Miriamgate: cadê o pixuleco inflável de FHC?

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Análise Diária de Conjuntura – 19/02/2016

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras, dizia Nietszche.

É uma frase coringa, que vale para todo mundo: para esquerdistas aferrados a dogmas ideológicos, para neoliberais pendurados em desmoralizadas teorias econômicas, e vale também para golpistas, esse novo partido que se formou no país, nascido principalmente da aliança entre mídia e meganhagem partidária. Os golpistas tem convicções demais, mas boa parte delas tem origem em baixas paixões políticas: PT morreu, governo morreu, Lula morreu.[/s2If]

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A verdade é que ninguém morreu.

Grande parte da crise econômica vivida hoje tem fundamentos políticos. Da queda de 4% esperada para 2015 e mais 4% para 2016, podemos atribuir um terço à queda dos preços do petróleo, que derrubou a Petrobrás (assim como derrubou todas as petroleiras do mundo); um terço à Lava Jato, que continua sua campanha para destruir a indústria pesada nacional; um terço à crise política brasileira.

A Lava Jato desmoralizou-se, por causa da decisão bizarra de Sergio Moro e da força-tarefa de se meterem em Guarujá, atrás do triplex que não é de Lula, e recuarem apavorados quando veio à tôna que a principal empresa investigada nesta fase, a Mossack Fonseca, tinha laços com a família Marinho, dono da Globo.

A imprensa, por sua vez, fez um papel tão ridículo, com todas aquelas notícias sem pé nem cabeça sobre o “sítio” que não é de Lula, que perdeu mais alguns dentes, numa boca que se esvazia ano a ano.

A crise política vive da guerra midiática contra o governo.

Toda vez que a campanha midiática contra o governo perde força, a crise também arrefece.

E a campanha midiática, para se manter acesa, precisa de escândalos – daí a importância da Lava Jato e dos vazamentos seletivos, que alimentam a imprensa com informações cuidadosamente selecionadas para pautar a agenda política nacional e manter acesa a tocha olímpica da crise.

Toda vez que há escândalo contra o PSDB ou contra a mídia, a crise perde força, porque a oposição se vê neutralizada pela ofensiva das redes sociais.

Foi isso que aconteceu agora.

Uma semana duríssima pós-Carnaval, terminou muito bem para o governo.

Michel Temer, vice-presidente e até pouco tempo membro da ala golpista do PMDB, já tirou o corpo fora do golpe, e tem participado do debate político com frases e discursos bastante contundentes contra o golpe hondurenho que a oposição quer lhe dar via TSE.

Temer mudou. Há alguns meses, quando perguntado sobre a cassação no TSE, ele respondia que, por ele, estava tudo bem, que iria voltar para casa, descansar. Ao mesmo tempo, costurava, junto ao PMDB golpista, um grupo de apoio ao impeachment.

Agora Temer faz a boa luta política em favor do governo, e diz que o processo no TSE, caso a oposição insista em levá-lo adiante, não terminará tão cedo, de maneira que Dilma poderá terminar seu mandato.

Leonardo Picciani, reconduzido à liderança de seu partido (PMDB), sai tão fortalecido que se pode dizer que ele integra agora a liderança do governo na Câmara.

Mas o que mudou mesmo o cenário político, invertendo o jogo, foram dois escândalos:

  1. O triplex dos Marinho, envolvido em irregularidades ambientais, cartoriais, financeiras, conectado à Mossack Fonseca, investigada pela Lava Jato;
  2. As obscenas confissões da ex-amante de Fernando Henrique Cardoso.

A Globo bem que tenta blindar FHC, mas não está conseguindo, até porque o escândalo envolve a Globo.

O “Miriamgate” atinge a Globo em três frentes:

  1. A Globo pagou salário para Miriam Dutra ficar na Europa sem trabalhar, ou seja, engajou-se na campanha corrupta de Fernando Henrique para comprar o silêncio de sua ex-amante, que poderia atrapalhar seus planos políticos;
  2. A Globo tem ligações empresariais com Jonas Barcellos;
  3. A Globo ajudou a acobertar um escândalo político que interessava à opinião pública, porque mostra a corrupção do poder.

O “Miriamgate” atinge o PSDB, através de sua figura máxima, Fernando Henrique Cardoso, justamente no momento em que FHC ensaiava sua volta à vida pública, publicando artigos violentíssimos e udenistas contra o governo e engajando-se, junto com a ala mais radicalizada de seu partido, na campanha do impeachment.

Onde ia, FHC pontificava contra a imoralidade, a ilegitimidade do governo.

Os fatos mostraram aos brasileiros quem é imoral.

Enquanto isso, o governo prepara-se para ganhar quase todas as batalhas no Congresso.

Mas é preciso ainda melhorar o entendimento político entre o Planalto e sua base parlamentar, a começar pela base petista.

Levar adiante uma reforma da previdência, por exemplo, sem um trabalho competente de comunicação, sem conquistar a opinião pública, servirá apenas para desgastar o governo.

Uma reforma da previdência é necessária, por causa do aumento da idade média da população. Mas é preciso comunicação e esclarecimento político.

No front econômico, as notícias continua ruins, sobretudo quando ampliadas pela mídia.
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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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