Foto: Miguel Ângelo/CNI
Todo grande empresário brasileiro que ousar conviver civilizadamente com governos nacionalistas vai pagar pela 'traição' cometida
por Mauro Santayana, na Carta Maior
A exemplo de Marcelo Odebrecht, agora guindado em certos espaços da imprensa brasileira, de bilionário símbolo da livre-iniciativa continental – com avultados negócios nos EUA – a um dos financiadores de uma pseudo conspiração comunista internacional formada para tomar, seguindo ordens do Foro de São Paulo, o poder em várias nações da África e da América Latina, Jorge Gerdau está pagando o preço de ter se aproximado do governo, como Presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do Conselho de Governo da Presidência da República.
Seu filho, André Gerdau, diretor-presidente do Grupo Gerdau, foi alvo de um mandato de condução coercitiva há poucos dias.
Apesar de o Grupo ter apenas recebido autos de infração e ter recorrido ao CARF, na forma da lei, sem sucesso ainda, segundo seus advogados, a empresa foi “visitada” por agentes federais, foram cumpridos 40 mandatos (18 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva) relativos a ela, e teve que adiar – para evitar a “contaminação” pelo fato – para o dia 15 de março a publicação de seu balanço, com as informações financeiras padronizadas, as demonstrações anuais completas, além da realização de uma teleconferência para apresentação dos resultados relativos ao exercício de 2015.
O recado subliminar por trás disso é claro.
Todo grande empresário brasileiro que ousar conviver civilizadamente com governos nacionalistas ou “populistas” em nosso continente – vide o que está ocorrendo, ainda mais uma vez, com a Odebrecht, por causa de suas obras ao sul da fronteira do México com os Estados Unidos, não interessando que tenha erguido metade de Miami, construindo obras como o estádio, o metrô suspenso e parte do aeroporto e do porto daquela cidade – vai pagar, de alguma forma, pela “traição” cometida.
E aprenderá, doravante, não apenas a pensar duas vezes antes de se aproximar de governos rotulados como de esquerda, mas também a fugir – como o diabo da cruz – de qualquer contato com essa “gentalha”.
A questão não é saber se a Gerdau, um dos principais grupos siderúrgicos das Américas, também com negócios nos Estados Unidos, sonegou ou não impostos, ou repassou propina a conselheiros do CARF – se o fez, que pague por isso – mas por que André Bier Gerdau Johannpeter, foi o primeiro – pelo menos até agora – grande empresário a ter sido intimado coercitivamente a depor, expondo-se ao pelourinho da execração pública (vide os comentários derivados do fato na internet) quando se considera que, entre 2004 e 2015, passaram pelas mãos dos conselheiros do CARF decisões do julgamento de dívidas contestadas no valor de mais de 524 bilhões de reais, com a concessão de “perdão” por esses conselheiros, a outras empresas, em montantes maiores do que está sendo “investigado” nesse caso específico.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: por que no lugar de ficar prejudicando mais uma empresa-símbolo da indústria nacional, arrebentando, em nefasto efeito cascata, com a vida de milhares de acionistas e com milhares de trabalhadores e suas famílias, o Ministério Público não começa pelos maiores sonegadores eventualmente envolvidos, usando como um dos principais critérios, o quantitativo?
Alega-se para justificar a “operação”, que teriam sido sonegados – não há provas disso – 1.5 bilhão em impostos pela Gerdau.
No caso do Santander – um banco estrangeiro que já foi acusado de uma série de irregularidades em seu país de origem – a quantia “perdoada” por conselheiros do CARF, em apenas uma oportunidade, foi de quase 4 bilhões de reais, mas ninguém foi conduzido, coercitivamente, a depor, por causa disso.
Será que é por que a intenção – a exemplo do que ocorre no âmbito da Operação Lava-Jato e com o atraso no julgamento do escândalo do metrô e dos trens em São Paulo – parece ser acabar com o capital nacional, destroçando, institucionalmente, as principais empresas brasileiras, enquanto se trata as multinacionais estrangeiras com luvas de pelica?
Além de seu “perdão” ter sido bem maior do que o supostamente atribuído à Gerdau, o Santander têm pelo menos duas “vantagens” a mais para atrair – seguindo a nova orientação estratégica do judiciário brasileiro – a atenção da mídia: há várias e boas fotos – sorridentes – do falecido fundador do grupo, o Sr. Emílio Botín, com a Presidente Dilma.
E, assim como o uniforme da “Fúria”, a estrela do PT, os bólidos da Ferrari, os maços de Marlboro e as “capas” e “muletas” que dançam nas mãos dos toureiros e enfurecem certos quadrúpedes, obcecados por nelas, chifrudos e bovinos, a marca do banco espanhol – ao contrário do que ocorre com aquela do grupo Gerdau – ainda por cima é vermelha, imaginem!