Koch tem empresas de diversos ramos, inclusive de petróleo. A Atlas tem fundações conservadoras em países como a Venezuela, coerente com a estratégia de estimular opositores em países não alinhados com os interesses dos Estados Unidos.

Paulo Pimenta é deputado federal (PT/RS) e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

 

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