As oposições da Venezuela, maioria no Parlamento do país desde as eleições de 2015, comunicaram oficialmente aos Poderes Executivo e Legislativo do Brasil que vão fazer tudo ao seu alcance para “substituir de forma pacífica, constitucional e popular o Governo do Presidente Nicolás Maduro”
Segundo os parlamentares que, na segunda-feira, 29, foram recebidos pelo Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, houve uma grande preocupação em informar o Brasil de seus objetivos, “devido à importância do país na geopolítica da América Latina” e à sua “grande influência sobre as demais nações de toda a região”. Os oposicionistas venezuelanos dizem que vão agir de acordo com os “mecanismos constitucionais que serão ativados nos próximos dias e substituir de forma pacífica, constitucional e popular o Governo do Presidente Nicolás Maduro”.
Para a Deputada Federal Margarida Salomão (PT-MG), “as oposições conservadoras, radicalizadas na América Latina, perderam completamente o sentido público da disputa política. Como é possível que um mandato obtido de forma constitucional possa chegar ao fim antecipadamente só para atender à vontade de uma determinada força política? Isso desconstitui o Estado de Direito, ameaça profundamente a democracia, e então eu entendo que isto é um despautério e uma atitude a ser repudiada”.
Colega de partido da parlamentar mineira, o Deputado Jorge Solla (PT-BA) vai além:
“Qualquer atitude desta natureza, de tentar abreviar o mandato do Presidente Nicolás Maduro, é uma prática golpista e reacionária muito prejudicial ao país. Há uma onda conservadora e direitista na América Latina que coloca em risco a estabilidade democrática na região. Além disso, está crescendo a influência dos Estados Unidos em vários países latinos, o que é muito preocupante.”
Já o Deputado Federal Roberto Freire, de Pernambuco, presidente nacional do PPS e membro da oposição no Brasil, tem conhecimento da iniciativa dos parlamentares venezuelanos e comenta:
“Num primeiro momento, os colegas da Venezuela falaram em obter uma anistia no país, tirando das prisões os presos políticos. Num segundo momento, começam a falar de uma possível diminuição do mandato de Nicolás Maduro através de um mecanismo constitucional que é o referendo revogatório, ou seja, uma análise do eleitorado venezuelano sobre como o presidente da República está desempenhando as suas funções e se conduzindo no cargo. Nós, da oposição no Brasil, comungamos deste sentimento dos parlamentares da Venezuela de promover a redemocratização do país e, da mesma forma, abrir as portas das prisões para os que estão na condição de presos políticos. Mas este é, eminentemente, um assunto interno e soberano da Venezuela.”
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Ouça aqui a entrevista da rádio Sputnik Brasil com os parlamentares Jorge Solla (PT-BA), Margarida Salomão (PT-MG) e Roberto Freire (PPS)