Análise Diária de Conjuntura – Tarde – 01/02/2016
Nesta segunda-feira calorenta, com o país já ansioso pelo feriado de carnaval, as forças da política não deram trégua. Foi um dia agitadíssimo, no front político e econômico.
No front econômico, tivemos o Boletim Focus, do Banco Central, como sempre piorando um pouquinho os prognósticos já pessimistas. É sempre prudente ser pessimista em matéria de economia, porque, se errarmos para baixo, tudo bem. Feio é errar para cima, ser otimista, sobretudo no Brasil.
Mas os analistas de mercado consultados pelo BC fizeram mudanças realmente insignificantes em seus prognósticos, na relação com a semana anterior.
Ou seja, tá ruim, mas um ruim estável.
Também foi divulgada a balança comercial de janeiro. Maior superávit desde 2011. Boa notícia para estabilizar o câmbio, mas os fundamentos do superávit não são tão bons, porque provocados essencialmente pela queda na importação.
No front da política, a grande novidade é o depoimento de José Dirceu ao juiz Sergio Moro, após seis meses de prisão.
O Globo conseguiu um jeito de pinçar uma frase do ex-ministro para jogá-lo contra o senso comum furibundo de seus leitores.
A Folha não deixou por menos e conseguiu uma fotografia do ex-ministro sorrindo matreiramente.
Os ataques semióticos são ainda mais nocivos e destrutivos que textos furibundos de colunistas pagos para fazer esse tipo de serviço, porque boa parte das pessoas hoje apenas prestam atenção em títulos, fotos, charges, videos curtos, de maneira que o ódio é relativamente fácil de ser alimentado.
O jogo é bem pesado. Na falta de novos factoides, os próprios gestos de Lula e de seus apoiadores para se defender são criminalizados. No final de semana, a Folha publicou uma matéria bastante sinistra, com ares de ameaça mafiosa, sobre o filho de Lula, apenas porque este defendeu o pai nas redes sociais.
A reportagem é uma tentativa meio tosca, e mesmo assim sinistra, de intimidar setores da opinião pública que ousem defender Lula e criticar a imprensa.
Por que isso? Por que a mídia já entendeu que seus ataques são, em parte, neutralizados pelas redes sociais.
Outra tática semiótica é dar uma informação já velha, ou já confirmada pela pessoa acusada, como se fosse uma “confissão” de um crime. Ou seja, Lula sempre admitiu frequentar o tal sítio em Atibaia. Sua nota dizia isso. O que fazem os jornalões? Publicam manchetes sensacionalistas: “Lula admite frequentar sítio em Atibaia”, como se estivessem dando um furo e revelando um grande podre do ex-presidente.
Ou vão mais longe, como faz a Época:
São infinitas estratégias, de uma imprensa que chegou onde chegou (decadente, mas ainda poderosa) justamente em função de sua experiência e ousadia em matéria de manipulação.
Lula diz que frequentava o sítio, e a imprensa vem com manchetes sensacionalistas, como a de cima, prontamente retuitada por Ronaldo Caiado: “Exclusivo! Lula esteve tantas vezes no sítio em Atibaia”.
Até parece que o sítio de Atibaia tinha um aeroporto construído com dinheiro público, especialmente para Lula, ou então que algum helicóptero, pertencente a um senador amigo de Lula, tenha por lá pousado com meia tonelada de pasta base de cocaína…
O Globo continua fazendo carga pesada contra o ex-presidente. Agora tenta criar uma polarização Lava Jato X Lula.
Merval Pereira, colunista político principal do grupo Globo, continua obcecado por Lula e usa todas as janelas que a Globo lhe oferece, rádio, Globonews, jornal, blog, para atacar o ex-presidente.
Só mesmo no Brasil, onde não há lei contra a propriedade cruzada, um sujeito como Merval poderia exercer tanta influência, em tantos meios, ao mesmo tempo.
O governo reuniu hoje lideranças dos partidos da base aliada para acertar os ponteiros com o início dos trabalhos no parlamento.
A nova fase da Lava Jato, operação Triplex, combinada à campanha da mídia, parece ter sido encomendada expressamente para influenciar o clima do parlamento, que termina o recesso hoje e retoma suas atividades nesta terça-feira.
