Efeitos secundários
por Jânio de Freitas, na Folha
Um mistério, mas nem tanto. O juiz Sergio Moro expôs por escrito, os procuradores falaram à vontade, representantes da Polícia Federal falaram também, mas ninguém disse o essencial para dar sentido a essa operação 23 da Lava Jato: por que, afinal de contas, o marqueteiro João Santana “recebeu propina” US$ 3 milhões da Odebrecht, se nada tem a ver com intermediação de contratos da Petrobras, nem se sabe de outras atividades suas que expliquem comissões da empreiteira?
Também não há, nas tantas palavras daquelas vozes da Lava Jato, nenhum indício, consistente ou não, de que o dinheiro da Odebrecht no exterior seja proveniente da Petrobras, como “desconfiam”. Nem que tenha qualquer relação com campanha no Brasil.
A falta até de mínima sustentação das exposições de Sergio Moro, no próprio decreto de prisão de Santana e Mônica, como nas falas dos procuradores e policiais é nada menos do que escandalosa. Ou deveria sê-lo.
O jornalista Fernando Molica levantou, para sua coluna no carioca “O Dia”, o uso de determinadas palavras no decreto de prisão do casal. Sergio Moro diz ser algo “possível” 19 vezes. “Já ‘possivelmente’ foi escrita em 3 ocasiões, ‘provável’ em 5. Moro utilizou alguns verbos no futuro do pretérito: ‘seria’ aparece 14 vezes; ‘tentar/tentariam’ merecem 16 aparições”.
Ou seja, o piso do decreto de Moro é o texto das vaguidões, das inexistências e dos pretendidos ilusionismos.
Anterior por poucos dias, o outro caso gritante na última semana fez Hélio Schwartsman considerar cabível a hipótese de que, suscitada em momento de ataque mais agudo a Lula, a história de Fernando Henrique com Mirian Dutraemergisse como um chamariz das atenções. Em tal limite, e sem ameaçar suas veracidades, a hipótese é admissível. E, por força, desdobra-se em outra.
Ainda que Sergio Moro, os procuradores e a PF dispusessem de elementos convincentes para a prisão de Santana e Mônica, seria preciso fazê-la com a urgência aplicada? Nenhum fato a justificou. O risco de fuga era zero, já estando ambos no exterior. Mas o problemático assunto das remessas e contas externas de Fernando Henrique foi sufocado com mais facilidade. Não que se pudesse esperar um tal assunto levado a sério: a Procuradoria Geral da República, os procuradores e a Polícia Federal não foram capazes de emitir, dirigida à população como devido, sequer uma palavra a respeito. Mas sempre poderia ocorrer algum desdobramento a exigir mais para sufocá-lo.
Além disso, a oportunidade foi perfeita para o fato consumado de ampliar o alcance de Sergio Moro e da Lava Jato, apesar da duvidosa legalidade do novo alcance. O âmbito legal das ações de Moro e da Lava Jato não inclui eleição, campanhas, Santana, e atividades das empreiteiras fora do sistema Petrobras. Extendê-lo já foi tentado, mas o Supremo Tribunal Federal barrou-o. Mas é por aqui que se pode entender o serviço prestado por tanto “possível” e “possivelmente” e “seria”: misturam o marqueteiro com dinheiro da Petrobras. E com as campanhas de Lula e de Dilma, que assim são postas na jurisdição das ações da Lava Jato e de seu poderoso juiz.
Sergio Moro, os procuradores e policiais federais falaram muito sem dizer o essencial. Mas já se entende parte dele.
FANTASMAS
Não tenho apreço por João Santana. Sua demissão da campanha eleitoral na República Dominicana me parece positiva para os dominicanos. Com isso, porém, a funcionária fantasma de José Serra pode voltar, também, a Brasília. Para ganhar outra vez, que tristeza, só como fantasma do Senado. Um efeito secundário da ação de Sergio Moro.
ines godoy caires
28/02/2016 - 07h16
Moro faz todo brasileiro de otário e idiota….
O caso não é somente PT, mas sim, e principalmente, BRICS e Pré Sal…
EUA quer controlar todo continente americano.
Enio
26/02/2016 - 09h35
Relação eleitor coxinha-PSDB/PIG
Entreguistas traidores domando os coxinhas:
http://saojoaquimonline.com.br/saojoaquimdefato/wp-content/uploads/2012/07/charge-eleitor-burro1.jpg
Vitor
26/02/2016 - 07h28
São uns anjinhos, coitados! Só confessaram ter recebido dinheiro ilegal da Odebretch no exterior pq foram ameaçados pela CIA….
Jandy
28/02/2016 - 13h10
Acorda, dorminhoco.
Enio
25/02/2016 - 17h19
A coisa tá assim:
– Você é brasileiro??
-Sou…
– Então já é culpado.
alex
25/02/2016 - 15h42
Possivelmente a águia americana seja primo distante dos tucanos.
Provavelmente os destinos da “Globo Jato” são traçados na bolsa de Nova York.
Desconfio que é muito mais em conta comprar um Juiz do que mandar tropas para o Médio Oriente, aniquilando a 7º economia mundial o Brasil será terra fértil para todo tipo de experiências neoliberais.
Existe um TRIUNVIRATO midiático jurídico e político (Globo, Moro, Aécio) focados na destruição econômica do Brasil visando a entrega das riquezas ao capital estrangeiro.
A globo comemora nos seus jornais a catástrofe que o triunvirato está provocando nos índices económicos e o Faustão que ganha 5 milhões por mês e trabalha 4 horas por semana está preocupado com a CRISE.
Na onda do Moro estão detonando as principais empresas brasileiras responsáveis pela geração de milhões e milhões de empregos em nome de uma caça às bruxas que só existe no imaginário visto que após dois anos de investigações mostram apenas delinquentes comuns atrás das grades até mesmo gente inocente presa por engano.
O Moro fosse médico degolava o paciente para curar a dor de cabeça.
A ingenuidade do empresariado brasileiro é que me surpreende. Comemoram a destruição das suas próprias empresas desde que o Lula seja preso.
Preferem um pais quebrado, mas com Lula na cadeia.
Já se passaram dois anos reviraram a vida do coitado e só acharam uma lancha de lata e uma caixa de isopor…..será que valeu a pena queimar as caravelas.??????????????
Tá aí um bom tema para o marqueteiro das próximas eleições.
JOSE NETO
26/02/2016 - 07h29
Alex, você disse tudo em poucas palavras.
Anônimo
27/02/2016 - 08h14
Muito bem !
Anônimo
28/02/2016 - 15h19
Alex,fantástico seu comentário! Vale a pena você publicá-lo em sua página, muitas e muitas vezes.