por Francisco Luís, especial para o Viomundo
Para entender o que se passa no momento atual do Brasil, temos de rever a narrativa dos acontecimentos, visto que a aceleração do processo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff tem relação com a provável delação da Odebrecht, se seria ampla ou restrita ao PT.
Em 22 de março, em nota publicada na imprensa, a Odebrecht menciona estar tratando de um acordo de leniência com a Controladoria Geral da União (CGU), desde dezembro de 2015.
O acordo de leniência, como no caso da Siemens e o esquema de corrupção no Metrô e na Companhia de Trens Metropolitano de São Paulo dos governos tucanos paulistas, tem de ser amplo.
Ou seja, tem de denunciar tudo o que sabe e entregar as provas do que fala, inclusive os pagamentos de propinas.
O acordo garante proteção judicial aos informantes, desde que não mintam e mantenham segredo dos depoimentos.
O acordo deve também investigar ação de cartel no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça atingirá inclusive governos estaduais e municipais.
A nota da Odebrecht aponta ainda para isto:
“Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país -, seguimos acreditando no Brasil”
A direita entrou em pânico, especialmente o PSDB paulista.
A Odebrecht tem mais de R$ 50 bilhões de contratos, sendo que o principal é concessão da linha 6 do metrô paulista.
É bom lembrar a bomba denunciada aqui no Viomundo pela repórter Conceição Lemes e que a grande mídia segue ignorando: Empreiteiras denunciadas na Lava Jato tem contratos de R$ 210 bilhões com os governos paulistas.
O PSDB paulista e os demais golpistas já sabiam disso com antecedência e resolveram agilizar o processo impeachment antes que o acordo de leniência da Odebrecht se concretizasse.
Estranhamente o Ministério Público Federal parece não querer o acordo de leniência
Circulam boatos de que a condição para isso se concretizar seria o Odebrecht denunciar Lula.
Acontece que as listas da Odebrecht, contendo os nomes da linha de frente do golpe — foram vazadas.
Uma derrota para a direita, já que um dos motivos da aceleração do impeachment era impedir que elas viessem a público.
Basta ver a reação da Globo sobre a divulgação de parte das informações das planilhas da Odebrecht. Ainda mais, com a denuncias de que o golpe é para acabar com a Lava Jato, feitas pelo deputador federal Alessandro Molon, da Rede.
O fato é que a ação da Odebrecht matou o discursos da ética da direita e denunciou a sua hipocrisia, promovendo o verdadeiro abraço dos enlameados.
Também aloprou os golpistas, que querem acelerar o impeachment para que nada seja apurado.
Em sua coluna diária na Folha de S. Paulo, a jornalista Mônica Bérgamo afirma o que foi divulgado da Odebrecht é apenas um aperitivo e que um possível acordo de leniência “poderia atingir não apenas quase todo o universo político, mas também setores do Judiciário, da diplomacia, dos militares e até do Ministério Público”.
A cada dia fica mais claro que o golpe, na verdade, é para acabar com as investigações da Lava Jato e implantar uma pauta neoliberal no Brasil. Por exemplo: fim de direitos trabalhistas, como décimo-terceiro, férias remuneradas, fundo de garantia, programas sociais, como o Bolsa Família, e de acesso de estudantes à universidade, como Prouni, Pronatec, Fies; entrega do pré-sal às petroleiras internacionais.