Para dar mais um pouco de tempero ao clima, um grupo de 800 juízes divulgou nota, nesta segunda-feira, atacando manifestações de algumas agremiações de juízes contra o impeachment. Em tese, portanto, seria uma nota em favor do impeachment. Mas não é exatamente. É uma nota antes para “validar” o impeachment. Politicamente, claro, é uma nota ruim para o governo, mas não vem de nenhuma associação formal de juízes.
Segundo fontes do Cafezinho, entre os juízes signatários desta nota, está o pior da magistratura, a nata do reacionarismo, gente que defende até mesmo a tortura.
Não é de se espantar. Por trás dos defensores mais ardorosos do impeachment, estão as parcelas mais reacionárias da sociedade, incluindo aí algumas franjas extremamente radicalizadas, que defendem uma intervenção militar, com fechamento do Congresso e até mesmo do Judiciário…
Voltando a Lula, a tentativa de criminalizar o ex-presidente atingiu o ápice neste final de semana, mas esbarrou na força que o ex-presidente ainda possui junto a amplos setores da sociedade. E, verdade seja dita, pelo próprio ridículo da situação.
A tentativa de criar sensacionalismo com o “barco” de Dona Marisa, na verdade uma canoa de alumínio de 4 mil reais, provocou muito mais indignação contra a mídia do que contra Dona Marisa.
A Lava Jato, por sua vez, continua despertando polêmicas acesas na sociedade. A mídia e a operação gostariam que a Lava Jato se impusesse absoluta, sem contestação. Não é isso que está acontecendo. Juristas respeitados, sem ligação com a defesa de nenhum réu da Lava Jato, estão se levantando contra os arbítrios da operação.
A Odebrecht, por sua vez, optou por defender a empresa e seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, num debate mais aberto, criando ainda mais brechas para se criticar a Lava Jato.
Eduardo Cunha ainda tenta uma última manobra junto ao STF, para tentar salvar o impeachment. O próprio fato, porém, de Cunha se manter à frente do processo, já o desmoraliza. E o atual plenário não se mostra nada favorável a atender a nenhum pedido do deputado.
Nenhum juiz quer ser acusado de ser cúmplice de Eduardo Cunha.
Aliás, dois novos delatores (já perdi a conta de quantos delatores já acusaram Cunha) acusaram Eduardo Cunha de ter mais cinco contas no exterior. A grande imprensa, ainda focada na canoa de alumínio de Lula, não deu destaque à esta nova acusação contra o presidente da Câmara.
A manifestação do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) em relação ao caso do promotor do Ministério Público de São Paulo, que fez uma acusação ao ex-presidente Lula através da imprensa, antes de formular qualquer denúncia informal, delineia uma nova postura do campo progressista a partir deste momento.
O campo progressista capaz de sobreviver e se adaptar aos novos tempos de guerra, será aquele disposto a enfrentar a mídia e seus tentáculos fascistas incrustrados no Estado.[:en]Análise Diária de Conjuntura – Tarde – 01/02/2016
Nesta segunda-feira calorenta, com o país já ansioso pelo feriado de carnaval, as forças da política não deram trégua. Foi um dia agitadíssimo, no front político e econômico.
No front econômico, tivemos o Boletim Focus, do Banco Central, como sempre piorando um pouquinho os prognósticos já pessimistas. É sempre prudente ser pessimista em matéria de economia, porque, se errarmos para baixo, tudo bem. Feio é errar para cima, ser otimista, sobretudo no Brasil.
Mas os analistas de mercado consultados pelo BC fizeram mudanças realmente insignificantes em seus prognósticos, na relação com a semana anterior.
Ou seja, tá ruim, mas um ruim estável.
Também foi divulgada a balança comercial de janeiro. Maior superávit desde 2011. Boa notícia para estabilizar o câmbio, mas os fundamentos do superávit não são tão bons, porque provocados essencialmente pela queda na importação.
No front da política, a grande novidade é o depoimento de José Dirceu ao juiz Sergio Moro, após seis meses de prisão.
O Globo conseguiu um jeito de pinçar uma frase do ex-ministro para jogá-lo contra o senso comum furibundo de seus leitores.
A Folha não deixou por menos e conseguiu uma fotografia do ex-ministro sorrindo matreiramente.
