Confira prova de que Lava Jato e mídia formam uma polícia política
por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
No post anterior, o Blog antecipou que divulgaria provas de que um conclave ilegal foi formado por órgãos de controle do Estado e por entes privados com a finalidade exclusiva de caçar petistas – e só petistas – em um processo golpista e literalmente ditatorial.
A partir daqui, o leitor receberá prova inquestionável de que a Operação Lava Jato (entenda-se, o juiz Sergio Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal) atuam em simultaneidade com grupos privados de comunicação para desmoralizarem o Partido dos Trabalhadores, o governo Dilma Rousseff e, acima de todos esses, o ex-presidente Lula.
Sem mais delongas, portanto, vamos aos fatos.
Na última terça-feira (23), uma fonte procurou o Blog afirmando que na próxima segunda (29) ou na próxima terça-feira (01/03) será deflagrada a 24a fase da Operação Lava Jato. Nessa fase, serão quebrados os sigilos fiscal e bancário de 43 pessoas e entidades.
Supostamente, essa operação deveria ser sigilosa. As investigações da Lava Jato correm em segredo de Justiça. Nenhum ente privado deveria ter acesso aos próximos passos da operação. Essa é a teoria. Porém, a prática é outra.
A fonte desta página provou ter informações privilegiadas de que na nova fase da Lava Jato serão quebrados os sigilos de Lula, de Marisa, de todos os filhos deles, de suas empresas, do Instituto Lula, da empresa de palestras de Lula, de Fernando Bittar etc.
O mais estarrecedor, porém, foi a informação de que todos os veículos de uma dita “imprensa simpatizante” (como são conhecidos na Lava Jato os veículos que cumprem determinações dos investigadores no sentido de fustigar petistas) já dispunham de cópia da decisão de Moro quebrando o sigilo das 43 pessoas e entidades que o leitor irá conhecer em seguida.
Pedi à fonte que me enviasse a cópia. Travou-se, então, o seguinte diálogo:
[23/2 23:08] ?+55 41 ?: É isso. Pode fazer chegar as suas fontes no instituto?
[23/2 23:09] Eduardo Guimarães: Me manda a decisão.
[23/2 23:09] ?+55 41 ?: Não posso, coloco em risco a fonte.
[23/2 23:10] Eduardo Guimarães: Se tantos jornalistas têm não há por que
[23/2 23:10] ?+55 41 ?: Posso ditar a decisão, se quiser.
[23/2 23:10] Eduardo Guimarães: Copia a parte do texto sem timbre
[23/2 23:11] ?+55 41 ?: Colocaram códigos em cada cópia para rastrear quem vazar
[23/2 23:11] ?+55 41 : Se eu puder falar ao fone eu leio a decisão pra vc. É uma lauda.
[23/2 23:12] ?+55 41 ?: Posso ler aqui no zap. gravar
[23/2 23:12] Eduardo Guimarães: Pode gravar um áudio? Isso
[24/2 23:12] ?+55 41 ?: O que acha?
[23/2 23:12] ?+55 41 ?: Sim.
[24/2 23:12] Eduardo Guimarães: Isso. Grava
[23/2 23:13] Eduardo Guimarães: Se tiver número de processo. Dá todas as informações possíveis
[23/2 23:14] ?+55 41 : Vou pra rua gravar. Na rua não tenho web. Então vc vai receber em mais ou menos meia hora. Ok?
[23/2 23:15] Eduardo Guimarães: Ok
Enviado pelo UOL Mail Android
Como se vê, são informações sigilosas que agentes do Estado estão repassando a entes privados (grupos de mídia) de forma absolutamente ilegal e com a finalidade de montar um esquema publicitário para atingir investigados à margem da lei.
O que dirá o STF, por exemplo, sobre esses métodos do juiz Sergio Moro?
Chegamos, portanto, ao ponto de comprovar o que está sendo dito acima. A partir daqui o leitor poderá ler a degravação do áudio enviado pela fonte com todos os dados da decisão do juiz Moro, inclusive com o número da decisão.
DEGRAVAÇÃO
— Essas pessoas e entidades deverão ser alvo da fase 24 da Lava Jato, que deve ser detonada na próxima segunda ou terça
–Continuando. Encerrado aqui. Expediu ofício, etc., etc. A quebra de sigilo inclui todos os dados sobre as contas e transações inclusive a origem do crédito e destino do débito. Outras informações, aqui, orientação ao MP pra implementar a quebra, Receita, comunicação à autoridade policial… Datado de 23 de fevereiro de 2016. Sergio Fernando Moro…
— Decisão 5005896-77.2016.404.7000
— Datada de 23 de fevereiro de 2016
— Sessão judiciária do Paraná. 13a
— Vara Federal de Curitiba.
— Pedido de quebra de sigilo de dados bancários, fiscais e/ou telefônicos.
