por Fernando Brito, no Tijolaço
Do Valor, ontem: “O procurador da República Frederico Paiva, que atua na força-tarefa da Operação Zelotes, disse nesta segunda-feira não ter entendido os motivos de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter prestado depoimento à Polícia Federal, uma vez que Lula não é investigado pela Zelotes.”
– Não entendi o motivo de o delegado ter ouvido o Lula neste caso”, disse Paiva a jornalistas, durante intervalo das audiências de testemunhas de defesa dos réus da Zelotes. (…) “Ele [Lula] não consta no rol de investigados. Em nenhum momento existe algum ato praticado por ele que tenha sido objeto [de investigação]”. Questionado sobre o que a PF queria saber de Lula, Paiva respondeu: “Tem que perguntar ao delegado, não para mim”. Paiva disse ainda que “em nenhum momento, a denúncia relata que houve por parte da Presidência da República, seja lá qual for, uma compra direta [de medidas provisórias]”.
Se este fosse um país sério – perdão, mas as coisas chegaram a um ponto que é preciso apelar a De Gaulle – isto seria publicado com grande destaque, porque mostra a absurda politização e a busca de espetáculo no que deveria ser uma investigação séria, por um órgão do Governo, como é a PF.
Um ex-Presidente da República é chamado a depor e o promotor do caso diz, com todas as letras, que não tem ideia do que o delegado quis fazer com isso.
Mas, exceto pelo Valor, nenhum outro jornal a publicou, mesmo tendo sido feita a declaração em uma coletiva.
Não vem ao caso.
Não colabora com a máquina de propaganda que a mídia, deliberadamente, se tornou.
Mostra que todas as versões que os jornais estampam em suas manchetes sobre o suposto envolvimento de Lula são derivações do nada e frutos de uma cavilosa associação entre os jornais e a polícia.
Não há nada, mas tem de haver.
O Brasil está transformado num estado policial-midiático.