Os ataques semióticos são ainda mais nocivos e destrutivos que textos furibundos de colunistas pagos para fazer esse tipo de serviço, porque boa parte das pessoas hoje apenas prestam atenção em títulos, fotos, charges, videos curtos, de maneira que o ódio é relativamente fácil de ser alimentado.
O jogo é bem pesado. Na falta de novos factoides, os próprios gestos de Lula e de seus apoiadores para se defender são criminalizados. No final de semana, a Folha publicou uma matéria bastante sinistra, com ares de ameaça mafiosa, sobre o filho de Lula, apenas porque este defendeu o pai nas redes sociais.
A reportagem é uma tentativa meio tosca, e mesmo assim sinistra, de intimidar setores da opinião pública que ousem defender Lula e criticar a imprensa.
Por que isso? Por que a mídia já entendeu que seus ataques são, em parte, neutralizados pelas redes sociais.
Outra tática semiótica é dar uma informação já velha, ou já confirmada pela pessoa acusada, como se fosse uma “confissão” de um crime. Ou seja, Lula sempre admitiu frequentar o tal sítio em Atibaia. Sua nota dizia isso. O que fazem os jornalões? Publicam manchetes sensacionalistas: “Lula admite frequentar sítio em Atibaia”, como se estivessem dando um furo e revelando um grande podre do ex-presidente.
Ou vão mais longe, como faz a Época:
São infinitas estratégias, de uma imprensa que chegou onde chegou (decadente, mas ainda poderosa) justamente em função de sua experiência e ousadia em matéria de manipulação.
Lula diz que frequentava o sítio, e a imprensa vem com manchetes sensacionalistas, como a de cima, prontamente retuitada por Ronaldo Caiado: “Exclusivo! Lula esteve tantas vezes no sítio em Atibaia”.
Até parece que o sítio de Atibaia tinha um aeroporto construído com dinheiro público, especialmente para Lula, ou então que algum helicóptero, pertencente a um senador amigo de Lula, tenha por lá pousado com meia tonelada de pasta base de cocaína…
O Globo continua fazendo carga pesada contra o ex-presidente. Agora tenta criar uma polarização Lava Jato X Lula.
Merval Pereira, colunista político principal do grupo Globo, continua obcecado por Lula e usa todas as janelas que a Globo lhe oferece, rádio, Globonews, jornal, blog, para atacar o ex-presidente.
Só mesmo no Brasil, onde não há lei contra a propriedade cruzada, um sujeito como Merval poderia exercer tanta influência, em tantos meios, ao mesmo tempo.
O governo reuniu hoje lideranças dos partidos da base aliada para acertar os ponteiros com o início dos trabalhos no parlamento.
A nova fase da Lava Jato, operação Triplex, combinada à campanha da mídia, parece ter sido encomendada expressamente para influenciar o clima do parlamento, que termina o recesso hoje e retoma suas atividades nesta terça-feira.
Para dar mais um pouco de tempero ao clima, um grupo de 800 juízes divulgou nota, nesta segunda-feira, atacando manifestações de algumas agremiações de juízes contra o impeachment. Em tese, portanto, seria uma nota em favor do impeachment. Mas não é exatamente. É uma nota antes para “validar” o impeachment. Politicamente, claro, é uma nota ruim para o governo, mas não vem de nenhuma associação formal de juízes.
Segundo fontes do Cafezinho, entre os juízes signatários desta nota, está o pior da magistratura, a nata do reacionarismo, gente que defende até mesmo a tortura.
Não é de se espantar. Por trás dos defensores mais ardorosos do impeachment, estão as parcelas mais reacionárias da sociedade, incluindo aí algumas franjas extremamente radicalizadas, que defendem uma intervenção militar, com fechamento do Congresso e até mesmo do Judiciário…
Voltando a Lula, a tentativa de criminalizar o ex-presidente atingiu o ápice neste final de semana, mas esbarrou na força que o ex-presidente ainda possui junto a amplos setores da sociedade. E, verdade seja dita, pelo próprio ridículo da situação.
A tentativa de criar sensacionalismo com o “barco” de Dona Marisa, na verdade uma canoa de alumínio de 4 mil reais, provocou muito mais indignação contra a mídia do que contra Dona Marisa.
