O Banco Central acaba de divulgar a sua Nota para a Imprensa sobre o setor externo da economia brasileira.
Pausa para um longo suspiro de alívio.
A nota confirma que os fundamentos da economia brasileira encerraram o ano de 2015 com uma solidez invejável, por incrível que isso pareça para alguém acostumado a seguir o noticiário apocalíptico da nossa imprensa.
O primeiro parágrafo da nota resume bem:
As transações correntes apresentaram deficit de US$2,5 bilhões no mês. No ano, o resultado em conta corrente foi negativo em US$58,9 bilhões, equivalentes a 3,32% do PIB, comparativamente a deficit de US$104,2 bilhões, 4,31% do PIB, em 2014. Na conta financeira, as captações líquidas superaram as concessões líquidas em US$2,6 bilhões, com destaque para os ingressos líquidos de investimentos diretos no País (IDP), US$15,2 bilhões. No ano, a conta financeira acumulou captações líquidas de US$56,7 bilhões, destacando-se novamente os ingressos líquidos de IDP, US$75,1 bilhões.
Segundo a Reuters, é o menor déficit desde o início da série histórica, iniciada em 2010.
O Valor concorda.
Para 2016, o Banco Central espera nova redução do déficit em conta corrente.
Tentando traduzir o economês: a quantidade de dinheiro que, todos os anos, sai do Brasil, em todas as suas formas (remessa de lucros, viagens aos exterior, etc), caiu brutalmente na relação com o que entrou. E tudo foi largamente compensado pelos investimentos diretos, que são os melhores, porque são os voltados para a produção e emprego.
Os investimentos diretos no Brasil totalizaram US$ 75,1 bilhões, ou mais de R$ 300 bilhões. Este número consolida o Brasil como um dos principais destinos globais dos investimentos em negócios e produção, e desmente cabalmente todas as análises coxinhas sobre o “fim do Brasil”.
Podemos fazer a crítica que quisermos ao capitalismo, mas não podemos negar que ele não brinca em serviço. Se os capitalistas estão fazendo investimentos duradouros no país, é porque eles acreditam em nosso potencial econômico.
Durante os cinco anos do governo Dilma, a entrada de recursos na forma de investimentos estrangeiros diretos bateu, de longe, recordes anteriores.
O mundo nunca investiu tanto no Brasil, e falo de investimentos duradouros, destinados à produção, do que durante o governo Dilma.
Mas ninguém sabe disso porque o governo é completamente analfabeto e inerte em matéria de comunicação.
Se o governo soubesse ao menos fazer uns gráficos e mostrar isso à população brasileira…
Mas é demais pedir ao governo que faça um gráfico, quanto mais vídeos, aplicativos, hotsites, animações, memes, entrevistas, etc.
A dívida externa do setor público caiu de US$ 139 bilhões em 2014, para US$ 129,59 bilhões ao final de 2015.
No total (setor público e privado), a nossa dívida externa bruta caiu de US$ 352 bilhões em 2014, para US$ 337 bilhões em 2015.
Alguém poderá constestar: ah, mas o dólar aumentou muito! Sim, mas também temos reservas em dólar. Ou seja, ganhamos ainda mais com as reservas, do que perdemos com a dívida.
Nossas reservas seguem as maiores do mundo: US$ 369 bilhões, ou seja, temos quase 1 trilhão e meio de reais guardados na poupança, que podemos usar para nos defender de qualquer ataque especulativo, sem nos endividar.
Até o fim de 2016, o Banco Central estima que nossas reservas devem subir para US$ 371,53 bilhões.
Outras estimativas feitas pelo BC para 2016:
– os investimentos diretos deverão somar US$ 60 bilhões, menores que os US$ 75 bilhões deste ano, mas ainda assim no topo do ranking mundial (haverá queda no mundo inteiro).
– a balança comercial (exportação menos importação) deverá ser superavitária em US$ 30 bilhões, depois de amargar déficit de US$ 6,6 bilhões em 2014 e superávit de US$ 17,67 bilhões em 2015.