por Luís Nassif, no GGN
O Procurador Geral do Ministério Público Estadual de São Paulo obedece a dois senhores. O primeiro, a categoria que vota na lista tríplice a ser apresentada ao governo do Estado. O segundo, o próprio governador, que escolhe o procurador e não é obrigado a se prender aos nomes da lista.
Mais que tudo, Márcio Elias representa o MPE junto à opinião pública. Por isso mesmo, não deveria se comportar como líder sindical e sair em defesa do procurador que intimou Lula e sua esposa.
No Ministério Público Federal, esse trabalho é restrito ao Sindicato da categoria. Mesmo porque paira sobre o MPE paulista a suspeita de sempre poupar os políticos do estado. Márcio Elias coordenou a reunião do Conselho do MPE que tirou José Serra e Geraldo Alckmin dos inquéritos sobre o cartel dos trens. As investigações ficaram restritas a funcionários públicos.
É evidente que a convocação de Lula e esposa visou exclusivamente constranger o casal. Ou Elias julgava que o depoimento iria acrescentar alguma coisa de concreto ao inquérito?
E é evidente também que teria implicações sociais complicadas, com o embate entre lulistas e anti-lulistas.
Sem o depoimento, já se quebrou o pau. O que aconteceria se tivesse acontecido a presença física de Lula? O que ocorreria quando dona Mariza fosse ofendida?
Está certo que o cargo de Procurador Geral é político e Márcio Elias não é de ferro. Mas há que se ter um mínimo de responsabilidade institucional para não botar fogo no circo.