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Casa Grande & Senzala

por Rogerio Dultra dos Santos, no Democracia e Conjuntura De Campo Grande a Belém, de João Pessoa a Salvador, a novidade das manifestações deste domingo foi a presença desse norte e nordeste branco, louro e cevado. O protesto foi, desta vez, por uma polícia federal verdadeiramente política: autônoma e dona do destino de suas investigações. […]

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por Rogerio Dultra dos Santos, no Democracia e Conjuntura

De Campo Grande a Belém, de João Pessoa a Salvador, a novidade das manifestações deste domingo foi a presença desse norte e nordeste branco, louro e cevado.

O protesto foi, desta vez, por uma polícia federal verdadeiramente política: autônoma e dona do destino de suas investigações.

No mais, o fora Dilma foi recheado com os vivas para o sofisticado, democrata e sutil Bolsonaro, com orações para o novo herói judicial, o guardião das garantias processuais Sérgio Moro e com as imagens de racionalidade e prudência de sempre.

A pulverização do financiamento das manifestações “espontâneas” pelo norte-nordeste não se mostrou, entretanto, uma boa estratégia.

Decuplicar a massa protestante em Aracaju, de 300 para 3000 não dá recado nem transmite tranquilidade aos golpistas. Qual o significado político de uma mobilização de 5000 em Vitória do Espírito Santo?

A cobertura da Globonews espelhou o constrangimento.

Não houve clima para euforia. A direita precisava de manifestação de massa. Massa se conta na casa das centenas de milhares.

Nem mesmo São Paulo deu os milhões esperados.

Após o fim do apocalipse que não veio, chegou a hora de cair a ficha dos que estavam na dúvida, sem conseguir ver o óbvio: não houve ganhadores. E as aglomerações da classe média branca foram anabolizadas por uma campanha de mass media, em conluio com financiamento não se sabe de onde e com o estímulo de setores do judiciário, contra um grupo político que certamente não está representando os interesses da Casa Grande.

Mas, na dúvida, as imagens valem mais que mil palavras.

Quinhentos cartazes grotescos, dezenas de bonecos infláveis não dão conta de esconder do que trata imagem aí em cima.

É dominação de classe, neo-escravismo, exploração da pobreza.

Nomeie-se como quiser, mas a família caucasiana de Ipanema com a sua babá negra vestindo branco e trabalhando no dia em que até Deus descansou resume o que as manifestações desejam lá no fundo.

Aquela babá não é boba. Poderia estar com a sua família. Poderia estar em qualquer lugar se o seu emprego não fosse tão precário.

Em quem ela vota? É esta dúvida que traz medo ao grupamento tão combativo das manhãs de domingo.

Aécio e Alckmin foram hostilizados. Representam, querendo ou não, a política tão criticada. A política que precisa de disputa e de voto, e que pode perder ou ganhar.

A caixa de pandora foi aberta no Brasil. Isto é fascismo. O monstro que cresce com o medo, com a ignorância e com o ódio de classe. E que, fundamentalmente não quer saber de política.

No resumo da imagem, o protesto é pelo fim dos direitos daqueles que, como a babá, um dia pensaram que poderiam ser cidadãos em igualdade de condições e de consumo. É um protesto para que voltem aos seus lugares, garantidos aqui desde a colônia e ameaçados, somente ameaçados, pelos últimos governos.

É a imagem da mais pura e profunda corrupção.

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