Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Marcelo Castro diz que grupo irá trabalhar contra pressão pelo desembarque
no O Globo
Na contramão do tom de afastamento do governo adotado pelo PMDB na convenção do partido neste sábado, os seis ministros do partido reafirmaram nesta segunda-feira o apoio à presidente Dilma Rousseff em reunião no Palácio do Planalto.
– A convenção no sábado foi muito emocional, então nós nos sentimos na obrigação, depois dos movimentos de rua de domingo, de ter uma conversa com a presidente Dilma. Fomos reafirmar o óbvio: que somos governo, votamos nela, temos um vice-presidente que foi eleito com ela, administramos juntos, e nossa posição é muita clara de apoio à presidente Dilma e contrário ao impeachment – disse ao GLOBO o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
Segundo relatos, os ministros disseram à presidente que irão trabalhar para que os oposicionistas dentro do PMDB tenham uma convivência “respeitosa” com aqueles que defendem a permanência no governo. A intenção não é, segundo Marcelo Castro, unificar o partido em torno de um polo.
– O PMDB é um partido que tem essa tradição de respeitar as correntes internas. Ao longo do tempo, parte do PMDB apoia um governo, outra parte não apoia e o partido tem respeitado essas posições. Temos um grupo dentro do partido que é francamente contra a presidente Dilma e a favor do impeachment, mas convivemos de forma respeitosa. O trabalho que vamos fazer é para manter essa posição do PMDB, para que as pessoas que são a favor convivam com aquelas que são contrárias – afirmou Castro.
O ministro também defendeu que o vice-presidente Michel Temer assuma uma postura de “neutralidade” sobre as disputas internas no PMDB a respeito da relação com o governo. Marcelo Castro disse que, mesmo que o partido decida desembarcar da base aliada nos próximos 30 dias, as posições daqueles que desejam permanecer no governo devem ser respeitadas.
– O presidente Temer tem que assumir a posição claramente de neutralidade e ser um elo denominador entre todas as correntes do partido, como fazia Ulysses Guimarães. Vamos trabalhar dentro do partido para não haver esse tipo de pressão. Também não vamos pressionar os que são contra a mudar de opinião – pontuou o ministro.
A presidente se encontrou ainda pela manhã com Kátia Abreu (Agricultura), com quem tem uma relação pessoal, e no fim da tarde chamou os demais ministros do PMDB: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Henrique Alves (Turismo), Helder Barbalho (Pesca) e Eduardo Braga (Minas e Energia), além de Marcelo Castro.
O PMDB de Santa Catarina decidiu hoje desembarcar do governo Dilma. Os três peemedebistas com cargos mais altos no Executivo são Djalma Berger, presidente da Eletrosul; Vinicius Lummertz, presidente da Embratur; e Paulo Afonso Vieira, diretor da Eletrosul. Eles estão deixando os postos.
WAGNER MINIMIZA DECISÃO DO PMDB NA CONVENÇÃO
Nesta segunda, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, minimizou a decisão tomada pelo PMDB na convenção, dizendo que o partido resolveu continuar no governo. Segundo ele, o convite ao deputado Mauro Lopes (MG) para assumir a Aviação Civil está mantido e só depende dele. Se o parlamentar mantiver a decisão de assumir a pasta, disse, assume amanhã.
— A convenção do PMDB, cada um vai ler como quiser. Eu leio que o PMDB decidiu ficar no governo. Essa é a minha leitura. O Mauro Lopes, por mim, assume até amanhã. O ministro Berzoini (Secretaria de Governo) está conversando com ele, se a decisão dele estiver mantida, ele assume amanhã — disse Wagner.
(Colaboraram Catarina Alencastro, Eduardo Barretto e Simone Iglesias)