A coletiva da presidenta Dilma Rousseff, informando à imprensa pessoalmente sobre a nomeação de Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, mostrou uma pessoa profundamente aliviada e confiante por poder contar com alguém do peso político de Lula a seu lado.
Dilma estava sorridente e serena.
O conteúdo da entrevista é muito bom.
Dilma deixou claro que Lula entra no governo como super-ministro, com plena confiança e apoio dela.
A pergunta mais difícil foi justamente sobre a questão de poder.
E ela se saiu bem, explicando que Lula vem com plenos poderes para fazer tudo que quiser no governo, e que isso não a incomoda em nada, porque ambos fazem parte do mesmo projeto, e lutam pelas mesmas coisas.
Também foi bastante astuta ao tranquilizar a tigrada do mercado financeiro, assegurando que Lula manterá uma política fiscal responsável, com ênfase no combate à inflação, assim como ele sempre o fez enquanto governou o país.
Dilma foi tão bem sucedida, que o dólar, que vinha subindo há dois dias, voltou a cair. A bolsa subiu, especialmente as ações da Petrobrás.
Não se pode confiar no mercado. Mas ver o mercado aceitar com tranquilidade a entrada de Lula no governo, já é uma batalha a menos que temos de lutar.
Dilma assegurou que Lula vem para ajudá-la a enfrentar as questões políticas e destravar investimentos em infra-estrutura.
Na forma, porém, a postura de Dilma continua sofrível. Ela, definitivamente, não gosta desse formato de coletiva. Ela fica nervosa, não consegue encontrar as expressões certas, não esconde a irritação.
Confrontada por perguntas mais sensíveis, ela não sabe contornar com respostas retóricas.
Dilma não sabe aproveitar o capital midiático que ela, como presidenta, dispõe.
Ela passa a sensação de uma pessoa que não está à vontade ali, que não queria estar ali, e cada frase sua parece sair dolorosamente de sua boca.
Às vezes ela parece que vai engasgar para sempre numa frase.
Esse quebra queixo diário deveria ficar a cargo de Jaques Wagner.
O que importa, todavia, é que ela passou a mensagem principal: Lula vem aí com carta branca para me ajudar governar, porque eu sou a presidente e assim o quis.
Assista ao vídeo.