César Tralli, apresentador do SPTV 1ª edição
no Viomundo
OFÍCIO ESPECIAL
São Paulo, 15 de fevereiro de 2016.
Senhor César Tralli,
Assisti à edição do jornal SPTV 1ª edição de hoje, 15/02, e fiquei indignada com a reportagem sobre a volta às aulas na rede estadual de ensino, sobretudo ao ouvir a repórter corroborar a posição da Secretaria Estadual da Educação de que estaria errado o levantamento feito pela APEOESP sobre o fechamento de classes que está ocorrendo em todo o estado de São Paulo e que, neste momento, chega a 1112 classes. E este número continua crescendo.
Vosso telejornal, sem ouvir a APEOESP, nos chama de mentirosos, de forma assertiva, inclusive com uma entonação de voz intencional da repórter ao dizer que a “apuração do sindicato está ERRADA”, induzindo desta forma a um juízo de valor por parte do telespectador.
Em seguida, a repórter passa a ouvir um dirigente regional de ensino e, finalmente, o Secretário Estadual da Educação para, novamente, reforçar a posição do Governo Estadual, como se nós, da APEOESP, fôssemos pessoas levianas e sem responsabilidade. O senhor qualificaria isto de jornalismo isento, correto, ético?
Vocês se limitam à condição de porta-vozes do Governo do Estado, acreditando a priori nas informações da Secretaria da Educação em detrimento das nossas.
A Rede Globo, como as demais, é uma concessão pública, mas não pratica jornalismo investigativo quando se trata de assunto que possa incomodar o Governo do Estado; não busca a verdade dos fatos.
A matéria de hoje presta um desserviço aos estudantes, às famílias, aos professores, à educação pública no estado de São Paulo.
Amanhã ou depois terão que se dobrar aos fatos, pois o número de classes fechadas não para de aumentar.
Não é a primeira vez que a Rede Globo de Televisão age desta forma contra a APEOESP e contra os professores.
Em 2015, vocês reproduziram as versões da Secretaria Estadual de Educação de que não havia greve na rede estadual de ensino, até que foram obrigados a reconhecer a realidade. Agora, fazem referência à “maior greve dos professores estaduais”, como se nunca tivessem agido de outra forma.
Também puseram em dúvida nossas informações sobre a reorganização da rede estadual de ensino, fazendo coro com o Governo Estadual quando dizia que estávamos exagerando ou inventando.
Novamente, tiveram que reconhecer a realidade concreta, quando o movimento iniciado pela APEOESP ganhou corpo e extrapolou a própria categoria, envolvendo estudantes, pais, comunidades e movimentos sociais, levando finalmente o Governador a recuar e a Justiça a determinar a suspensão do processo.
Novamente tentam desmoralizar a APEOESP perante a opinião pública, nos qualificando de mentirosos. Não vamos admitir.
Sequer nos deram a oportunidade de demonstrar nossos dados, que a TV Globo, assim como os demais meios de comunicação, recebe de forma detalhada, com os nomes das escolas, suas regiões e os números de classes fechadas.
Escolheram justamente uma escola que ganhou mais uma classe para, a partir daí, enfatizar uma avaliação enganosa da Secretaria da Educação.
Nosso levantamento é sério. Aliás, se o levantamento é de autoria da APEOESP, deveriam ter solicitado ao sindicato que indicasse as escolas a serem visitadas, como procedem quando lhes interessa.
Mas o propósito da Rede Globo neste caso não parece ser o de informar e sim de prestar um serviço ao Governo Estadual, cuja imagem está cada vez mais desgastada nas escolas e na sociedade.
Não aceitamos isto e não autorizamos mais a Rede Globo a citar nossos levantamentos nem utilizar o nome da APEOESP em seus telejornais, sob pena de processo judicial.
Não queremos ser desrespeitados. Somos o maior sindicato da América Latina e sabemos enfrentar os projetos do Governo Estadual que prejudicam os professores e a educação e também a Rede Globo, se for necessário.
Atenciosamente,
Maria Izabel Azevedo Noronha – Presidenta da APEOESP
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