A Lava Jato, por sua vez, continua despertando polêmicas acesas na sociedade. A mídia e a operação gostariam que a Lava Jato se impusesse absoluta, sem contestação. Não é isso que está acontecendo. Juristas respeitados, sem ligação com a defesa de nenhum réu da Lava Jato, estão se levantando contra os arbítrios da operação.
A Odebrecht, por sua vez, optou por defender a empresa e seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, num debate mais aberto, criando ainda mais brechas para se criticar a Lava Jato.
Eduardo Cunha ainda tenta uma última manobra junto ao STF, para tentar salvar o impeachment. O próprio fato, porém, de Cunha se manter à frente do processo, já o desmoraliza. E o atual plenário não se mostra nada favorável a atender a nenhum pedido do deputado.
Nenhum juiz quer ser acusado de ser cúmplice de Eduardo Cunha.
Aliás, dois novos delatores (já perdi a conta de quantos delatores já acusaram Cunha) acusaram Eduardo Cunha de ter mais cinco contas no exterior. A grande imprensa, ainda focada na canoa de alumínio de Lula, não deu destaque à esta nova acusação contra o presidente da Câmara.
A manifestação do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) em relação ao caso do promotor do Ministério Público de São Paulo, que fez uma acusação ao ex-presidente Lula através da imprensa, antes de formular qualquer denúncia informal, delineia uma nova postura do campo progressista a partir deste momento.
O campo progressista capaz de sobreviver e se adaptar aos novos tempos de guerra, será aquele disposto a enfrentar a mídia e seus tentáculos fascistas incrustrados no Estado.[:es]Análise Diária de Conjuntura – Tarde – 01/02/2016
Nesta segunda-feira calorenta, com o país já ansioso pelo feriado de carnaval, as forças da política não deram trégua. Foi um dia agitadíssimo, no front político e econômico.
No front econômico, tivemos o Boletim Focus, do Banco Central, como sempre piorando um pouquinho os prognósticos já pessimistas. É sempre prudente ser pessimista em matéria de economia, porque, se errarmos para baixo, tudo bem. Feio é errar para cima, ser otimista, sobretudo no Brasil.
Mas os analistas de mercado consultados pelo BC fizeram mudanças realmente insignificantes em seus prognósticos, na relação com a semana anterior.
Ou seja, tá ruim, mas um ruim estável.
Também foi divulgada a balança comercial de janeiro. Maior superávit desde 2011. Boa notícia para estabilizar o câmbio, mas os fundamentos do superávit não são tão bons, porque provocados essencialmente pela queda na importação.
No front da política, a grande novidade é o depoimento de José Dirceu ao juiz Sergio Moro, após seis meses de prisão.
O Globo conseguiu um jeito de pinçar uma frase do ex-ministro para jogá-lo contra o senso comum furibundo de seus leitores.
A Folha não deixou por menos e conseguiu uma fotografia do ex-ministro sorrindo matreiramente.
Os ataques semióticos são ainda mais nocivos e destrutivos que textos furibundos de colunistas pagos para fazer esse tipo de serviço, porque boa parte das pessoas hoje apenas prestam atenção em títulos, fotos, charges, videos curtos, de maneira que o ódio é relativamente fácil de ser alimentado.
O jogo é bem pesado. Na falta de novos factoides, os próprios gestos de Lula e de seus apoiadores para se defender são criminalizados. No final de semana, a Folha publicou uma matéria bastante sinistra, com ares de ameaça mafiosa, sobre o filho de Lula, apenas porque este defendeu o pai nas redes sociais.
A reportagem é uma tentativa meio tosca, e mesmo assim sinistra, de intimidar setores da opinião pública que ousem defender Lula e criticar a imprensa.
Por que isso? Por que a mídia já entendeu que seus ataques são, em parte, neutralizados pelas redes sociais.
Outra tática semiótica é dar uma informação já velha, ou já confirmada pela pessoa acusada, como se fosse uma “confissão” de um crime. Ou seja, Lula sempre admitiu frequentar o tal sítio em Atibaia. Sua nota dizia isso. O que fazem os jornalões? Publicam manchetes sensacionalistas: “Lula admite frequentar sítio em Atibaia”, como se estivessem dando um furo e revelando um grande podre do ex-presidente.
Ou vão mais longe, como faz a Época:
São infinitas estratégias, de uma imprensa que chegou onde chegou (decadente, mas ainda poderosa) justamente em função de sua experiência e ousadia em matéria de manipulação.