— Requerente: Ministério Público Federal
— Acusado: Luiz Inácio Lula da Silva e seguem-se mais ou menos 40 nomes. A partir daí o juiz [Moro] passsa a detalhar o pedido. Vou agora ao deferimento, que é o que interessa.
— Defiro o requerido e decreto a quebra do sigilo bancário e fiscal de:
- LILS palestras, eventos e publicações (período 2011 a 2016)
- Instituto Luiz Inácio Lula da Silva (período 2005 a 2016)
- Luiz Inácio Lula da Silva (período 2003 a 2016)
- Marisa Letícia Lula da Silva (período 2003 a 2016)
- Fábio Luiz Lula da Silva (2004 a 2016)
- G4 entretenimento e tecnologia digital (2004 a 2016)
- BR4 participações ltda (2004 a 2016)
- Game Corp (2004 a 2016)
- LLF participações (período de 2004 a 2016)
- FFK participações ltda (2004 a 2016)
- Sandro Luiz Lula da Silva (2007 a 2016)
- Flex BR tecnologia ltda (2007 a 2016)
- Luiz Claudio Lula da Silva (2011 a 2016)
- Marcos Claudio Lula da Silva (2007 a 2016)
- Fernando Bittar (2004 a 2016)
- TV Araras ltda (2004 a 2016)
- Costinha assessoria empresarial ltda (2004 a 2016)
- M7 produções e comércio de equipamentos ltda (2004 a 2016)
- Jonas Leite Suassuna Filho (2004 a 2016)
- Editora Go ltda (2004 a 2016)
- Imobiliária Zarpar ltda (2004 a 2016)
- Go Games ltda (2004 a 2016)
- Zapt comércio e serviços ltda (2004 a 2016)
- Go [incompreensível] disco ltda (2004 a 2016)
- Banco Banca consultoria e projetos ltda (2004 a 2016)
- Go mídia participações ltda (2004 a 2016)
- Go Mobile produtos e serviços de tecnologia da informação (2004 a 2016)
- Go Clean projetos ambientais e energéticos ltda (2004 a 2016)
- Imobiliária Go ltda (2004 a 2016)
- PJA empreendimentos ltda (2004 a 2016)
- Nipo Sistema representação e lançamento (2004 a 2016)
- Paulo Tarcísio Okamoto (2004 a 2016)
- Oca 2 consultoria e gestão empresarial (2004 a 2016)
- Guadelupe comércio de roupas e assessórios ltda (2004 a 2016)
- José Filipi Junior (2006 a 2016)
- Instituto Diadema de Estudos Municipais (2006 a 2016)
- AFC3 engenharia ltda (2006 a 2016)
- Adriano Fernandes dos Anjos (2010 a 2011)
- Ignes dos Santos Irrigarai Neto (2010 a 2011)
- Fernandes dos Anjos e Porto Montagens de estruturas metálicas ltda (2010 a 2011)
- Elcio Pereira Vieira (2010 a 2016)
- Edvaldo Pereira Vieira (2010 a 2016)
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Sobre os dois últimos nomes da relação, vale explicar que Elcio é o caseiro do sítio de Atibaia do qual acusam Lula de ser dono e Edvaldo é o irmão dele, que nada tem que ver com o assunto.
Segundo o instituto Lula, ambos foram procurados há poucos dias por quatro procuradores do Ministério Público. Os procuradores não tinham mandato, mas, assim mesmo, interrogaram os dois trabalhadores, que sentiram-se ameaçados.
A primeira grande pergunta que se faz, é a seguinte: quem, diabos, deu poder de polícia para Globos, Folhas, Vejas e Estadões para atuarem conjuntamente com o Ministério Público, a Polícia Federal e, acima de todos, com o juiz Moro?
A Globo, por exemplo, é alvo da Operação Zelotes e é acusada de sonegação de centenas e e centenas de milhões de reais em impostos. Como pode agir como polícia ao lado de Sergio Moro e sua trupe?
O número da decisão de Moro e a relação dos que terão os sigilos quebrados na 24a fase da Lava Jato, a ser desencadeada na semana que vem, comprova que dados sigilosos da Operação vêm sendo sistematicamente vazados para entes privados.
O esquema é tão sofisticado que os vazadores colocam códigos nas cópias que distribuem para saberem que veículo vazou antes da hora, se houver vazamento.
Surge, então, nova pergunta: qual é a finalidade de vazar uma decisão sigilosa da Justiça (com grande antecedência) para grupos privados de mídia? Seria para que fossem fustigando os alvos com matérias, deboches, acusações para que quando essa 24a fase da operação for desencadeada o público já esteja predisposto?
Eis o que o Blog chama de PPA, a Polícia Política Antipetista cujo único objetivo é acusar e prender petistas sem julgamento, sem condenação, em um show midiático com objetivos meramente políticos, dos quais o combate à corrupção passa longe, apesar da retórica.