Lula diz que frequentava o sítio, e a imprensa vem com manchetes sensacionalistas, como a de cima, prontamente retuitada por Ronaldo Caiado: “Exclusivo! Lula esteve tantas vezes no sítio em Atibaia”.
Até parece que o sítio de Atibaia tinha um aeroporto construído com dinheiro público, especialmente para Lula, ou então que algum helicóptero, pertencente a um senador amigo de Lula, tenha por lá pousado com meia tonelada de pasta base de cocaína…
O Globo continua fazendo carga pesada contra o ex-presidente. Agora tenta criar uma polarização Lava Jato X Lula.
Merval Pereira, colunista político principal do grupo Globo, continua obcecado por Lula e usa todas as janelas que a Globo lhe oferece, rádio, Globonews, jornal, blog, para atacar o ex-presidente.
Só mesmo no Brasil, onde não há lei contra a propriedade cruzada, um sujeito como Merval poderia exercer tanta influência, em tantos meios, ao mesmo tempo.
O governo reuniu hoje lideranças dos partidos da base aliada para acertar os ponteiros com o início dos trabalhos no parlamento.
A nova fase da Lava Jato, operação Triplex, combinada à campanha da mídia, parece ter sido encomendada expressamente para influenciar o clima do parlamento, que termina o recesso hoje e retoma suas atividades nesta terça-feira.
Para dar mais um pouco de tempero ao clima, um grupo de 800 juízes divulgou nota, nesta segunda-feira, atacando manifestações de algumas agremiações de juízes contra o impeachment. Em tese, portanto, seria uma nota em favor do impeachment. Mas não é exatamente. É uma nota antes para “validar” o impeachment. Politicamente, claro, é uma nota ruim para o governo, mas não vem de nenhuma associação formal de juízes.
Segundo fontes do Cafezinho, entre os juízes signatários desta nota, está o pior da magistratura, a nata do reacionarismo, gente que defende até mesmo a tortura.
Não é de se espantar. Por trás dos defensores mais ardorosos do impeachment, estão as parcelas mais reacionárias da sociedade, incluindo aí algumas franjas extremamente radicalizadas, que defendem uma intervenção militar, com fechamento do Congresso e até mesmo do Judiciário…
Voltando a Lula, a tentativa de criminalizar o ex-presidente atingiu o ápice neste final de semana, mas esbarrou na força que o ex-presidente ainda possui junto a amplos setores da sociedade. E, verdade seja dita, pelo próprio ridículo da situação.
A tentativa de criar sensacionalismo com o “barco” de Dona Marisa, na verdade uma canoa de alumínio de 4 mil reais, provocou muito mais indignação contra a mídia do que contra Dona Marisa.
A Lava Jato, por sua vez, continua despertando polêmicas acesas na sociedade. A mídia e a operação gostariam que a Lava Jato se impusesse absoluta, sem contestação. Não é isso que está acontecendo. Juristas respeitados, sem ligação com a defesa de nenhum réu da Lava Jato, estão se levantando contra os arbítrios da operação.
A Odebrecht, por sua vez, optou por defender a empresa e seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, num debate mais aberto, criando ainda mais brechas para se criticar a Lava Jato.
Eduardo Cunha ainda tenta uma última manobra junto ao STF, para tentar salvar o impeachment. O próprio fato, porém, de Cunha se manter à frente do processo, já o desmoraliza. E o atual plenário não se mostra nada favorável a atender a nenhum pedido do deputado.
Nenhum juiz quer ser acusado de ser cúmplice de Eduardo Cunha.
Aliás, dois novos delatores (já perdi a conta de quantos delatores já acusaram Cunha) acusaram Eduardo Cunha de ter mais cinco contas no exterior. A grande imprensa, ainda focada na canoa de alumínio de Lula, não deu destaque à esta nova acusação contra o presidente da Câmara.
A manifestação do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) em relação ao caso do promotor do Ministério Público de São Paulo, que fez uma acusação ao ex-presidente Lula através da imprensa, antes de formular qualquer denúncia informal, delineia uma nova postura do campo progressista a partir deste momento.
O campo progressista capaz de sobreviver e se adaptar aos novos tempos de guerra, será aquele disposto a enfrentar a mídia e seus tentáculos fascistas incrustrados no Estado.